O gosto do vinho ainda ardia em minha garganta quando, diante da garrafa vazia, a janela sem grades se desenhou à minha frente. Estavam lá, cravados no meio das luzes da cidade e em meu peito, montes de sentimentos pedindo para serem libertados.
Feito náufrago em ilhas habitadas por segredos, olhei fundo a taça que trazia na mão direita e o restinho de líquido púrpura refletiu um pedaço de mim que andava soterrado. Num impulso maroto, destes que nos tomam pela vontade de salvação, atirei garrafa e taça pela janela afora .
Inspirei.
Esperei que barulho de meus estilhaços cortassem o silêncio da noite.
Expirei.
O céu visto do décimo andar se fez espaço em branco sem ponto de fuga. Não havia moldura, nem chão... somente um mar estrelado invadindo o desejo de novos desenhos que habitassem meu corpo. Corpo que na incidência entre imagem e realidade, se abriu para acolher as diagonais que atravessam minhas humanidades. Corpo que, na fraqueza, desejou libertar-se da falsa poesia do moço de "hábitos sempre puros" para se mostrar colecionador de inúmeras fragilidades em ebulição. E daí?!
Não tem margens essa liberdade que, simultaneamente, me faz menino de territórios híbridos e homem que dorme desejando mais vinhos e janelas sem molduras.
Imagem: Wolney Fernandes
sexta-feira, 30 de abril de 2010
"Ao infinito e além!"
Com a chegada do Buzz, tá formada a dupla dinâmica!
E não se preocupe Woody!
Tem lugar para os dois no meu quarto.
Foto: Wolney Fernandes
E não se preocupe Woody!
Tem lugar para os dois no meu quarto.
Foto: Wolney Fernandes
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Dois Lados
Para ajudar impacientes como eu
Na fila do banco - Ter o cartão e a conta a ser paga na mão. Não deixar para procurar estes itens (perdidos em bolsa gigante e entupida de trecos) exatamente no momento em que está diante do caixa automático.
No final da escada rolante - Entender que o shopping não é sua casa e que você não é o único que está na escada. Portanto, dar dois passos adiante para, só então, decidir onde irá lanchar pode ajudar quem vem atrás a seguir adiante sem ser atropelado.
No cruzamento sem semáforo - Sinalizar com seta que vai virar à direita/esquerda. É prático, rápido, não dói nada e ainda ajuda o trânsito fluir.
No elevador - A regra é bem simples: esperar as pessoas saírem para, só então, entrar!
Imagem: colagem digital sobre obra de Diego Velazquez.
No final da escada rolante - Entender que o shopping não é sua casa e que você não é o único que está na escada. Portanto, dar dois passos adiante para, só então, decidir onde irá lanchar pode ajudar quem vem atrás a seguir adiante sem ser atropelado.
No cruzamento sem semáforo - Sinalizar com seta que vai virar à direita/esquerda. É prático, rápido, não dói nada e ainda ajuda o trânsito fluir.
No elevador - A regra é bem simples: esperar as pessoas saírem para, só então, entrar!
Imagem: colagem digital sobre obra de Diego Velazquez.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Fotos de Clarice por Alice
sábado, 10 de abril de 2010
Olhares frescos
Sem rabiscos e escritas nos últimos dias, tento multiplicações de mim mesmo. Sem fôlego, chego em casa e me perco em sono partido sem o descanso que meu peito, cabeça e corpo merecem.
Meus desassossegos não me abandonam porque minhas certezas nunca são estáticas. Penso nas responsabilidades e descubro que viver de verdade seria sofrer sem medos. Eu tento deixar o barco ir com qualquer vento, mas não consigo. Timoneiro de penteado arrumadinho, tento navegar para deixar meus cabelos desalinhados, mas minha vontade é estar ocupado com um filme bobo.
Maturidade é isso? Encarar que, na verdade, o mais difícil é se reinventar? Dói ter que sobreviver primeiro para só então, viver. Olho para minhas asas guardadas na gaveta e concluo que preciso de olhares frescos, daqueles que não envelhecem... daqueles que não esmaecem... apesar de tudo o que já viram.
Imagem: Wolney Fernandes
Meus desassossegos não me abandonam porque minhas certezas nunca são estáticas. Penso nas responsabilidades e descubro que viver de verdade seria sofrer sem medos. Eu tento deixar o barco ir com qualquer vento, mas não consigo. Timoneiro de penteado arrumadinho, tento navegar para deixar meus cabelos desalinhados, mas minha vontade é estar ocupado com um filme bobo.
Imagem: Wolney Fernandes
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Aos marxistas de plantão
"Os marxistas sempre operavam na certeza de que, vinda a revolução, seriam os primeiros a se encostar nos quartéis-generais do partido com pranchetas nas mãos. Não dariam conta de lavar uma xícara de café, embora estivessem mais do que dispostos a criticar o fabricante do detergente."
David Sedaris (Do livro "Eu falar bonito um dia")
David Sedaris (Do livro "Eu falar bonito um dia")
ATIÇANDO, DAMOS LOUVORES
Composto por Wolney Fernandes e Odailso Berté.
Da obra "San Sebastian" de Guido Reni
Composto por Wolney Fernandes e Odailso Berté.
Da obra "San Sebastian" de Guido Reni
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