terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Datas marcadas pelas estrelas
Como estariam as estrelas no dia do meu nascimento? Que roupas as pessoas usavam naquela época? Quais as canções que embalaram meus choros de criança? Que acontecimentos foram traçados naquele ano? Que fatos marcaram o mês de junho de 1974?
Dia desses, com aquela vontade de cruzar minha vida com a do meu avô [que nunca conheci] me passei a repetir estas mesmas perguntas em torno do dia que ele nasceu. Comecei a investigar.
O nome Jorge indicava uma data: 23 de Abril. "Naquela época era comum batizar as crianças com o nome do santo do dia". E ninguém tinha dúvidas, afinal cresci aprendendo de minha mãe e parentes que meu avô tinha nascido no dia de São Jorge. O ano ninguém lembrava.
Abri a caixa de papéis deixados por meu avô e o primeiro documento que encontrei foi a certidão de casamento. Supresa nº 1: A data do nascimento era 20 de Abril de 1914. Levei ao conhecimento de minha mãe que pacientemente me explicou que não dava para confiar na certidão de casamento. Ela se lembrava de um arranjo para que as datas de nascimento de meu avô e de minha avó fossem trocadas. Naquele período, o marido não poderia ser mais jovem que a esposa, como era o caso. Então a solução foi colocar meu avô nascido em 1914 e minha avó em 1916. No entanto, nem o dia era o mesmo que minha mãe se lembrava.
Segui remexendo os papéis e encontrei uma escritura cuja data de nascimento do Vô Jorge estava registrada em 23 de Abril de 1911. Confusão total! Continuei a busca até que encontrei sua certidão de nascimento lavrada dois dias depois do fato e a surpresa foi maior ainda: a data correta do nascimento do meu avô é 20 de Junho de 1912.
Junho é o mês que eu também nasci e 2012 é o ano que meu avô faria 100 anos se estivesse vivo. Cruzamentos como estes me fazem pensar que o desenho que as estrelas traçam no céu é capaz de sulcar destinos em nossas mãos e deixar o tempo marcado com linhas misteriosas. Um tempo que não cristaliza os acontecimentos, mas os reconstrói pelo perfume das lembranças. Marcas que aprofundam relações, pois reforçam vínculos identitários espelhados nos objetos e nas histórias de pessoas que precisam ser contadas.
Foto: Wolney Fernandes
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