O balde que ela trazia na mão estava cheio de cajus do cerrado, a roupa toda colorida não lhe escondia a magreza e o cabelo, preso, era ornamentado por fios brancos. Foi assim que aquela senhora entrou no restaurante e, de súbito, foi abordada por uma jovem estudante de prancheta na mão e caneta em punho:
- Eu sou estudante da universidade, estou fazendo uma pesquisa aqui em Pirenópolis e queria saber se eu posso lhe fazer algumas perguntas para a minha pesquisa.
O olhar daquela senhora se empertigou diante da afobação da moça e de uma talagada só, respondeu:
- Posso não! Tenho que vender "meus" caju.
Na mesa ao lado, eu observava a cena com um tanto de curiosidade. Ainda com o riso escapando pelos meus lábios, ao ver a senhora dar as costas para a estudante, aproveitei para perguntar:
- Dona, quanto é o caju?
De cara, consegui que o interesse daquela senhora se voltasse pra mim. Dito o preço, comprei um litro da fruta e a conversa se desenrolou sem muito esforço sobre os cajueiros que ela cultivava no quintal da própria casa e outras particularidades que talvez seriam o conteúdo almejado para dar conta do questionário que a jovem estudante de prancheta na mão carregava.
Foto: Wolney Fernandes
Um comentário:
Tudo é uma questão de abordagem correta, né....se a garota soubesse....rsrs
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