Compro um balão de gás hélio e sento no banco do parque esperando os minutos passarem. Passam por mim dois meninos que me olham sem entender o motivo pelo qual um adulto está ali sentado com um balão colorido nas mãos.
Passa uma mãe levando o filho no colo. Ela retorna quando percebe o interesse da criança pelo balão. Me ignora e balbucia, em língua que só ela e o filho entendem, gracejos e odes à bexiga de gás.
Fico no parque até anoitecer. Por vezes, esqueço do balão e me assusto quando a brisa ensaia danças com ele ao meu lado.
Em determinado momento sou convidado a olhar o céu. Reclamo das luzes da cidade que ofuscam o brilho das estrelas me impedindo de localizar o Cruzeiro do Sul ou as Três Marias.
Minutos antes de ir embora, o fio que prende o balão se arrebenta e ele começa a subir sem rumo, mas em direção a constelações invisíveis. Invejo aquele vôo lento, errante, libertador... movido pela brisa noturna e cujo destino é um céu salpicado de estrelas que, embora ofuscadas pela iluminação urbana, traçam rotas inventivas e riscam desenhos de se perder de vista.
Foto: Wolney Fernandes
3 comentários:
Adorei seu blog.
Descobri por acaso e estou seguindo.
Um abraço!
Oi Nat! Seja muito bem vinda! Fico feliz que tenha gostado do blog!
Bonito texto.
Não lembro como cheguei aqui, mas gosto. :)
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