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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Carta Confessional

Querida Sofia

"Eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você. Guarde um sonho bom pra mim."
Rodrigo Amarante

Sim, eu sei. Já percebi. Voltei a ser confessional. Deve ser influência externa, em mais uma releitura angustiada. Acordei acinzentado. Vontade louca de escrever do lado de cá esses cacos de fantasias. E nem preciso seguir muito longe nos últimos dias para descobrir que me sinto mais feliz quando estou dormindo, já que por lá eu sonho.

Levantei da cama achando tá tudo sem cor. Troquei os lençóis, abri a janela e lembrei daquela ânsia que ficava no peito, aquele desejo de fazer o mundo parar. O mundo não parou, desde então. Hoje estou num daqueles dias de... não quero mais brincar disso, não. É sério. Ontem fui visitado por amigos. Eles tão felizes e apaziguados. Eu, pra variar, em pedaços. Não quero mais sentir medo, mas ele não desgruda.

Não, não, Sofia... não gosto nada de como tudo se prenuncia neste dia cinza. Mas vai passar... deixa estar! Em pé, uma dúvida plantada não me sai da cabeça: Tenho medo de ser feliz? Balanço a cabeça sem encontrar resposta.Você entende né? Não posso me dar ao luxo de ter crises subjetivas quando a realidade bate na porta com ganas de arrombamento. Tenho vontade de dormir até tarde, adiando as decisões. Talvez eu faça isso. Talve eu saia de fininho, no meio da noite, antes que alguém me veja...Nem vou me despedir.

20 de Abril de 2008
Imagem: Wolney Fernandes

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