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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Confissões

Talvez esse não seja um bom momento para confissões, mas que fazer quando se erra no princípio e no depois?

Vivo me repetindo em instantes letivos porque nunca aprendo a deixar os pés no chão. Asas pra voar me carregam em brisas sem direção. Não adianta cortá-las porque elas brotam pelos sopros cumpridos em adorações ditas em noites de lua.

Por minha culpa, minha tão grande culpa deixo de lado as imperfeições poéticas que imaginei para recolher as reais. Aquelas que me colocam em esperas carregadas de eternidades.

Tomara meu desejo de construir confusões e acolher confissões se faça eterno. Desconfio que não, pois eu sei dos meios, mas nunca dos fins.

Foto: Wolney Fernandes

segunda-feira, 18 de abril de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

Perguntas [im]possíveis

Do "Livro das Perguntas" de Pablo Neruda, sete suspiros me beijam incessantemente:

"- A quem posso perguntar que vim fazer neste mundo?
- É verdade que as esperanças devem regar-se com orvalho?
- Por que choram tanto as nuvens e cada vez são mais alegres?
- Como ganhou sua liberdade a bicicleta abandonada?
- De que cor é o perfume do pranto azul das violetas?
- Quantas semanas tem um dia e quantos anos tem um mês?
- Onde está o menino que eu fui? Está dentro de mim ou se foi?"

Imagem de Isidro Ferrer.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Primeiros Fascínios

Em um breve intervalo de tempo, perto da madrugada que é quando a lua quer se fazer sol, começo a notar meus pés se afastarem do chão. E sinto medo. No entanto, aos poucos, entendo que pra dizer de felicidades só é preciso ouvir.

Nos maciços silêncios do branco da página é possível entrever o outro lado. Então, o depois começa a se desenhar em linhas tênues e tranquilas tamanha a transparência revelada pela voz que me fala.

Na ausência de prazos, na certeza em saber que nem tudo o que se quer pode ser alcançado, acolho todos os espasmos do mundo em meu corpo para escutar os ecos de meus primeiros fascínios. E tal como a lua com seu brilho acalentador, sinto uma fonte gotejante de boas sensações.

Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sobre o tempo

O mundo, cada vez mais acelerado, faz a gente querer pular as fases e chegar mais rápido diante do nosso destino. Tudo é feito para a gente não perder tempo. A lei e a ordem do dia é uma só: Corra! Mas todos os dias durmo com uma dúvida: será que existe um bom motivo pelo qual vale a pena essa correria toda?

Nas palavras de Raduan Nassar, um esboço de resposta:
"O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; [...] rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é; [...] pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas..."

Foto: Wolney Fernandes

domingo, 10 de abril de 2011

De coco

"Louco! O bêbado com chapéu-coco fazia irreverências mil."

Texto: Trecho da música "O Bêbado e o Equilibrista".
Sequência de imagens: Charles Chaplin, René Magritte, Ilustração do filme "Laranja Mecânica, Cena do filme Cabaret, Foto capturada em navegações pela internet (sem os devidos créditos, quem souber a autoria, avise-me), Cena do filme Aristogatas, Cholita boliviana, Luminária do meu quarto.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Rabiscos coletivos

Dancei sobre corpos, papéis e carvão em uma tarde de sábado toda desenhada. Para que as margens do papel e do corpo se dissolvam em rabiscos coletivos e experimentais.





Fotos de Eddy Pontes.
Atividade do grupo "Desenha!"

Paisagens doloridas

Acolho meu cansaço e seu desatino num ritual de pensar a vida pela sua brevidade. A morte, quando sentada na cadeira ao lado, rouba da gente os sossegos de antes... de depois... e coloca em nosso colo o agora... urgente e arbitrário.

Ainda dolorido pela paisagem e [o]dores do final de semana, meu choro se converte em palavras.

Ao fazer uma mortalha de palavras, rabisco meu luto pelas perdas de gente que a gente gosta, de tempo, de viços, de esperanças e lembranças. Todas elas.

Foto: Wolney Fernandes

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Poço de desassossego

Sempre que chega o outono, olho para o Wolney que ainda espera o diferente. Do poço do desassossego nenhuma conquista o satisfaz, nenhuma felicidade o acalma.

Foto de Elinor Carucci