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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Baladas de Amor























1. You and Me - Penny & The Quarters
Darren apresenta a música que vai embalar seu romance com Cindy em uma cena do visceral "Namorados para Sempre" (Blue Valentine, 2010). A música é da década de 70, embora ninguém saiba dizer com exatidão o ano em que foi gravada. A banda, Penny & The Quarters, era formada por adolescentes e nunca conseguiu um contrato com uma gravadora.





















2. Come Here - Kathy Bloom
O filme é "Antes do Amanhecer" (Before Sunrise, 1995) quando os desconhecidos Jéssie e Celine decidem passear juntos por Viena na última noite antes de cada um embarcar para seu país de origem. A música acompanha os dois em uma das melhores cenas do filme e a voz triste de Kathy Bloom coloca melodia onde já existe cumplicidade.






















3. If You Want Me - Marketa Iglova & Glen Hansard
Embora a música principal do filme "Apenas uma vez" (Once, 2006) seja "Falling Slowly" (Oscar de melhor canção original em 2008), meu destaque vai para esta balada intimista que também faz parte da trilha. O romance entre um músico de rua e uma vendedora ambulante vividos pela dupla de cantores é um dos mais poéticos do cinema Irlandês.






















4. Fair - Remy Zero
"Hora de Voltar" (Garden State, 2004) é um filme sobre retornos e fala dos redescobrimentos que a volta pra casa pode proporcionar. A relação das personagens de Natalie Portman e Zach Braff toma contornos inesquecívies em uma cena em que ela dança à beira de uma lareira embalada pela belíssima música de Remy Zero. Simples como a vida deve ser.

Imagens capturadas aqui, aqui, aqui e aqui.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Mundo incorreto

Chiclete com sabor de tutti-frutti, cueca só "de perninha" e cinema toda semana. Cena de filme no desktop do computador, cabelos brancos prateando as vistas e dezessete e-mails para responder. Sono à tarde e insônia na madrugada, doces revelando geografias desconhecidas. "Agora" disfarçado de "depois", guarda-chuvas revirados em águas paradas. Trilha sonora sem regras ou estilos específicos, pedra nos rins e livros de arte e de sebo amontoados pelo quarto. Preguiças ao gosto de Manoel de Barros, azedume para lidar com carro e passos de dança cada vez mais pesados. Desenhos e sabores de um mundo incorreto que, aos poucos, me tiram as brisas do parque.

Foto: Wolney Fernandes

domingo, 19 de junho de 2011

Meia-Noite em Paris

Eu sempre achei que havia nos anos 1960 um certo glamour no modo como as pessoas levavam a vida. E poderia enumerar outras tantas épocas de outrora nas quais eu gostaria de viver, principalmente por acreditar que o estilo de vida no passado era bem mais a meu gosto do que agora, no presente. Gil, personagem de Owen Wilson no novo filme de Woody Allen consegue a proeza de realizar esse sonho.

"Meia-Noite em Paris" (Midnight in Paris, 2011) flerta com essa idéia de maneira impecável. O cenário é Paris e a época em questão são os anos 1920, quando F. Scott Fiztgerald, Ernest Hemingway, Pablo Picasso, Salvador Dali e tantos outros nomes conhecidos circulavam por ateliês e cafés da cidade. Insatisfeito com sua profissão como roteirista de Hollywood, Gil está passando ferias em Paris com a família da noiva e em uma noite, misteriosamente, é conduzido ao passado.

Inspirado como nunca, Woody Allen coloca seu protagonista em contato com históricos artistas e faz com que os acompanhemos em situações inimagináveis. Vê-los em confusas histórias de amor, ciúmes e inveja discutindo, displicentemente, temáticas tão conhecidas no presente é um dos pontos altos da película. E tudo narrado de forma simples e descontraída. A cada nova personalidade que aparece na tela, uma surpresa se instaura do lado de cá.

No entanto, o filme não se resume nessa mera ode à nostalgia, mas utiliza de maneira inteligente, o fato de que o passado, assim como o presente, é tão vivaz e mutável que é capaz de alterar nossa forma de entender e nos posicionar diante do mundo e suas questões.

Vale cada gota de chuva (quem assistir entenderá o porquê).


Imagem capturada aqui.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Tatuagens [in]visíveis

Saudades da minha infância eu até tenho, mas aprendi a despi-la daquele sentimento ingênuo que insistia desfiar somente as alegrias de ser menino. Ter 9 anos pode ser bem difícil. Minha preocupação com o infinito parecia não caber no espaço da escola para casa. Minha timidez me fazia esperar mais para experimentar o que minhas vontades ofereciam em uma bandeja. Meu sonho de gente grande era trabalhar em banca de revista e desenhar me ajudava a descobrir os medos que, vez por outra, punham meu peito de castigo.

Que fique registrado: não há aí nenhum lamento. O passado, com essa cara inflexível, se revela bem maleável e mutável a cada vez que o visito. É meu presente e suas contaminações atuando no percurso da vida. Muito de mim ainda reside naquela preocupação com o infinito, mas outro tanto já consegue destampar as vontades entupidas com a rapidez do desejo e seus desmandos. Faço planos de vôo, mesmo nos meus descontroles e improvisos.

Olho no espelho e vejo que tudo que eu sou está encarnado aqui. Tatuagens [in]visíveis desenhadas nas margens mais enigmáticas da vida. Esse enigma que corre o tempo nessa margem incalculável e irredutível gera desejos de que, o tempo (ele de novo!) se apresente em pacotes enfeitados com laços de fita. E é assim que meus olhos entendem, aflitos e felizes, porque aquele menino ainda reside aqui.

Imagem: Wolney Fernandes

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nomenclaturas contemporâneas

Dia desses, pedi um texto para uma das turmas onde dou aula na UFG e quando expliquei a quantidade de caracteres que compõe uma lauda, um dos alunos tratou rapidamente de acalmar a classe, explicando: "Calma gente! São só dez postagens no twitter".

Foto capturada aqui.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Jeito de Existir

Meus erros se desenham em vias paralelas. Minhas besteiras comentam, falam de mim pelas perpendiculares, mas eu sei delas porque toda véspera de aniversário é assim! Me ponho a prestar atenção naquilo que no restante do ano deixo guardado. As vontades de inventar novos chãos engordam e começo a abrir caminhos sem saber da minha própria direção.

Envelhecer realça peculiaridades de um olhar que considera o passado no traçado de planos futuros. Se antes as estações me pareciam embaralhadas, agora já consigo perceber as nuances desse vento de outono que chama, de mansinho, o inverno. Embora não tenha escolhido uma vida com décimo terceiro, vez por outra é ela que me garante risos fáceis. Vez por outra, é ela que me furta o viço.

E sigo assim, vacilante entre as bobagens e as obrigações típicas desse mês de junho. Um pobre atormentado descobrindo seu jeito de envelhecer. Um pobre atormentado desenhando seu jeito de existir.

Foto: Wolney Fernandes