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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Encontros e Desencontros

A cena final de "Encontros e Desencontros" (Lost in translation, EUA, 2003) já nasceu clássica: um sussurro entre os personagens principais, inteligível a quem assiste o filme, é a pura tradução da cumplicidade construída entre os dois protagonistas durante a história.

Charlotte (Scarlett Johansson) e Bob (Bill Murray) experimentam solidões particulares em meio a uma Tóquio de neóns e agitações que, a princípio, parece não afetá-los. O encontro dos personagens em uma madrugada insone preenche com sentidos o vazio que a dupla partilha diante de suas vidas, até então, insípidas e incolores.

Ela, em sua juventude, vigor e beleza é o mundo que ele deseja habitar. Ele, com sua experiência e inteligência é o universo que ela deseja possuir. E assim, silêncios são partilhados em uma narrativa brilhantemente orquestrada por Sofia Coppola. Em um jogo de antíteses, completudes são construídas na relação carinhosa que parece alimentar a vontade de movimentar suas vidas, até ali, estáticas.

O filme termina, mas seu gosto saboroso permanece latente no modo como nos faz refletir sobre tantas coisas como solidão, silêncio, identidade, escolha, vontade e projeto de vida. Aquele sussurro do final, citado no início da postagem, parece ressoar em nossos ouvidos como uma melodia, cujos acordes repetem sem cessar "it's good, so good, it's so good!".

Imagem capturada aqui.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem esperas

Na descida do elevador encontro o velhinho do 12º andar. Cabelos brancos, camisa engomada, calça presa por um cinto lustroso e garboso. Na mão um guarda-chuva e do lado uma mala denuncia seus planos de viagem.

Ele me lança aquele olhar de puxar conversa e sem responder direito meu cumprimento já dá um salve à chuva que cai torrencialmente lá fora. Pergunto se ele vai aproveitar o período das festas de final de ano e ele responde com todo gosto: "Estou indo para o norte, visitar filho e netos".

O elevador chega ao térreo e eu, todo solícito, me prontifico para ajudá-lo com a mala. Educadamente ele faz um sinal com a mão e já emenda puxando a bagagem pela escada afora: "Já enfrentei o pós-guerra e não vai ser a 'porra' de uma mala que vai me impedir de descer estas escadas. Meu filho já sabe: nada de me pegar no aeroporto. Gosto de fazer tudo sozinho. Me sinto útil".

Já na calçada, junto a uma piscadela, completa em tom de brincadeira: "Não se preocupe, não! Eu sou um velho que fala o que pensa. A idade permite". O táxi o espera e antes que o motorista o ajude com a bagagem ele já está dentro do veículo. "Bom Ano Novo pra você!" - diz pra mim enquanto coloca o cinto de segurança.

Retribuo com um desejo de boa viagem e abro meu guarda-chuva. Sem olhar para os lados, atravesso a avenida já invejando aquela velhice desbocada e sem esperas em aeroportos.

Foto de David Meyer. Achei aqui.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Lista de Instantes - Parte 2

No total foram 62 filmes em 67 sessões de cinema. Cinco sessões foram dedicadas a tramas que me marcaram com aquela vontade de ver de novo. E sim, além de registrar os filmes que assisto no cinema eu vejo o mesmo filme mais de uma vez (protocolado meu atestado de nerd). Na continuação da lista dos instantes musicais, cinematográficos e literários de 2010 faço desta postagem um simples painel para mostrar as produções em listas bem particulares. Continua valendo a premissa de que nem todos os filmes mostrados aqui foram produzidos em 2010, mas foi neste ano que eu vi cada um deles. Vamos lá? Agora é só desligar o celular. A sessão já vai começar.

Os melhores filmes do ano:
1. Avatar
2. Direito de Amar
3. Preciosa
4. A Origem
5. Toy Story 3

Os melhores filmes que ninguém viu:
1. As melhores coisas do mundo
2. Flor do Deserto
3. Mademoiselle Chambon
4. Onde vivem os monstros
5. Mary & Max

Constrangimentos do ano:
1. Oscar de melhor filme para "Guerra ao Terror"
2. Começo, meio e fim de "Eclipse"
3. A refilmagem cheia de mudanças ruins de "A Fúria de Titãs"
4. Jim Carrey com suas caras e bocas (de novo!) em "O Golpista do Ano"
5. A trama chata e sem noção de "Coincidências do Amor"

Cenas inesquecíveis:
1. Os brinquedos de mãos dadas para encarar a "morte" em Toy Story 3.
2. Fergie cantando "Be italian" em "Nine".
3. A sequência de abertura de "Bastardos Inglórios"
4. Precious assumindo diante da professora que tem o vírus da Aids em "Preciosa".
5. A cena final do elfo Dobby em "Harry Potter e as relíquias da morte - 1"

Os cartazes mais incríveis do ano:
1. Preciosa
2. Abraços Partidos
3. Ervas Daninhas
4. Besouro
5. Onde vivem os monstros

Imagens de cair o queixo:
1. O visual de "Tron, o legado"
2. O efeito de biolumescência da flora em "Avatar"
3. O plano-seqüência  no estádio de futebol, em "O Segredo dos seus olhos"
4. A rua inteira se dobrando em "A Origem"
5. Alice entrando no país das Maravilhas em "Alice no País das Maravilhas"

Personagens inesquecíveis:
1. A Julia Child de Meryl Streep em "Julie & Julia"
2. A Waris Dirie de Liya Kebede em "Flor do Deserto"
3. A Hit Girl de Choë Moretz em "Kick-Ass"
4. A mãe da Precious de Mo'Nique em "Preciosa"
5. A Rainha Vermelha de Helena Bonham Carter em "Alice no País das Maravilhas"

Os filmes que me fizeram escrever:
01. Mademoiselle Chambon
02. Mary & Max
03.Onde vivem os Monstros
04. Preciosa

Extra: Grey Gardens

Imagem capturada aqui.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Origens

Quanto mais me distancio dos anos de menino, mais eu gosto de me aproximar daquele tempo de aprendizados em galhos, trieiros e rio.

Desse modo, atualizo os repertórios de antes e, com eles, provoco inquietações de agora. Transito pelo avesso dos sentidos em desarranjos possíveis e proclamo com F. Ponge que "nossas origens fazem parte de nossa originalidade".

Foto: Rosi Martins

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Lista de Instantes - parte 1

Pelo prazer de fazer listas costumo assinar meu "atestado de nerd" com todas as letras. Por elas, sou Rob Gordon de Alta Fidelidade com aquela mania de pensar a vida através de enumerações listadas em cinco tópicos (adoro!). Junte férias + final de ano e o cenário para brotar listagens variadas está completo. O que apresento aqui é um passeio pelos instantes cinematográficos, musicais e literários deste ano. Ao todo serão três postagens, uma para cada tema. Esta primeira, sobre música, não apresenta somente produções deste ano, mas se estão aí é porque tive contato com elas em 2010. Não deu pra resistir e, apesar de não servirem para nada, as listas registradas nesta postagem são pura diversão em noites de segunda.

As músicas internacionais de todas as playlists do ano:
1. Fuck You - Cee Lo Green
2. I am You - Kim Taylor
3. Inside these lines - Trent Dabbs
4. Everything to lose - Dido
5. Empire State of Mind - Jay Z e Alicia Keys

As músicas nacionais de todas as playlists do ano:
1. O tal casal - Vanessa da Mata
2. Cocada - Roberta Sá e Trio Madeira Brasil
3. Dois - Tiê
4. A Cor do Desejo - Ney Matogrosso
5. Perfeição - Leila Pinheiro

As trilhas sonoras de filmes de 2010:
1. Your heart is as black as night - Melody Gardot (Do filme "Educação")
2. Time - Hans Zimmer (Do filme "A Origem")
3. Swimming - Abel Korzeniowski (Do filme "Direito de Amar")
4. Eclipse (All Yours) - Metric (Do filme "Eclipse")
5. This land is your land - Sharon Jones (Do filme "Amor sem escalas")

Os refrãos mais grudentos:
1. Love the way you lie - Eminem e Rihanna
2. Crossfire - Brandon Flowers
3. Shine Yellow - Mallu Magalhães
4. Waka Waka - Shakira
5. I need you Now - Lady Antebellum

As versões de Glee que superaram as originais:
1. Bust Your Windows - Mercedes (Original com Jasmine Sullivan)
2. Gold Digger - Will e elenco (Original com Kanye West e Jamie Foxx)
3. Defying Gravity - Rachel e Kurt (Original com elenco da Broadway)
4. Safety Dance - Artie (Original com Men Without Hats)
5. Stronger - Finn, Artie e Puck (Original com Britney Spears)

As músicas que me fizeram dançar pela casa afora:
1. Please don't leave me - Pink
2. Little Toy Gun - Honeyhoney
3. Believe Again - Ronan Keating e Paulini
4. Marry You - Bruno Mars
5. Only Girl - Rihanna

As músicas que ninguém conhece:
1. Busy (for me) - Aurea
2. Helele - Velile & Safri Duo
3. Jimmy - Moriarty
4. Feather in the Wind - Susie Suh
5. Undisclosed Desires - Muse

As músicas do passado em versão 2010:
1. Crystalised - Gorillaz (Original com The XX)
2. Take on me - Graziella Schazad (Original com A-ha)
3. Fake Plastic Trees - Amanda Palmer (Original com Radiohead)
4. Se enamora - Tiê (Original com Balão Mágico)
5. River Deep, Mountain High - Santana e Mercedes (Original com Tina Turner)

Os clipes marcantes:
1. Maybe - Ingrid Michaelson
2. All the lovers - Kylie Minogue
3. The Only Exception - Paramore
4. Alejandro - Lady Gaga
5. Secrets - One Republic
6. Bônus: Telefone - Ximbica

Imagem capturada em http://blogcharmosa.wordpress.com/2010/01/17/raridade-lp-do-cat-stevens/

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Conexões Possíveis

Imagens molhando guarda-chuvas na piscina.

Chuva de garfos fluorescentes.

Mensagem de amor caindo pela escada afora.

Imagens capturadas em produções variadas no evento do "Conexão Samambaia".

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dos inícios e das vontades de escrever

"Escrevo com as mãos atadas. Na concretude imóvel do meu quarto, de onde não saio há longo tempo. Escrevo sem poder escrever e: por isso escrevo."

[Do início do livro "A Chave de Casa" de Tatiana Salem Levy]


"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. Que ninguém se engane, só consigo simplicidade através de muito trabalho. Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever."

[Do início do livro "A hora da estrela" de Clarice Lispector]


"Não sei ao certo por que o incidente banal desta tarde acabou provocando em mim a vontade de lhe escrever. O fato é que, desde que nos separamos, o que mais me faz falta, acho, é chegar em casa e ter a quem contar as curiosidades narrativas do meu dia, do jeito como um gato às vezes larga um camundongo aos pés do dono, as pequenas, modestas oferendas com que os casais se brindam, depois de revolver quintais diferentes."

[Do início do livro "Precisamos falar sobre o Kevin" de Lionel Shriver]


"Eu tenho que achar um lugar para esconder as minhas vontades. Não digo vontade magra, pequenininha, que nem tomar sorvete a toda hora, dar sumiço da aula de matemática, comprar um sapato novo que eu não aguento mais o meu. Vontade assim todo mundo pode ver, não tô ligando a mínima. Mas as outras - as três que de repente vão crescendo e engordando toda vida - ah, essas eu não quero mais mostrar. De jeito nenhum. Nem sei qual das três me enrola mais. Às vezes acho que é a vontade de crescer de uma vez e deixar de ser criança. Outra hora acho que é a vontade de ter nascido garoto em vez de menina. Mas hoje tô achando que á a vontade de escrever."

[Do início do livro "A bolsa amarela" de Lygia Bojunga]

Imagem capturada em http://www.flickr.com/photos/sammybear/2389241123/

domingo, 12 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Se me aborrece o dia

Se me aborrece o dia, leio gibi ao invés de tese, cochilo no sofá "ouvindo' sessão da tarde, esqueço o celular no fundo da gaveta do guarda-roupa e faço seleção de música pra ouvir no carro.

Se me aborrece o dia é porque me lembro que não fui ao México, que a semana parece não ter fim e que os fins se mostram doloridos.

Se me aborrece o dia, há sempre o sábado de passeios pelo Centro e o domingo de cinema e preguiça.

Se me aborrece o dia, às vezes me faço soluço... outras vezes me faço silêncio.

Foto: Wolney Fernandes

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

De lápis de cor e Marlon Brando

Na mesa de desenho, perdido entre rabiscos com lápis de cor e passos de tango com Marlon Brando.

Foto: Wolney Fernandes

domingo, 5 de dezembro de 2010

Quarteto do mal

Dos vilões Disney que eu adoro odiar:



Malévola (A Bela Adormecida, 1959)



Cruela Cruel (101 Dálmatas, 1961)



Úrsula (A Pequena Sereia, 1989)



Scar (O Rei Leão, 1994)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Meus 14 chicletes

Hoje, depois da aula, voltei pra casa assim: 14 chicletes nas mãos e o peito repleto de inúmeras alegrias. É por absurdos assim que ainda vale a pena!

Foto: Wolney Fernandes

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tempo para nada


Quando me bate essa vontade incontrolável de desenhar eu já sei que os dias, as horas e semanas estão ocupando minhas mãos e meus olhos com apertos no tempo e no peito. Em um suposto ensaio daquelas avaliações [des]necessárias de final de ano, olho para este último semestre e sentencio: "Foi difícil!"

Minha eterna vocação para "o jogo do contente" diz que a parte boa dessa sentença é que ao mesmo tempo sou réu e juiz nesse julgamento sem cabimentos. A justificativa desse olhar lançado por cima do ombro àquilo que já passou é motivada pelas feridas e atravessamentos que ainda latejam por aqui. É cansativo ficar falando só das bonanças, pois aprendi que pelas angústias e insatisfações os movimentos se mostram possíveis.

Se por um lado a hostilidade no ambiente de trabalho põe a prova algumas de minhas convicções, por outro, quero cada vez mais não estar convicto de nada. Se a solidão sempre foi minha companheira, descubro que algumas [in]visibilidades que ela suscita tendem a me incomodar.

Ao arranjar trabalho para preencher o final de semana, me certifico de que essa vontade de desenhar faz pensar que sou feliz justamente quando tenho tempo para nada(!)

Imagem: Wolney Fernandes

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Excessos do Luiz

"Afinal, o que querem as mulheres?" é Luiz Fernando Carvalho em sua jornada solitária pela reinvenção de uma estética para a TV. A série conta com uma direção de arte que inebria os olhos pelos excessos estendidos em caleidoscopias de Fellini e chiclete. A saber: “Estamos todos presos do lado de fora de um abraço”.

Pra quem ficou curioso/a, é só conferir no Youtube.

domingo, 28 de novembro de 2010

Fragmentos de realidades

Minha última postagem de novembro são fragmentos de realidades recolhidos por um olhar que não pára nunca:

1. Enquanto a condução não vem e o sinal verde não acende, uma moça chora sozinha recolhida no canto do assento do ponto de ônibus.

2. Minutos depois da partida, uma rosa vermelha cai do buquê e permanece esquecida no estacionamento do aeroporto.

3. Pelo retrovisor, o sorriso do motorista do carro de trás denuncia alegrias contidas em mensagem no celular que ele encara atentamente.

4. A desconhecida atendente da cantina não percebe minha tentativa em demonstrar simpatia depois de uma semana difícil e diz em tom confidencial: "Você é uma pessoa que transmite alegria!"

5. Entretidas em dividir o mesmo fone, as namoradas se beijam embaladas por uma música que só elas podem ouvir.

6. O porteiro cochila tranquilamente sem perceber que o carteiro hesita entre acordá-lo ou sair de fininho sem fazer barulho.

7. O pai atravessa a faixa de mãos dadas com a filhinha. Os dois conversam animadamente como dois adultos enquanto eu decido se me adianto ou se diminuo o passo para ouvir o restante do bate-papo.

8. A moça rasga o papel exatamente na dobra que ela vincou e segue até a fila do caixa deixando o pedaço branco sobre a mesa. Ao ocupar o lugar dela, começo a desenhar as flores que enfeitam o tecido da blusa que ela veste.

9. Ouço a música "You look like an angel" enquanto caminho pelo centro e decido registrá-la em uma postagem.

Imagem: Wolney Fernandes

sábado, 27 de novembro de 2010

Nota de rodapé

Nota de rodapé para cabeceira da cama: "Ludibriar o tempo para repousar em preguiças e delícias de todo dia".

Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 23 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Contrastes coloridos

Quando o céu anoitece em contrastes, o colorido pinta de poesia o olho da gente.

Foto: Wolney Fernandes

sábado, 20 de novembro de 2010

Felicidades de verdade e risco

Era 08/08/2008. Lembro porque foi o dia da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequim. Espalhados pela mesa estavam o retrato de Frida Kahlo, a camiseta verde e uma vontade grande de presentear.

Pintei aqueles desejos, ainda envolto pelos florescimentos do encontro. Amava a possibilidade de, naqueles traços, colocar toda a simplicidade de um sentimento bom que nascia tímido, mas que riscaria novos mundos, dobraria mapas e construiria istmos.

Dali em diante, entre amor absoluto e outros contingentes, foram várias camisetas pintadas numa equivalência simbólica a emblemas que tocavam o coração do lado de fora e de dentro do peito.

Pintava camisetas coloridas para fazer tocar uma música que, imaginada eterna, silenciaria nas veredas que eu mesmo atravessaria. Pela primeira vez fui amado por aquilo que não sabia que tinha. Porém, pelas minhas marcas enigmáticas que interrogam e acossam, me vi soprando para longe, sem explicações cabíveis, o que antes era sonho e desejo.

Nesta semana, recebi de presente duas camisetas pintadas com as cores e as dores que eu mesmo ajudei a realçar. Junto delas, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã ou em dias incertos, aquela vontade de [re]conhecimentos e enfrentamentos.

Por elas, traçada pelo outro entre abraços partidos, ao contrário do que foi dito, uma certeza: sou eu quem precisa de orientação para me firmar em felicidades de verdade e risco.

Mais ou menos assim:



Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Norah e Eu

Desde 2002 mantenho um caso de amor com Norah Jones. Seu timbre marcante, seu tom intimista e até uma certa timidez que embala suas performances me arrebataram desde a primeira vez que ouvi "Come away with me".

Com apenas 23 anos quando lançou seu primeiro disco, ganhou 7 Grammys - entre os quais o de melhor álbum do ano e artista revelação. Sucesso de crítica e de público, de lá pra cá, os laços desse caso de amor ficam mais fortes a cada álbum. Não há uma playlist minha que não tenha uma música da moça.

Embora "Come away with me" ainda seja meu favorito, Norah já lançou mais 4 discos e o último "...Featuring" perfumou meus ouvidos desde a última sexta-feira e embalou todo o meu final de semana. Para marcar os melhores momentos dos acordes sutis que me atravessam desde 2002, segue uma lista das minhas músicas preferidas de cada CD:

1. Álbum "Come away with me" (2002)
Melhor música: Turn me on

2. Álbum "Feels like home" (2004)
Melhor música: The Prettiest Thing

3. Álbum "Not too late"
Melhor música: Rosie's Lullaby

4. Álbum "The Fall"
Melhor música: Young Blood

5. Álbum "...Featuring Norah Jones"
Melhor música: Here we Go

A sutileza com a qual a voz da moça flerta comigo mantem acesa minha vontade de ouvi-la pela madrugada afora. Bem baixinho, só eu, ela e a lua.

Imagens capturadas em www.norahjones.com

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Torre de Babel

01. Tempo e memória - Katia Canton
02. Exercícios do olhar - Carmen S. G. Aranha
03. O convidado surpresa - Grégoire Bouillier
04. Arte como experiência - John Dewey
05. Rumores discretos da subjetividade - Rosane Preciosa
06. A tabuada da bruxa - Goethe
07. Diálogo - Desenho - Márcia Tiburi e Fernando Chuí
08. Outra volta do parafuso - Henry James
09. Não me abandone jamais - Kazuo Ishiguro
10. Mexicana: Vintage Mexican Graphics - Jim Heimann
11. Extremamente alto e incrivelmente perto - Jonathan Safran Foer
12. História e imagens - Eduardo França Paiva
13. A arte de produzir efeito sem causa - Lourenço Mutarelli
14. O Artífice - Richard Sennett
15. O fazedor de velhos - Rodrigo Lacerda
16. Quero minha mãe - Adélia Prado
17. Lendo imagens - Alberto Manguel
18. Snoopy: primeiro de Abril - Charles M. Schulz
19. Snoopy: extraordinário - Charles M. Schulz

Foto: Wolney Fernandes

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sossegos enluarados

Ontem à noite, ao desligar a luz do quarto, vi uma luminosidade estranha refletida na parte superior da cama onde fica o travesseiro. Meus olhos caminharam janela afora até se depararem com a lua no canto do céu.

Ali, deitado sob a luz do luar, a agitação de dia inteiro me pareceu distante e apagada pela claridade fosca que a lua estendia pelo meu quarto.

Por descobrimentos [impre]visíveis, adormeci pensando que em madrugadas enluaradas os sossegos dormem mais perto da gente.

Hoje, os amanhecimentos foram embalados pela lembrança dessa música aqui.

Foto: Wolney Fernandes

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sobre guarda-chuvas, ventanias e paisagens corrompidas



Em Pingos e Pigmentos


Em surrealismos de Magritte.



Em instalações de Sam Spencer


Nas mãos de vilãs clássicas da TV


Em rabiscos de qualquer hora


Em pinceladas de Monet




Em clipes de cantora pop


Nos quadrinhos de Maurício de Souza


Em inspiradas decorações


Em ventanias pelo cerrado


Em assinaturas carimbadas

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Foda-se!

Meio de semana;
Aula desmotivada embalando performances constrangedoras;
Distâncias descritas em comparações tardias;
Trabalho sem surpresas;
Compulsão quase mórbida por preguiças;
Cheiro de cigarro invadindo as narinas;
Fogo adolescente entorpecido e entorpecendo;
Alergia e pó desconhecendo uma trégua;
Coldplay para os momentos fáceis;
Xixi na madrugada e pesadelos na cozinha;
Gorduras ditando um cardápio sem sabor;
Delírios de consumo aumentando os dias do mês;
Bancas e avaliações acadêmicas;
Cabelo gerando discórdia generalizada;
Pneu furado;
Retorno frustrado;
Apertos monopolizando o quarto;
Vontades reprimidas;
Lágrimas apressadas e apertadas;
Janela fechada para dormir;
Conversas invadindo vontades de silêncio;
Para tudo isso e mais um pouco: FODA-SE!

Imagem montada à partir de desenho capturado em http://blogs.seattleweekly.com/author.php?author_id=475

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Guarda-Chuva Vermelho



Guarda-chuva vermelho para caminhos de chuva, paradas de sol e chuviscos diagonais.

Fotos: Gardene Leão