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domingo, 20 de dezembro de 2009

Mapeando sonhos guardados

Sempre quis apanhar meus sonhos num gesto lento e exato. Segurá-los por entre os dedos na esperança de não perder nenhum deles. Nem aqueles de outrora, nem os que virei a ter um dia. Mas sonhos guardados não florescem, precisam de liberdades para transmutarem-se em realidades.

Há tantas possibilidades, ou então, muitos redemoinhos e atalhos para mapear meus sonhos guardados e, ainda assim, percorro sempre o mesmo caminho. Será hora de me perder?

Imagem de Natália Lotti da exposição coletiva “Transmitindo Traços” da Galeria da Escola de Belas Artes/UFMG.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Passageiro das Minas Gerais

Belos Horizontes das ladeiras de montanha russa;
Dos artesanatos de 40 reais;
Das rosas esquecidas em garrafas de plástico;
Das cores pulsantes dos Irmãos Lumiére;
Das camisas de tamanho único;
Das fotonovelas em feiras de antiguidades;
Das "risaiadas" em madrugadas sem fim;
Dos piqueniques no quarto, regados a vinho servido em copos e conversas descartáveis;

Imagens: Wolney Fernandes

Respigando músicas

Para embalar as noites de dezembro:

Música - Mercy
Artista - Duff
CD - Rockferry

Música - Relator
Artista - Peter Yorn e Scarlett Johansson
CD - Breakup

Música - 24-25
Artista - Kings of Convenience
CD - Declaration of dependence

Música - Shine
Artista - Laura Izibor
CD - Let the Truth Be Told

Música - Bookends
Artista - Simon & Garfunkel
CD - Trilha sonora do filme "(500) days of summer"

Decreto nº 12.955

Quando eu morrer, "se o mundo não se acabar", quero silêncios sinceros, daqueles que não permitem publicações em sites e nem conjecturas a respeito das previsões sobre minha própria morte. Cessem textos de despedidas em orkut e caçadas por boas imagens de mim.
Que as homenagens póstumas se antecipem para que o agora não se perca no depois...

Imagem: El maestro de escuela, 1954 (René Magritte)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

Embalos de Sábado à Noite

Na festa do EmbalaEu:

- Meninos com cravo na lapela
- Meninas com rosa no cabelo
- Azuis de crepom escorrendo do céu
- Vozes femininas cantando giros de roda
- Esfirras com gosto de tapioca
- Rabeca e pandeiro massageando pés cansados
- Redes embalando preguiças de um sábado com chuva

Foto: Laila Loddi

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Com o que não dou conta

Querida Sofia,

Afloram em mim sentimentos variados: desejo de conversar com desconhecidos/as, medo de expressar minhas indignações mais pueris, euforias instantâneas, vontades de tatuagem, insatisfações de espelho... Não sei o motivo da confusão. Melhor é não saber o motivo e não iludir-me de que elaborações acerca deste emaranhado de sensações possam me tirar desse lugar de estranhamento que me encontro.

Lembrei de um tempo em que meu ofício era tentar ser outra pessoa e camuflar meus sentimentos. Antes, saber das minhas angústias era motivo suficiente para fechar os olhos e ignorá-las. Hoje, ainda gritam medos e buracos, mas a vontade é fazer um filme do olhar que me prende às minhas próprias ausências. Voar para longe com asas impulsionadas com o que não dou conta.

Quer voar comigo?
Beijos de sempre.
Wolney

Imagem capturada em http://jsexson.blogspot.com/2008/07/swooshing-angel-wings.html

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

EmbalaEu

Convite para a festa "EmbalaEu". A idéia é dançar a noite toda ao som de sambas cantados só por mulheres.

Sr. Volante

Em Goiânia, ou você garimpa paciências em cada rotatória ou você se transforma no Sr. Volante.

Imagem capturada em http://ogrices.blogspot.com/2009/02/o-rio-de-janeiro-continua-caspita-que.html

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cartografias Sentimentais*

Cartografia em 8 sentidos.


Minha cartografia de afetos

Vejo, ouço, penso, desenho, imagino, escrevo e re-escrevo... solitariamente ou em grupo. Traço em qualquer restinho de papel, apreendendo as idéias e carregando comigo o mínimo delas para que me ajudem a cartografar experiências variadas. Imagens/escritas delineam espaços sem medidas e (re)criam tempos de afetos variados. Mapas que tencionam acessos e geram novos modos de ver e sentir.

(*) Suely Rolnik
Imagens: Wolney Fernandes

Na fila

Para saborear com os olhos, antes de ir para a estante.

Foto: Wolney Fernandes

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Orfandade

Da última vez que tentei, não consegui. E senti vergonha. Qual será o castigo para um filho que não lembra mais o rosto do pai? Tento, por vezes, me redimir e invento traços que definam aquele rosto... que definam aquele pai de 18 anos atrás.

De herança ele deixou o furo no queixo, a viola que ele amava e um avô que eu passei a conhecer depois que ele se foi. Minhas invenções buscam preencher os espaços em branco que a memória teima em deixar. Esboço seu rosto inúmeras vezes, mas as linhas inventadas por mim, ruidosamente tropeçam em minhas próprias feições: rosto sisudo, queixo retraído... calado.

Confesso seu nome inúmeras vezes diante de meus esquecimentos, mas nunca sou perdoado. Lembranças em banho-maria, os rabiscos melados de mim e oportunidades para o silêncio.

[...]

Na imagem do meu pai, as cores da vida e as dores da morte se confundem. Talvez por isso, ainda seja tão difícil.

"Pai, minha invenção de você foi um fracasso. Mas se tivesse dado certo, talvez eu não me sentiria tão órfão agora".

Imagem: Wolney Fernandes

Com Deus

Trecho de "Persépolis" de Marjane Satrapi.

"No início era o nada. Não é nada fácil de imaginar. Você tem de esquecer o que existe hoje. [...] Para ver o início das coisas você tem de deixar muita coisa de lado, inclusive sua mãe. E o que sobra? Deus e eu. [...] Deus e eu não somos tanta coisa assim. Somos bem menos do que você pensa. Somos aquela brisa que sopra a noite inteira em torno da Terra. Somos uma chuva seca. [...] Só isso. Seja como for, no início, nos estávamos lá. Era o nada, mais Deus, mais eu - e dois banquinhos para a gente se sentar."

Do livro "A Criação" de Bart Moeyaert da CosacNaify

Tirinha do Laerte.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dúvida

"O que será que posso, mas não faço?
E deixo-me morrer em agonia."

Da música "Cicatrizes" da Joanna.
Imagem: Wolney Fernandes

domingo, 1 de novembro de 2009

Cubismos matutinos

Querida Sofia!

Hoje acordei pensando em limites. Em como esse blog é uma grande fantasia inventada para me caber. Odeio quanto acordo e ainda é o dia anterior. Já sentiu essa sensação? Acordar cedo e perceber que o ontem permanece em seu olhos avermelhados, com inchaços que cabem todos os afazeres do dia que se foi?

Em manhãs assim, só consigo enxergar meus cubismos diante do espelho. Sempre soube que imperfeições me atraem, mas sei também que as assimetrias, além de compor meu ideal de beleza, estão sempre expostas quando me vejo refletido ou retratado.

Tenho medo porque a sensação é que através daquele reflexo a imagem de quem sou se revela em sua totalidade. Um Dorian Gray refletido às avessas. Até gosto quando sinto medos revirando meu âmago, mas não é fácil lidar com uma dor de barriga que vira dor de alma.

Pra acalmar, desvio os olhos, sento diante do computador e escrevo. E logo eu, que seria capaz de demorar uma vida inteira no olhar.

Você já sabe todo o resto.
Beijos Picassianos!
Wolney

Imagem: Detalhe da obra "Moça diante do Espelho" de Pablo Picasso.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Disco

Transformando discos em painéis.

Imagem do painel para a Festa à Fantasia da CAJU

Das avós, teorias terminadas em "ão"

"Manga com leite não se dão.
Banho depois da comida causa congestão.
Sangue fica ralo com caldo do limão.
Fruta fria(?!) durante o resfriado? Não!"

Imagem garimpada na internet. Infelizmente sem referências autorais.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Em dias de alegrias

Em dias de alegrias: biscoito de queijo no café da manhã, um livro amarelo cheio de imagens pronto para ser aberto, os meus pés descalços no encosto do sofá, recados bordados de saudades na tela do computador, vento travesso entrando pela janela, canções roubadas embalando minhas preguiças, cinema no fim da tarde, sono desprovido de despertadores para o dia seguinte.

Imagem capturada em http://www.omorte.blogspot.com/

Quadrinhos e Quadrões

Perdido nas esquinas de Mondrian.

Imagem capturada em http://lh4.ggpht.com/_IxrzViTqGRk/SqqBNqMbhfI/AAAAAAAAArg/Jsgg0OELCDw/cvaksberg03.jpg

domingo, 25 de outubro de 2009

Paisagens onde o tempo repousa

Quando, no abandono de uma casa semi-demolida, os olhos encontram paisagens onde a tempo repousa.
De dentro dela transbordam dores pelas alegrias vividas... mas ausentes.
Do lado de fora, o silêncio desnuda exteriores marcados por eternidades presentes.

Foto: Wolney Fernandes

Cinco de lá. Cinco daqui.

01. Maybe - Ingrid Michaelson
02. Close - Pete Yorn
03. A Cold wind will blow through your door - Bill Ricchini
04. I Look to You - Whitney Houston
05. Find my way back home - Priscilla Ahn
06. Todo - Renatho Mota
07. Vagalumes - Paula Fernandes
08. Como um menino - LS Jack
09. Hei de voltar pro Sul - Mônica Tomasi
10. 10 minutos - Ana Carolina

Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/icm/

[Re]inventando sentidos

Há textos para sentir, canções de saborear, gostos de traduzir sensações, perfumes que brilham ao olhar e imagens que gritam silenciosamente, prenunciando véspera de feriado alongado de sol.

Imagem: Wolney Fernandes

Paisagens perfumadas de azul

Mergulhado em paisagens perfumadas de azul-portinari, descobri: os cheiros tocam os acordes do corpo inteiro.

Imagem: Painel de Cândido Portinari. Imagem capturada em http://www.victoryhoteis.com/img/galeria/atrativo/atrativo_painel.jpg

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Toda Nara

Consegui toda a discografia da Nara Leão.
Porque doçura nunca é demais.

Imagem: Montagem com as capas dos discos da Nara.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Escrituras cotidianas

01. No banheiro masculino da Faculdade de Artes Visuais:
"O arqueiro que ultrapassa o alvo, falha tanto como aquele que não o alcança." (Montaigne)

02. No quadro de respostas de uma enquete feita no Shopping Flamboyant:
"Pergunta - O que é sustentabilidade?
Resposta - É o que nos sustenta pela bilidade."

03. Em um pedaço de papelão jogado na rua 04:
"O amor é bonito como uma flor, basta um pouco de calor."

04. Na contracapa de um livro garimpado no sebo:
"E pra dor da solidão o alívio custa mais a chegar."

05. No muro da quadra atrás do meu prédio:
"Preenchendo o vazio que tanto me incomoda"

Foto: Wolney Fernandes

domingo, 18 de outubro de 2009

Sonho em preto e branco

Tudo à minha volta era preto e branco. A catedral majestosa se erguia em linhas góticas. Enquanto meus olhos contemplavam sua altura, o barulho da feira que acontecia estranhamente dentro da igreja me induzia a caminhar entre os/as feirantes. Apesar de ser a única pessoa colorida, a multidão não me notava, pois sua única preocupação era o ofício do comércio.

Caminhar entre os/as transeuntes era bem fácil, os feixes de luz branca que entravam pelos vitrais desbotados deixava tudo claro demais. Pelo cenário surreal eu logo percebi que estava em um sonho, mas isso não me abalou. Continuei caminhando.

Foi então que minha avó Cecília, mãe da minha mãe, surgiu na multidão. Diferente daquela imagem curvada e idosa que eu trazia na lembrança, ela apareceu altiva e jovem. De cabelos presos num rabo de galo baixo, sorriu quando me viu e nem precisou dizer que era minha avó. Eu já sabia. Caminhou até mim e ofertou-me um presente que trazia nas mãos.

Era um pequeno livrinho de imagens. Várias fotografias amareladas com bordas repicadas mostravam um lugar que eu não conhecia. Sorrindo, ela falou calmamente: "Sei que você gosta de imagens, então este livro é para você conhecer o lugar onde sua mãe cresceu. O quintal que ela brincou, as árvores que ela subiu, a casa do sítio onde a gente morou antes de nos mudarmos para Lagolândia".

Antes que eu pudesse esboçar uma resposta, senti uma mão em meus ombros e, ao me virar, vi minha tia Dita, irmã de minha mãe, com sorriso emoldurado pelos cabelos longos e lisos. Foi sorrindo que ela completou: "É um lugar bonito, por que não leva sua mãe até lá para matar as saudades que ela sente do sítio?"

Com um estremecimento, destes que fazem o corpo vibrar sobre os lençóis, eu acordei.

Imagem: A única imagem do lugar descrito no sonho. Arquivo Pessoal.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

25 possibilidades

01. Trilha sonora para embalar as correrias e sossegos de todo dia. (CD "Before Sunset")

02. Arte e Cultura Visual para olhar o mundo com todos os sentidos. (Obra "Das tramas do olhar me enxergo dali")

03. Coração para guardar um amor e cultivar saudades e esperanças. (Este veio do sul)

04. Filmes para conhecer outros mundos, viver outras vidas e, assim, mergulhar para dentro de mim mesmo. (DVD Antes do Amanhecer)

05. Caneca para guardar todos os lápis, canetas, pincéis e badulaques de desenhar. (Esta eu trouxe de Nova York)

06. Cores e dores de Frida Kahlo para dialogar com minhas angústias. (Caixinha de fósforo customizada - Presente do João)

07. Fotos antigas para viajar no tempo e dar vazão as minhas nostalgias. (Arquivo de família)

08. Pincéis e tintas para colorir meu mundo rabiscado com ilustrações (Tinta Acrílica)

09. Livros antigos para guardar cartas e desenhar por sobre as letras. (Livro "Dom Quichote Philosopho" de M. Diouloufet - edição de 1910)

10. iPod para carregar todas as músicas das minha incontáveis trilhas sonoras. (iPod Nano)

11. Ingresso de cinema e carterinha de estudante para garantir as sessões de toda semana.

12. Revista Trip para aprender com uma editoria inteligente e fora dos padrões da 'maldita' perfeição. (Edição de setembro de 2009)

13. All Star customizado para andar com um pé no conforto e outro no estilo. (All Star Converse)

14. Colar das circularidades para ensinar que a vida não se faz em linha reta. (Este eu comprei numa banca na Feira do Sol)

15. Pateta de pelúcia porque eu sempre me identifiquei com o jeito inocente e bobo dele. (Das Lojas Americanas)

16. Relógio para lembrar e também esquecer as horas.

17. Bloco de desenho para eternizar instantes.

18. Camisetas básicas e coloridas para fazer estampas exclusivas. (Camiseta Hering com desenho do filme "O fabuloso destino de Amélie Poulain")

19. Cinto colorido para quebrar monotonias. (Cinto da Kaia)

20. Óculos para ler, ver TV e mexer no computador, ou seja, sempre!

21. Pulseira de linha para marcar transições e desatar nós. (Do hippie da esquina)

22. Perfume para se fazer lembrança. (Perfume 212 Men - Carolina Herrera)

23. Proteção para os olhos e para os lábios contra a secura do cerrado. (Colírio "Claroft" e protetor labial da Natura)

24. Flores para perfumar o quarto e preservar belezas.

25. Livro para apreender emoções e criar mundos de possibilidades. (Livro "Menino de Lugar Nenhum de David Mitchell)

Foto: Wolney Fernandes

Desejo de menino

Quando eu crescer, quero ser o Luiz Fernando Carvalho.
Primeiro, pelos poemas visuais de Lavoura Arcaica.
Segundo, pelas texturas de A Pedra do Reino e camadas de beleza de Capitu.
E para sempre por causa da infância eterna de Hoje é Dia de Maria.

Imagem: Cena do Filme Lavoura Arcaica

Crash! Boom! Bang!*

Uma avenida, um motociclista, um sinal verde e um carro atrás!
A pé nos próximos 15 dias.

(*) Da música do Roxette
Imagem de Roy Lichtenstein

UP - Altas Aventuras

Up começa com silêncios e realces nas visualidades por elas mesmas. As imagens são apreendidas sem necessidades de diálogos. Um recurso interessante, pois amplia os limites de nossa percepção, gera empatia e nos torna co-autores da narrativa.

Desta vez, os protagonistas da animação são um velho mal-humorado e um menino com traços orientais. Carl Fredricksen é um viúvo de 78 anos que decide se mudar para a América do Sul usando milhares de balões para levar sua casa inteira e realizar um antigo sonho de sua esposa. Porém, todo o drama (que nesse caso é uma comédia) tem início quando ele percebe que Russel, um escoteiro mirim também embarcou acidentalmente na aventura. Juntos, eles vivem aventuras que vão estreitando os laços de uma amizade que, à princípio, soa improvável.

As identificações são imediatas, pois o filme toca em questões e conflitos dos nossos dias dando novos sentidos à velha equação que move nossa existência: Como equilibrar/adequar nossos sonhos à realidade e vice-versa? Na encruzilhada entre a banalização do cotidiano e a necessidade de inventar o inusitado, a narrativa de Up propõe um olhar terno sobre a vida partilhada. Faz lembrar outro filme - "Na Natureza Selvagem" (Into the Wild, 2007) - quando o protagonista depois de provar o amargo da solidão, deixa entalhado na mesa que "A felicidade é verdadeira quando é compartilhada".

Up – Altas Aventuras é uma bela animação que explora caminhos movediços, reunindo com talento, drama e humor, diversão e reflexão, estabilidade e inconstância... Tudo na medida de nossas aberturas e da possibilidade de perceber e refletir sobre os balões que carregam nossos sonhos.

Imagem capturada em http://jovemnerd.ig.com.br/jovem-nerd-news/cinema/confira-o-primeiro-poster-teaser-de-up/

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Alegria de 14 chicletes

No armazém da esquina, o menino chega correndo, se enfia na minha frente e, com três moedas na mão, pergunta ao vendedor:
- Seu Antônio, setenta centavos dá quantos chicletes?
"Seu" Antônio responde sem olhar o moleque.
- Dá 14 chicletes.
O rosto da criança se ilumina em um sorriso de sanfona.
- Então eu quero 14 chicletes! - diz jogando as três moedas no balcão.
Eu espero enquanto ele faz um concha com as duas mãos para receber toda a sua compra.
O menino pula da calçada até a rua dando pinotes, enquanto eu pago pelo meu refrigerante predileto.
Suspiro e saio do armazém com vontade daquela alegria de 14 chicletes.

Imagem capturada em http://www.panoramio.com/photo/7063626

Celebrando a primavera

Quando em garrafas azuis, rosas brancas celebram a chegada da primavera.

Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Todo dia, a todo momento

1. Relax, Take It Easy - Mika
2. Single Girls - Laura Jansen
3. Little Toy Gun - Honeyhoney
4. Summer at Eureka - Pete Murray
5. Bella's Lullaby - Carter Burwell
6. Won't Go Home Without You - Maroon 5
7. Hearts in Pain - Stephen Kellogg

Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/icm/

No Café de Pina Bausch

Em dois atos, a Companhia de Dança-Teatro de Pina Bausch (Tanztheater Wuppertal) fez remexer, viceralmente, inúmeras emoções em pouco menos de duas horas de espetáculo. Tudo pareceu incerto diante daqueles movimentos que me desafiaram.

Em Café Müller, o enredo aberto me fez dançar simultaneamente, ora no palco, ora na platéia, pois me conduziu a cotidianos de verdades e fantasias. Por vezes, era eu no palco afastando as cadeiras para que a mulher sonâmbula se movesse no compasso da vida. Em outras ocasiões eram os movimentos da mulher cega que me impeliam a imaginar quais as cadeiras que me impedem de caminhar/sonhar.



Então, arrebatado pela beleza de um palco todo coberto com terra, vejo a vibração da Sagração da Primavera me questionar de modo preciso: que paixões movem meu corpo?

Acaba o espetáculo, mas a pungência daqueles movimentos permanece em mim, feito a terra que gruda nos corpos suados dos/as dançarinos/as. Saio enlameado com as incertezas que me impelem a seguir adiante, mas nunca em linha reta, dançando em cotidianos espiralados de sentidos.

Imagem capturada em http://www.danceviewtimes.com/2008/03/dance-with-mean.html

Invencionices

Quando, por minhas mãos, o papel de bombom vira atração de circo.

Imagem: Wolney Fernandes

Das saudades

Os olhos ardem e o corpo dói. As outras dores só aparecem quando, em pausa bem curta, levanto da cadeira e deixo meu olhar serpentear por entre as luzes da cidade. Da janela, constato que nunca satisfeito fui. Por vezes volto às margens da insatisfação. Não há monotonia, mas também não há tempo para entusiasmos pueris.

Cato os passos miúdos de quem caminha na rua lá embaixo, enquanto os acordes da música me embebedam e contam de um segredo que não se guarda. Suspiro... É só aquela saudade incapaz e incompetente de quietudes.

Imagem: Wolney Fernandes

Noite de arrumação

Colocando a coleção em ordem. Adoro as noites de arrumação!

Foto: Wolney Fernandes

Veadagens Teológicas*

Quando veadagens nos ensinam teologia pela obra de Frida Kahlo.

Livro: [re]leituras de Frida Kahlo - Por uma ética estética da diversidade machucada.
Organizadora: Edla Eggert
Editora: EDUNISC
Subversivo, tocante e preciso. Mais informações aqui!

Imagem: Capa do livro em montagem sobre a obra "La Venadita" [1946] de Frida Kahlo.
(*) Do artigo de André Sidnei Musskopf

No cemitério

Estranhezas e bonitezas de um cemitério no Rio Grande do Sul:

1. Túmulos em forma de casas com alpendres e plantas na fachada;
2. Lápides pintadas de rosa;
3. Budas e Cristos (redentores) velando mortos/as;
4. Coroas de flores enferrujadas;
5. Cruzes que parecem saídas de um filme do Drácula;
6. Paredes guardando corpos e lindas tipografias;
7. Vasos com flores desbotados sobre forros de crochês.

Foto: Rosi Martins