sexta-feira, 25 de julho de 2014
Top Friday
Hoje, juntei as sete primeiras músicas que apareceram no feed do meu facebook e acabei com uma playlist deliciosa. Escuta só!
01. You - Keaton Henson [da timeline do Jorge A. Santana]
02. Take me to Church - Kiesza [da timeline do Ricardo Rodrigues]
03. There's a place in hell for me and my friends - Morrissey [da timeline da Isabela Preto Junqueira]
04. True Colors - Cindy Lauper [da timeline do Raul Castro]
05. You Can't Hurry Love - The Supremes [da timeline da Lúrian Louise]
06. I Blame Myself - Sky Ferreira [da timeline do Acrop Acrop]
07. Come Get it Bae - Pharrell Williams e Miley Cyrus [da timeline do Vitor Marques]
Imagem capturada aqui.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Os Componentes da Banda* - Desafio Literário
Então, eu fiz assim: percorri toda a lista, item por item, buscando na minha estante os títulos que eu já tinha aqui em casa. No total, 32 livros. Alguns já lidos e que eu desejo reler para o desafio e outros que estão comigo há tempos à espera de bons motivos para serem devorados. Se os motivos não se aprontam, eu mesmo os desenho!
Os títulos que irão compor esse desafio literário, pela ordem que aparecem na foto e depois no Kindle, são:
1. Grande Sertão Veredas - Guimarães Rosa
2. Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto
3. 200 Crônicas Escolhidas - Rubem Braga
4. A Vida como ela é... - Nelson Rodrigues
5. O Analista de Bagé - Luís Fernando Veríssimo
6. O Pica-Pau Amarelo - Monteiro Lobato
7. Dom Casmurro - Machado de Assis
8. Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
9. Baú de Ossos - Pedro Nava
11. O Encontro Marcado - Fernando Sabino
12. Bagagem - Adélia Prado OK
13. São Bernardo - Graciliano Ramos
14. Vidas Secas - Graciliano Ramos
15. Os Cavalinhos de Platiplanto - José J. Veiga OK
17. Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu
Livros digitais que não aparecem na foto:
18. A Obscena Senhora D - Hilda Hilst OK
19. A Escrava Isaura - Bernardo Guimarães
20. A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo
21. Espumas Flutuantes - Castro Alves
22. Eu - Augusto dos Anjos
23. Gabriela Cravo e Canela - Jorge Amado
24. Macunaíma - Mário de Andrade
25. Noite na Taverna - Álvares de Azevedo
26. O Cortiço - Aluísio de Azevedo
27. Os Ratos - Dyonelio Machado
28. Os Sertões - Euclides da Cunha
29. Romance da Pedra do Reino - Ariano Suassuna
30. Viva o Povo Brasileiro - João Ubaldo Ribeiro
31. A Paixão segundo GH - Clarice Lispector OK
32. As Meninas - Lygia Fagundes Telles
Livros digitais que não aparecem na foto:
18. A Obscena Senhora D - Hilda Hilst OK
19. A Escrava Isaura - Bernardo Guimarães
20. A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo
21. Espumas Flutuantes - Castro Alves
22. Eu - Augusto dos Anjos
23. Gabriela Cravo e Canela - Jorge Amado
24. Macunaíma - Mário de Andrade
25. Noite na Taverna - Álvares de Azevedo
26. O Cortiço - Aluísio de Azevedo
27. Os Ratos - Dyonelio Machado
28. Os Sertões - Euclides da Cunha
29. Romance da Pedra do Reino - Ariano Suassuna
30. Viva o Povo Brasileiro - João Ubaldo Ribeiro
31. A Paixão segundo GH - Clarice Lispector OK
32. As Meninas - Lygia Fagundes Telles
Não vou estabelecer nem tempo e nem uma sequência para orientar a leitura. Deixo essa escolha ao bel prazer das minhas vontades e dos acasos que a vida soprar.
Vamos comigo?
(*) Esse título bonito eu peguei do livro da Adélia Prado.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Beijo Roubado
Virei a esquina, já bem pertinho de casa e avistei o casal apaixonado a trocar beijos numa tarde qualquer. Fiquei ali com eles. Desconhecido, testemunha a metamorfosear o que via em cantigas de amor.
Enquanto o sinal verde ordenava "atravesse!", eu empaquei.
Guardei para mim aquele momento que era só deles. Quem dera pudesse encontrar toda a felicidade do mundo escondida no céu da boca. Desejei compartilhar a imagem, mas em algum lugar aqui dentro, alguma coisa muito frágil, um quase nada me soprava pudores.
Sempre que eu olhava para a foto no álbum do meu celular, lembrava do conselho dado pelo Walderes diante de uma imagem semelhante: "Você ainda vai revelar segredos impronunciáveis ao flagrar beijos pelas esquinas!"
Visível, ainda que impronunciável, aquela intimidade se derramava pela calçada afora. O instante foi apenas um resquício que eu peguei pra mim.
Desculpa, Walderes!
Alguns dias depois e nenhuma fagulha daquele pudor que eu mesmo ensaiara, a foto embelezava, em preto e branco, o álbum do meu instagram.
Para a minha surpresa, sete dias após a publicação, os protagonistas do beijo, anônimos pra mim, chegaram até a foto! Diante da imagem roubada - tão minha! - celebraram o afeto, compartilharam o beijo e vislumbraram corações ao redor daquela felicidade tão deles.
Que mundo pequeno e bonito esse nosso.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Duas notações de Ulysses
São 11 horas do dia 16 de junho de 1904. Estou no cemitério com Mr. Bloom.
"Dá pra você arranjar uma viúva moça aqui. Os homens gostam assim. Amor entre as lápides. Romeu. Tempero do prazer. No meio da morte estamos na vida. As duas pontas se atam. Tantalizante pros coitados dos mortos. Cheiro de bife grelhado pros famintos devorando as entranhas deles." [p. 235]
"Um sujeito podia viver com a sua solidão a vida inteira. Podia, sim. Ainda assim ele ia precisar de alguém para tapar a cova quando ele morrer mesmo que cavar ele consiga sozinho. Nós todos. Só o homem enterra. Não as formigas também. Primeira coisa que todo mundo pensa. Enterrar os mortos. Digamos que Robinson Crusoé seja realista. Bom então Sextafeira enterrou ele. Toda Sexta-feira enterra uma Quinta se você pensar direito." [p. 237]
"Dá pra você arranjar uma viúva moça aqui. Os homens gostam assim. Amor entre as lápides. Romeu. Tempero do prazer. No meio da morte estamos na vida. As duas pontas se atam. Tantalizante pros coitados dos mortos. Cheiro de bife grelhado pros famintos devorando as entranhas deles." [p. 235]
"Um sujeito podia viver com a sua solidão a vida inteira. Podia, sim. Ainda assim ele ia precisar de alguém para tapar a cova quando ele morrer mesmo que cavar ele consiga sozinho. Nós todos. Só o homem enterra. Não as formigas também. Primeira coisa que todo mundo pensa. Enterrar os mortos. Digamos que Robinson Crusoé seja realista. Bom então Sextafeira enterrou ele. Toda Sexta-feira enterra uma Quinta se você pensar direito." [p. 237]
Foto: Wolney Fernandes
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Rakushisha - Cabana dos caquis caídos
Ele, um ilustrador que recebe a missão de desenhar a tradução do diário de Bashõ e resolve ir pro Japão em função desse trabalho. Ela, uma mulher que carrega uma dor em segredo e decide embarcar com Haruki para o outro lado do mundo depois de conhecê-lo no metrô do Rio de Janeiro.
Desconhecidos, os dois partem juntos para essa viagem, mas empreendem, cada um a seu modo, viagens interiores. Os deslocamentos seguem duas ordens, uma externa e ourtra interna.
"Eu me pergunto se a vida por acaso se faz de reencontros. Talvez se faça muito mais de tangentes, de movimentos periféricos, de olhares fugidios que no instante seguinte já se dissiparam. Por que fincar os pés, então? Por que não somente viajar?"
O livro se interpôs em meu caminho quando, ao abri-lo no dia 17 de junho percebi que a narrativa começava exatamente nessa mesma data. Estava mergulhado em outras leituras, mas diante dessa coincidência, o livro parecia pedir para ser lido.
Dona de uma escrita leve (nem por isso, banal), Adriana Lisboa parece sussurrar a história pelas páginas e nas idas e vindas empreendidas pelos dois protagonistas nos vemos envolvidos com a trama desejando mergulhar cada vez mais fundo nas motivações de cada um deles para fazer a viagem descrita no livro.
"A viagem sempre é pela viagem em si. É para ter a estrada outra vez debaixo dos pés. Há sempre um 'e se' em algum lugar"
O segredo de Celina, embora previsível já nos primeiros capítulos do livros, acaba por nos conduzir a um amontoado de dores e memórias carregadas por mágoas passadas que por sua vez são entrelaçadas a amores perfeitos e desfeitos. Parece piegas no tema, mas na forma a autora consegue fugir das armadilhas criadas por esse tipo de abordagem temática.
Entremeado por trechos do diário e belos haikais do poeta Matsuo Bashõ, Rakushisha tem a serenidade e o ritmo que se estabelece numa outra ordem diferente das acelerações típicas do ocidente e permeado por uma filosofia que se aproxima daquela pregada pelo oriente.
"Lua na alvorada:
Será que o mensageiro regular
vem vindo pela estrada?"
Belo como todo haikai deve ser, recomendo para aquelas pessoas que gostam de viagens interiores empreendidas sob olhares deslocados, estrangeiros... renovados!
E para quem, como eu ficou curioso para saber o significado do título, lá vai: Rakushisha significa "Cabana dos Caquis Caídos".
Lindo né? E você ainda não viu nada!
_______________________
Livro: Rakushisha [4/5]
Autora: Adriana Lisboa
Editora: Alfaguara
Autora: Adriana Lisboa
Editora: Alfaguara
Foto: Wolney Fernandes
quarta-feira, 2 de julho de 2014
A Desumanização
Sempre que termino de ler um livro de Valter Hugo Mãe fico com
a sensação de que a língua portuguesa é o idioma mais bonito do mundo.
“Só existe a beleza se existir interlocutor. A beleza da
lagoa é sempre alguém. Porque a beleza da lagoa só acontece porque a posso
partilhar. (...) A beleza é sempre alguém, no sentido em que ela se concretiza
apenas pela expectativa da reunião com o outro.”
“A Desumanização” é o mais recente livro do aclamado
escritor português e parece o mais coeso e pungente dos que li até agora. No
entanto, talvez seja o mais difícil de acessar pela liberdade com a qual o
autor realiza sua escrita, notoriamente um pouco mais alargada no seu sentido
poético. As frases curtas parecem poemas que se ligam uns aos outros para
perscrutar a dor em suas características mais diversas. Lançado em setembro de
2013 e publicado no Brasil no primeiro semestre de 2014, o livro apresenta uma história
embalada pela tristeza de uma solidão espiritual ambientada nos fiordes
islandeses.
Halla, uma menina de 11 anos que perdeu sua irmã gêmea, desfia
amadurecimentos a partir do sentimento de perda que a acompanha e da
convivência com a dor de carregar o peso de duas almas.
“Tudo em meu redor se dividiu por metade com a morte.”
Por ser muito próxima da irmã morta, Halla se vê sozinha e
desamparada. Sigridur, “a irmã plantada”, era quem orientava os passos de Halla
rumo a um futuro sonhado fora daquele lugar.
“Quando for grande, Halla, não quero ser cozinheira das
baleias. Não vou ficar aqui encalhada a fazer doces para que elas se consolem.
Quando for grande quero ser longe.”
Ela traçava planos para ambas e isso acaba cavando um vazio
no peito da “irmã menos morta” que se vê solitária e sem direções possíveis. A
pulsação de vida parecia característica daquela que se foi e isso acaba
deixando a menina sem referências. Para piorar a situação, os pais das gêmeas, incapazes
de se curar dos exageros da morte, acabam por abandonar a filha viva de modos
distintos: a mãe pela negação e o pai pela apatia e constante perda da alegria
anterior. A relação familiar fica diferente e isso intensifica a dor do momento
vivido por Halla.
“A minha mãe, por seu lado, perdera o modo de se apaziguar.
Rejeitava cada coisa. Era rigorosa, não desculpava ninguém e não se desculpava.
Estava em guerra. Não sabia nada, na verdade, punha as mãos às cegas no mundo.
Como se estivesse viva num mundo morto.”
O fato da menina também passar por transformações físicas
típicas da sua idade, intensifica o caráter transformador que o percorre toda a
narrativa. Outro fator pungente desse processo é o lugar onde a história se
passa e o modo como é apresentado pelo autor.
A Islândia se desenha como uma paisagem forte e mística. Com
um quê de lugar misterioso e incompreensível. O antagonismo entre o gelo dos
glaciais e o fogo dos vulcões ao mesmo tempo deslumbra e dá medo. A imagem que
se evoca da natureza em todo o livro é muito bonita e a relação entre os que
vivem naquela terra e a própria terra parecem simbióticos, reforçando o caráter
vivo do lugar que condiciona muito a vida dos personagens e o desenvolvimento
da história.
“Chamávamos-lhes deus ou Islândia sem ter como atribuir a
cada nome um significado. As palavras eram inúteis para abordar algo que estava
proibido à pequenez humana. Qualquer nome não passava de uma blasfêmia, como qualquer
ideia que quiséssemos guardar segura acerca da grandeza de deus, da Islândia ou
da morte."
Todos esses fatores acumulados vão contando a história dessa
menina que, sem sombra de dúvidas, é uma das personagens mais fortes que eu já
acompanhei. E é estranho porque ela é apenas uma criança precisando assumir uma
sabedoria, um modo de se expor à vida mapeando cada mudança que a atravessa.
Ela muda ao longo da narrativa e a gente evolui com ela ao transferir seu olhar
do mundo para nossa própria realidade.
Tanto pela escrita, quanto pelo enredo, o livro é
arrebatador e vai desconstruindo as coisas e acrescentando a elas uma grande
carga poética que permanece conosco mesmo depois de terminada a leitura. É
também muito impressionante o modo como Valter Hugo Mãe consegue falar de amor,
sobretudo na dor e na perda, à partir de um olhar infantil que olha para o
mundo como se conseguisse apreender somente a essência daquilo nos cerca.
“Não guardes vazios os meus lugares. Deixa-me ir. Olha pelo
meu pai. Se ele te falar dos poemas, ouve tudo. É a única coisa que conta, a
poesia. No lugar da Islândia colocar um poema. No lugar do coração colocar um
poema. Depois, dizê-lo uma e outra vez, até ser tudo.”
________________
Livro: A Desumanização [5/5]
Autor: Valter Hugo Mãe
Editora CosacNaify
Foto: Wolney Fernandes
terça-feira, 1 de julho de 2014
Sérgio Y. vai à América
Diante dessa perspectiva, comecei a leitura cheio de empolgação, mas à medida que avançava o entusiasmo diminuía. Infelizmente o livro não funcionou pra mim. Achei a narrativa rápida demais, por vezes rasa e repleta de clichês que são desfiados amiúde durante a jornada do psiquiatra. A construção dos personagens não se aprofunda a ponto de entendermos a motivação de cada um deles e, se no começo, mergulhamos nas inquietações do Dr. Armando, elas se dissipam bem rápido sem que entendamos as vias pelas quais ocorreram essas transformações. Uma conversa e pronto! Tudo parece se resolver como num passe de mágica.
E assim acontece com todos os coadjuvantes da história, todos muito bem nascidos, resolvidos e articulados. Frente ao drama que se apresenta diante de cada um deles, chegam a refutar alguns sentimentos e encará-los com certa tristeza ou dificuldade que logo são dissipados e superados por um discurso pautado na busca incessante pela felicidade que justifica, inclusive, a morte: Morrer não é nada quando se morre buscando ser feliz!
Para mim, o ápice desse discurso fundamentalista está na fala da mãe do Sérgio Y. quando ela explica todo o drama(?) do livro com uma metáfora bem rasa e piegas:
"Sergio só queria ser feliz. Foi isso o que o meu filho foi fazer em Nova York. Foi procurar uma maneira de ser feliz. Foi fazer uma limonada com o grande limão que Deus colocou na vida dele."
Ao ler tamanha revelação, minha vontade foi parar a leitura, mas faltavam poucas páginas para o fim e decidi continuar mesmo achando que essa seria a medida para abandoná-lo. E se o livro tem qualidades, uma das poucas que eu consigo elencar é o modo fluente com o qual o autor conta a história e desencadeia os fatos em capítulos curtos e concisos. Apesar das 160 páginas, consegui ler o livro em pouco mais de duas horas.
Vale a pena acompanhar também mudança de percepção do Dr. Armando em relação às próprias limitações e sua avaliação acerca da vaidade que todo profissional parece construir em torno daquilo que faz. Ao desconhecer os motivos que levaram Sérgio Y. a abandonar o tratamento, o psiquiatra olha pra si mesmo na tentativa de ver como isso o afeta no campo pessoal e profissional.
Há também uma reviravolta na metade do livro que consegue instigar a leitura até o final em função do mistério que se abre frente a curiosidade do protagonista, mas quando o autor utiliza um livro dentro do livro para justificar a mudança de Sérgio Y. parece enfraquecer as motivações que sustentam a própria premissa do livro que temos nas mãos. É verdade que os livros nos influenciam, mas não são os únicos responsáveis pelas mudanças drásticas que ocorrem em nossas vidas. Essa teia é muito mais complexa e ao puxar apenas um dos fios que a compõem, o autor simplifica a vida e a faz parecer livre de dúvidas, angústias e outras tristezas.
Gostei não!
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Livro: Sérgio Y. vai à América [2/5]Autor: Alexandre Vidal Porto
Editora: Cia. das Letras
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