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sábado, 24 de novembro de 2007

Meu quintal de possibilidades

Sempre imaginei o quintal da minha casa em Lagolândia como um lugar onde tudo era possível. Dos pés de jabuticaba ao buraco de terra nas raízes na mangueira existia um mar de possibilidades que se mostrava sempre novo a cada dia. Era delicioso quando minha vó varria as folhas e pedras debaixo do pé de manga bahia e fazia resplandecer aquele chão de terra batida. As brincadeiras com minha irmã, meus primos e amigos começavam e terminavam naquele espaço de sombra abundante. Os lanches, quase sempre regados a frutas colhidas no próprio quintal, eram feitos ali. As iguarias por nós elegidas iam de balinhas de tamarindo, com sal no lugar das sementes, a tomates docinhos que a gente colhia na horta. Outubro e novembro eram os meses que tinhamos todas as frutas da estação ao alcance das mãos: caju, manga, jabuticaba, ata, abacate, goiaba, etc...

Quando ventava, o espaço debaixo da mangueira virava meu campo de batalha porque as mangas mais rosadas e amarelas caíam como chuva e eu corria pra dar conta de colher o máximo que pudesse sem me deixar ser atingido por uma manga-míssil. Os 3 pés de jabuticaba eram classificados como pezão e pezinhos. No pezão, onde colhíamos as jabuticabas mais graúdas, acontecia as brincaderias de casinha e cada galho virava um cômodo da casa. O balanço, feito de corda de sisal era amarrado no abacateiro e quando meu pai ia nos balançar eu tinha a sensação que podia voar...

Embora bem menor do que a imagem que eu trazia comigo, hoje, cada árvore e canto daquele quintal traz uma lembrança boa. Tenho certeza que, daqui a muitos anos, quando estiver passando por lá, vou poder olhar cada pedaçinho daquele chão e dizer: eu estou aqui, ali, lá e acolá. Veja como eu sou feliz.

Imagem: Wolney Fernandes

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