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domingo, 17 de agosto de 2008

Moral da História

Depois de alguns ensaios que foram assassinados pela minha falta de tempo, por falta de palavras ou por preguiça mesmo, nasceu este texto, que tem nome esquisito, mas tem gosto saboroso e sonhador de quem sempre se sente um aprendiz.

01h28 da madrugada. Estou no meio do caos instaurado por mim em meu quarto: tênis debaixo do guarda-roupa, caixa de fotos perto da porta (sem nenhuma foto dentro porque estão todas espalhadas pela mesa e adjacências), fio dental em cima da mesa do computador, "cadeira-cabide" com uma pilha de roupas usadas penduradas, papéis cortados pela cama, pincéis no banheiro, livros aos montes pelo chão, lixeira transbordando, gavetas que insistem em não fechar em função do entupimento provocado pelas “tralhas” que as preenchem. Enfim, uma zona intransitável.

Pra completar a cena estou eu saboreando uma deliciosa nectarina (fruto da mistura de pêssego com ameixa vermelha) com meu coração sereno. O som toca Lizz Wright e embala essa minha indolência típica dos tempos de calmaria. Pensei em organizar esse caos, mas desisti ao adentrar na bagunça. Ela não me atinge como antes, pelo contrário... relaxa.

Decido aproveitar esse momento incomum. Passo o pé jogando toda a papelada que está sobre minha cama no chão e, sem tirar a colcha, deito de roupa e tudo. Entendo que dentro de mim tudo está paradoxalmente assentado. Hoje, pelo menos, o caos é apenas externo. Ele não me contagia.

Fecho os olhos e faço a pergunta mentalmente: como estou? Feliz, eu diria!

Levanto de supetão, troco o CD e junto com a Zélia Duncan começo a cantarolar: “...e então a moral da história vai estar sempre na glória de fazermos o que nos satisfaz...”

Imagem: Wolney Fernandes

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