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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Perdoar-me

Cuidar da delicadeza do silêncio.
Recuperar alguns livros emprestados e jamais devolvidos. Ando com saudades de Diadorim, Riobaldo, Escobar, GH e Macabea.
Ouvir mais música clássica: os tímpanos andam atravancados de sons urbanos, composições medíocres, baladas sem sentido.
Perdoar-me.
Amar a feminilidade natural de alguns homens e a inequívoca virilidade de outras mulheres.
Deleitar-me com o transatlântico dos sonhos.
Perdoar-me.
Não desnudar-me em vão.
Cometer os pecados necessários: porque se metade da humanidade comete a outra metade, pretende.
Perdoar-me.
Chafurdar-me de luz e perder o pudor dos ruidos do orgasmo.
Beijar as cicatrizes, a cor gris dos cabelos, os novos desenhos que vão se formatando na pele.
Viajar no transatlântico do sonho.
Perdoar-me, perdoar-me, perdoar-me...

Tom Zine

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