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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sou do meio do mundo*

Sou do meio do mundo
nem do fim
nem do começo
apenas do meio
Me acostumei nesta vida
adentrar na alma de rios e riachos
Sou pano de lavadeira
Machado cego de roçador
Sou comida, sou quitanda
Sou ladainha de rezadeira
No meio do cerrado
me juntei com um bando de araras
que no seu canto
me anunciaram que também eram do meio
Sou tambozeiro de folia
lágrima de carpideira
Sou do meio do mundo
Onde a brisa é quente e a fé é forte
aprendi no canto do meu povo
a ser do meio
para compreender que a metade de tudo o que sou
é que me faz ser inteiro.

(*) Retirado do CD Engenho Novo do Coral Araras Grandes. Faixa 4

20 de Junho de 2008
Imagem: Wolney Fernandes

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