Um dos meus filmes prediletos é o delicado "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Nele, Amélie Poulain, uma jovem solitária, encontra em seu apartamento uma caixinha contendo diversos brinquedos que foi escondida por um garoto que morou ali há várias décadas. Sem ter muitos propósitos na vida, a moça resolve devolver o objeto para seu dono e, sentindo-se recompensada pela reação deste, decide solucionar os problemas de todas as pessoas com quem convive. Tudo isso ao som da maravilhosa trilha de Yann Tiersen que vale um post só pra falar dela.
O que Amélie parece compreender muito bem é que, de modo geral, são os pequenos detalhes que determinam o grau de satisfação com que levamos nossas vidas: prazeres rotineiros ou contratempos triviais quase sempre definem aquilo que costumamos julgar como sendo um "bom" ou um "mau" dia. Da mesma forma, são nossas preferências mais sutis que, de um jeito ou de outro, acabam servindo como indícios de nosso caráter – e o filme acerta em cheio ao apresentar alguns de seus personagens através daquilo que eles gostam ou não: uma vizinha de Amélie gosta de ouvir o barulho da tigela de leite batendo no azulejo do chão de sua cozinha; e a heroína adora ver a expressão das pessoas em uma sala de cinema.
São observações como estas que demonstram verdadeiramente as particularidades da natureza humana. Além disso, o filme consegue conferir beleza aos atos mais simples, como no momento em que Amélie beija seu amado.
Um dos meus prazeres rotineiros é fazer listas. Então decidi fazer mais uma lista pra saborear melhor as pequenas sutilezas do meu dia-a-dia:
1. Ouvir barulho da chuva no telhado e na janela;
2. Ver as luzes da sala de cinema se apagando;
3. Tomar água gelada no gargalo da garrafa;
4. Passar a mão sobre o papel branco antes de desenhar só pra sentir a textura;
5. Ouvir músicas sempre no modo aleatório (shuffle);
6. Entrar em banca de revista só pra olhar as capas;
7. Deitar no sofá da sala e dormir vendo tv.
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