Querida Sofia!
Estranhei teu silêncio por ocasião do meu aniversário. Nenhuma imagem ou palavra pra dizer que estava viva (pelo menos). Eu sei, terça-feira nunca foi teu dia preferido e por isso, vou aceitar como desculpa sua rotina um tanto dolorosa que sempre culmina numa falta de inspiração para escritas ensolaradas.
Escrevo para dizer que no último dia 17, a amizade foi o tema que figurou na minha festa improvisada com pamonha, pizza e torta de chocolate. Combinação incomum para uma noite de terça. Da amiga gripada que apareceu pra dar um abraço gostoso, da mensagem no celular de quem eu não vejo há anos, do grupo de sempre que trouxe pizza e risos de épocas passadas pelo setor universitário.
Sim, eu sei, talvez o mais difícil, seja falar do óbvio. Algo que para mim tornou-se quase institucional, como amor de mãe, carinho irrevogável pela minha irmã. E usei de referencias familiares não foi à toa: penso em mim e em meus amigos segundo aquele velho clichê "como a família que pude escolher". As amizades que cultivo são assim... parecem que já nasceram comigo.
Engraçado que nem lembro mais como tudo começou - aquele momento que deixei de ser mero conhecido. Não lembro quando saía com os amigos para fazer absolutamente nada e foi tão divertido quanto os dias que realmente havia algo grande para se fazer. Quando começei a dividir problemas, trocar soluções, substituir neuroses. Quando me tornei tão previsível nos gestos e ações que apenas um olhar bastava para transmitir o que queria dizer. E o legal que o sentimento sempre foi recíproco, suportou tantas formas de desentendimento e desencontros.
Os amigos do dia 17 são aqueles que podemos ficar meses sem nos ver, só naquele insonso contato telepático ou internético que, no reencontro, é como nem tivéssemos nos despedido. Mesmo distante de todos e mesmo privado de um contato diário constante há certezas que me acompanham.
A certeza de ter para onde correr caso algo dê errado e ser recebido com conselhos certeiros; a certeza de ter com quem comemorar nas grandes vitórias, para compartilhá-la sem a preocupação de segundas ou terceiras intenções debaixo de um sorriso.
Por isso, Sofia, quando as coisas parecerem confusas ou somente desinteressantes por aí, não tenha vergonha de se fiar em nós. Digo isso pessoalmente, mas é algo que suspeito que se aplique a todos.
Me despeço ao som do novo CD do Coldplay que a Gardene me deu de presente. Talvez não haja melhor jeito de me despedir depois da celebração de mais um aniversário: Viva la vida!Beijos juninos!
Em tempo: Sim. O novo CD do Coldplay tem o mesmo nome daquele quadro da Frida Kahlo que você adora.
18 de Junho de 2008
Imagem: Capa do CD do Coldplay
Nenhum comentário:
Postar um comentário