Resolvi empreender uma busca por aquilo que me mantém preso. Que me impede de ter o que eu mereço. Sim, sinto-me preso em minhas desculpas, em um círculo vicioso de verbos e adjetivos que eu sempre usei como escudo. As mentiras contadas para acalentar o mundo que me cerca me fazem sempre repetir a mesma história. Talvez na tentantiva de voltar a ser criança e, assim, fazer uma rebelião contra a versão de menino obediente, inteligente, correto e educado construída ao meu redor.
Procuro, abro livros velhos, vasculho bolsos e derrubo armários. Penso nos locais onde estive e em qualquer gaveta onde pudesse ter esquecido minhas vontades para que elas diminuam o abismo que separa quem sou daquele que finjo ser para os outros.
Encontro montes de rascunhos, esboços de sonhos inacabados e um bilhete escrito em letra bem desenhada: "Escolher o certo é escolher aquilo que você quer. Escolher o certo é saber o que te deixa mais feliz."
Leio repetidas vezes o que está escrito e acompanho com o olhar cada rascunho num tempo suficiente pra perceber que a sensação agridoce foi deixada para trás. É preciso entregar ao mundo a verdade sobre mim mesmo, sem medo das consequências. Olho novamente os desenhos e encontro, escondidos, leiautes bem finalizados e talvez sejam eles que despertam em mim a vontade de abrir a janela e enfrentar o vento que pode entrar no quarto. Afinal, não quero mais escudos e nem espelhos que mintam para mim. De toda forma, acho que mereço a verdade...
Imagem: Wolney Fernandes
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