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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sabor de Chocolate

Toda vez é assim! Basta apenas uma mordida no Galak (aquele chocolate branco que fez sucesso nos anos 80) para que a paisagem que me cerca seja substituída por imagens do passado com gostos, cheiros e sentimentos da minha infância.

O chocolate da Nestlé tem gosto das brincadeiras com minhas miniaturas pouco articuladas de heróis, todas ganhadas em promoções de refrigerantes e das raras idas ao supermercado com minha mãe onde eu ficava “namorando” a sessão de brinquedos. Com o nariz pra frente e as mãos cruzadas às costas (sempre fui um menino muito obediente) chegava pertinho daquelas caixas grandes e coloridas sonhando, um dia, ter um Ferrorama (trenzinho movido à pilha da Estrela), mas me contentando com os bichinhos de plástico que vinham junto com as promoções de margarina.

Penso que as limitações daquele período contribuíram para o enriquecimento de minha criatividade: uma lata de leite ninho cheia de tampinhas de garrafa era esconderijo secreto para tesouros valiosos; figurinhas de Ping Pong coladas umas nas outras viravam rolos de filme animado; pedacinhos de madeira eram as paredes da Sala de Justiça que abrigava um Super-Homem todo azul e uma Mulher Maravilha toda vermelha; cipós viravam corda pra pular; pedras roliças do rio viravam peças pra jogar “Baliza” e por aí vai...

Não sei explicar direito meu saudosismo em relação àquela fase da minha vida. Talvez porque todos os fragmentos de sonhos e as coisas que foram vividas lá atrás formam juntas esse viver adulto que ainda não se encontrou. Hoje, meu desejo é me (re)encantar diante das limitações, tranformando-as em possibilidades que me aproximem daquela paz gostosa com sabor de chocolate branco.

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