Faz de conta que não tem nome. É uma sensação mais ou menos assim: a gente sorri de graça, e assim, docemente o controle se perde enquanto os sorrisos se encontram, e o céu se pinta de cores variadas, desfocadas - e mais, por favor, mais.
Tem fórmula para conquistar um coração? Tem, se esse coração for o meu. Tem, na medida em que essa fórmula é uma não-fórmula, na medida em que ela se forma enquanto se descobre os ingredientes tão únicos e já básicos da receita:
- 1 par de olhos da cor de tamarindo;
- 5 dedos direitos, dali, ávidos por encontrarem 5 dedos esquerdos de cá;
- 3 convites para ler livros infantins e de lá ver a lua, alta no céu;
- 1/2 dúzia de medos bobos;
- 3 casquinhas de sorvete de uva com abacaxi;
- 3.217 afinidades desconcertadamente alinhadas e gracejantes;
- 3 palavras bem compostas e dispostas, preferencialmente encadeadas na seguinte seqüência: "companheiro - amigo - amado."
Voilá! Devagar os pés - aqueles, que já tornavam a se acostumar ao frio e duro chão - ficam leves, como querendo dançar, como querendo subir.
"E há de se ter prudência e calma".
Respondo a esse escaldado e melindroso interlocutor do lado de lá do espelho, que lhe entendo e respeito os calos, mas a ele defendo, como se a mim, porque eu quero experimentar a sorte de um amor com paradoxos visíveis: ao mesmo tempo sereno e intranquilo como borboletas risonhas turbilhando o estômago. Amor daqueles que nos fazem perder as estribeiras, rir de besteiras e escolher trilhas sonoras para fazer chegar presenças a um coração que pulsa a cinco fronteiras daqui.
Imagem: Wolney Fernandes
Nenhum comentário:
Postar um comentário