Os instantes de encantamento, mesmo fugidios, ainda não deixaram meu corpo. Talvez por isso, os sonhos ainda não tenham chegado em beco sem saída.
Que bom é poder ainda me emocionar com o pequeno beija-flor que, num vôo intrépido, alcança a janela do décimo andar para fazer pulsar um coração miudinho;
Que bom é poder ainda sentir o arrepio que dá quando me toma o gosto apurado dos afetos que, junto comigo, defenderam as histórias de anjos e de serpentes numa tarde de quinta;
Que bom é poder ainda caminhar com vagar e silêncio me perdendo nas melodias e rimas das canções que trago sempre no bolso;
Que bom é poder ainda traçar em folha branca a curiosidade infante do menino que olha ao seu redor para riscar o mundo que habita;
Que bom é poder ainda arrumar o cabelo de azeviche em frente ao espelho e no gesto que a mão desenha lembrar de um tanto de sol contido em olhos de tamarindo;
Que bom é poder ainda sentir saudades!
Imagem capturada em http://cafecomamigos.com.br/category/poesia/
Um comentário:
Interessante, nunca fazemos poesias sobre coisas grandes, mas sim de coisas simples.
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