Quando criança, meus desenhos eram riscados nas revistas de moda da minha mãe. Caderno de desenho era o cantinho em branco das páginas daquelas publicações. Na escola, as pautas do caderno eram possibilidades de imaginar trilhos, trançados e labirintos para meus rabiscos. Caderno de desenho de verdade, daqueles com papel de seda separando cada página e foto de lápis de cor na capa eu só tive à partir da quinta série. E ao final do primeiro mês de aula, as páginas já estavam todas ocupadas por meus traços descompassados. O que eu não falava, desenhava.
Hoje, apenas folhas brancas e sem pauta ja não me satisfazem mais. Quero desenhar em paredes, peles, calçadas, nuvens e corrupios. Quero traçar em superfícies marcadas pelo tempo como uma busca do que está escondido, do camuflado, do censurado, do esquecido que tende a emergir. E assim, em camadas cartografadas pelo desejo, me deixar desenhar pelo que vejo, ouço e faço.
Imagem: Wolney Fernandes
Um comentário:
sua coleção de Corrupios está aumentando... ficamos felizes por fornecer o suporte para seu trabalho! :)
abraços.
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