Por vezes, com abismos diante dos meus pés, minha vontade é pular. E sinto saudades de ter fé porque minhas crenças estão diluídas em poeiras e perfumes, sem horizontes desenhados por trindades e utopias.
As orações diárias são proferidas por meus olhos que passeiam pelos encantos do cotidiano, ora com interesse, ora com indignação. E, se antes minhas inquietações residiam no seio das instituições, hoje elas habitam os contrastes construídos entre a diminuição de floriculturas e o aumento de filas.
Por não teologar pelas vias que me catequizaram tão bem é que, vez por outra, sinto saudades daquela fé ingênua capaz de colorir labirintos e traçar pontes de algodão em abismos sem fim.
Foto: Wolney Fernandes
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