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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Maratona Dominical


Depois de anos, fui à missa de domingo naquela que já foi minha comunidade paroquial. Maratona! Minha alma de filho pródigo ficou logo no estacionamento da igreja quando a família do carro da frente saltou do veículo e o motorista resolveu dar uma ré sem olhar no retrovisor. Minha mão na buzina só serviu para me deixar surdo porque o moço ao volante nem percebeu quando seu carro bateu no meu.

Suspirei primeiro antes de abrir a porta do carro e já saí recitando o ato de contrição antes do pecado ser cometido. Entoei o hino de louvor quando verifiquei que não houve arranhões no para-choque enquanto a família feliz seguiu unida até a porta do templo sem se importar com o ocorrido.

Na entrada, um grupo de pessoas distribuíam boas vindas. A minha só foi dada depois de um convite para ajudar na catequese. Nestas horas, sempre me valho da triste condição de doutorando na justificativa pela não adesão ao chamado. Uma imagem insólita passou pela minha cabeça quando me imaginei frente a uma turma de catequizandos profanando todos os preceitos católicos e alargando a dúvida sobre o seguimento à Igreja. Sorte a deles por eu não estar disponível para a missão.

Antes mesmo de me sentar para aguardar o início da celebração, fui abordado por outra líder comunitária que, na aparente preocupação em saber notícias da minha família, me passou um santinho do seu candidato preferido e se certificou que a receita de macarrão, impressa no verso da foto, me faria um eleitor fiel. Mal sabe ela que eu nem sei cozinhar.

Suspirei aliviado quando os acordes do canto de entrada ecoaram pela igreja, mas meu alívio exauriu-se na homilia. Quando o padre sugeriu que o meu corpo poderia me levar para o inferno, eu aproveitei a deixa e convenci "o meu próprio corpo" a me levar para casa.

Ufa! Escapei por pouco.

Foto: Wolney Fernandes

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