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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Adeus à Terra do Nunca

O quarto em desalinho, reflexo de uma noite sem donos. Tenho fome. Hoje, dia 07 de junho, quase metade de 2008, decreto: Vou sair da Terra do Nunca! Minha vocação para Peter Pan tem deixado meus dias sem maiores conseqüências ou delinqüências, onde o único interesse reside nos sentimentos transitórios e fugazes. Por isso que eu, com todas as minhas subjetividades, medos invisíveis e tristezas indomáveis, ando maturando calado no lado de cá dessa árvore... e muitas vezes me pego chorando, mesmo sorrindo. Me pego conjurando fórmulas mágicas, mantras e até orações convencionais que me livrem da rotina dos amores difíceis, do trabalho sem graça, de uma vida repleta de recordações (e sonhos que me acordam no meio da noite, quase sem fôlego).

Sobra tempo pra perder tempo. Olhar pra janela do apartamento esperando que ela se abra. Esperando que um ser de outro planeta tenha compaixão de mim e me arranque de vez dessa realidade virtual em que se transformou minha vida. Quero a prática. O desequilíbrio diante do beijo nervoso de quem está nitidamente afim de impressionar. Chega de resignações!

Resolvo que vou de novo dar um rumo aos meus dias. Chega de lamentações, descompromisso com meu trabalho e horas brincantes diante do computador. Chega dessa pretensa melancolia que invade meus dias. Tenho poucos meses para deixar tudo em ordem: do saldo no banco ao coração rasgado. Passando pelo novo visual que ainda não encontrei, pela tolerância às minhas introversões, pelas frases mal-costuradas dos últimos tempos.

Dez são os desejos que me conduzem ao mundo real (onde a Sininho fica cagando na privada de um banheiro sujo):
1. Desejo me desapaixonar;
2. Desejo voltar a usar minha calça jeans 38 sem fazê-la sofrer tanto;
3. Desejo continuar trabalhando no que gosto e ganhar muito pra poder viajar pro México;
4. Desejo curtir mais o meu desejo de morar só, para que ele se sinta menos rejeitado;
5. Desejo esquecer as mágoas, perdoar os meus pecados e não esperar mais;
6. Desejo cobiçar mais quem de mim se aproxima;
7. Desejo substituir águas com gás por vinhos espumantes e drinks não experimentados;
8. Desejo prazeres fugazes, lugares proibidos;
9. Desejo continuar amigo dos meus amigos e amá-los na medida. Não mais que isso;
10. Finalmente desejo me atrasar. Ser aguardado... esperado e, por vezes, odiado... e tenho dito!

P.S.: Aproveito para dizer a todos/as que passam por aqui que estou me despedindo do menino para me encontrar com o homem de trinta e poucos anos que tenho abafado aqui dentro. Creio não ser tarefa fácil. Mas quem disse que precisa ser?

07 de junho de 2008
Imagem: Wolney Fernandes

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