Amanheci abrindo a porta do mistério no qual guardo a minha vida enquanto durmo. Procuro nele o meu sorriso matutino, meu olhar sereno, minha intenção mais genuína e solidária e também minha alegria renascida. Mas por mais que busque nas gavetas e nos restos da noite que finda nada acho pendurado nos cabides a não ser a lembrança de outros tempos e atônito ante a ausência de mim mesmo sentindo-me num beco sem saída aperto o gatilho da memória e correndo até o espelho da esperança meto nele minha sombra amarrotada. E lá estarei, esperando por mim mesmo, sentado até a hora de voltar nem sei de onde.
05 de Junho de 2008
Imagem: Wolney Fernandes
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