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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Tratado de Mudança

Lendo coisas velhas acabei encontrando um tratado de mudança que escrevi há alguns meses atrás. Acho que vale a pena publicar. O motivo deve ficar evidente segundo as impressões que cada um/a tem de mim. Entendam o(s) porquê(s):

Acabou. Fim. Minhas mãos tremem. Sinto-me fraco. Meu corpo dá sinais de que vou desfalecer. Desmoronar. Derreter. Mas continuo em pé. Passou ano, ano e meio, "você encorpou!" - é o que me dizem.

Mitos e certezas caíram em minha cabeça. Deixei de acreditar em muita coisa, passei a odiar outras tantas. Eu mudei. Quase 33, quase um idoso. Nada mais conhecido me empolga tanto. Tudo desconhecido parece me empolgar. Não sei se me tornei indiferente por fingir indifença ou se me tornei indiferente por acreditar bem baixinho. Vontade de querer tudo. Tema de dissertação que mudou três vezes desde que nasceu. Músicas dos anos 70 em detrimento das músicas dos anos 90 e muitas dúvidas.

Alguém ainda duvida de mim. Anos e anos lutando pra parecer uma pessoa indubitável e alguém ainda ousa duvidar de mim. Decerto, viram que eu não sou capaz de ficar na corda bamba pro resto da vida. Chegou a hora de eu ser outra pessoa. Chegou a hora de me livrar de tanta melancolia e de tanta saudade de ser eu mesmo.

No presente momento, sinto-me "destampado". É como se o tampo que guardava as minhas paixões tivesse sido arrancado e todas vazaram. Pipocaram. Tragédia? Nada. Destampado e vivo, só isso. E o mundo nem acabou. Ciclos se completam e se fecham para que outros ciclos nasçam. Os tons de cinza apagaram. O Wolney de lá se foi. Um dia, quem sabe, ele volta. Por enquanto eu vou adiante com aquele medo bom que acompanha os perigos. Só desejando o frio na barriga e as ventanias desvairadas que me conduzem a lugares até então inexplorados.

11 de março de 2008
Imagem: Wolney Fernandes

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