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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ventos de Outono

Abril chegou ensolarado e eu só penso em noites mais frescas. Pensamentos que se juntam a outros sentidos para proclamar, tardiamente, que o outono já é o senhor dos ventos que sopram do lado de cá.

Resolvi me fixar em fetiches do tempo, pensando quase em voz alta enquanto conversava com um cliente que me encomendava uma ilustração: pedaço de céu azul em plena capital, restos de sol cortando janelas numa paisagem urbana, ventania que escorre na alma vinda de lugares nunca antes explorados.

Os ventos de outono sopram também dentro de mim, fazendo vendaval com minhas folhas internas e minhas eternas dualidades. Afinal, eu sou indisciplinado, introvertido, pouco claro, contraditório, irritado, emotivo, melodramático, contido, pouco indulgente, melancólico, cheio de medos, um poço de insegurança. Eu sou também imprevisível, sarcástico, irônico, exigente, excessivamente crítico e por vezes, egocêntrico. De vez em quando, sou puro simulacro. Uma espécie de chuva sentimental de pensamentos desencontrados... mas quando eu estou feliz, como agora, me entrego à ventania. Sem cuidados, sem amarras... "barco embriagado ao mar azul..."

01 de Abril de 2008
Imagem: Wolney Fernandes

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