(...)
- Arrisque uma definição. O que é beleza?
- Beleza é...
Ela adorou me ver empacado. Eu queria deixar ela impressionada com uma definição inteligente, mas eu sempre acabava voltando para Beleza é alguma coisa que é bela. (...)
- É difícil - admiti.
- Difícil? (...) Impossível! A beleza é imune a qualquer definição. Quando a beleza está presente, você sabe. O sol nascendo no inverno em Toronto, seu novo amante num antigo café, corvos sinistros num telhado. Mas a beleza dessas coisas é criada? Não. A beleza está ali, e isso é tudo. A beleza é. (...)
- A senhora só escolheu coisas naturais. E pinturas e música? A gente diz "O oleiro faz vasos bonitos". Não é?
- Dizemos, dizemos. Tenha cuidado ao dizer. As palavras dizem "Você rotulou esta abstração, este conceito, e logo o capturou". Não. Elas mentem. Ou não mentem, mas são desastradas. Estabanadas. Seu oleiro fez o vaso, sim, mas não fez a beleza. Apenas o objeto onde ela reside. Até o vaso cair e se quebrar. Que é o destino final de todo e qualquer vaso. (...)
Trecho do livro "O menino de lugar nenhum" de David Mitchell.
Imagem: Wolney Fernandes
2 comentários:
Hola. Leo tu blog hace un tiempo. No sé si te entiendo del todo, pero creo que suficiente. Me gustan mucho tus ilustraciones. Y la música.
Yo no tengo un blog, me espanta pensar que lanzo al mundo lo que pienso. Pero me dan ganas de contestar a algunas cosas que escribes. Veremos.
Saludos.
Olá Maria, tudo bem?
Muito legal esta interlocução feita através dos textos do blog. Seja sempre bem vinda!
Quando quiser conversar a respeito é só dizer.
Abraços!
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