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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"A Vida é uma Ópera"

Sou mesmo um ser influenciável pela mídia. Confesso com todas as culpas que essa declaração pode conter no julgamento daqueles/as mais extremistas e politicamente engajados. Mas é a mais pura verdade. Bastou estrear a minissérie Capitu na TV para eu querer revisitar o famoso romance de Machado de Assis. Vasculhei os baús antigos e encontrei minha edição velhinha da "Coleção Jabuti", da época do 2º grau (e lá se vão 17 anos), para reler Dom Casmurro buscando, agora, novas referências que só os anos podem descortinar.

O tempo, aliado à visão contemporânea da minissérie, instigou-me a refletir sobre aspectos da obra e relacioná-las com minhas próprias experiências. "De mergulhos em olhares ao ato de atar as duas pontas da vida para restaurar, na velhice, a adolescência" o livro se atualiza com uma facilidade assustadora. Por vez, obrigou-me a desbravar meus sentimentos contraditórios para tentar demarcar a linha tênue existente(?) entre eles.

Terminada a releitura, a vontade que permaneceu foi a de fuçar coisas que eu tenho guardado em gavetas sem trancas para ir riscando meus sonhos de agora com o giz de realidades possíveis. Note que eu disse "realidades", no plural. "Que minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não fique por aí para um canto como uma flor lívida e solitária". Afinal, se "a vida é mesmo uma ópera", não quero só ficar à espera do final triunfante e, por vezes, trágico desse espetáculo. Quero sim, re-escrever meu enredo e sujar minhas mãos com tintas fortes para vivê-lo impregnado com todas emoções advindas das alegrias e dos dramas cotidianos. Que o Wolney de ontem e o de hoje se misturem e se empastelem feito as camadas de papel sobrepostas da abertura da minissérie. Tudo isso "(...) sem que o encardido do tempo lhes tire a primeira expressão. Como fotografias instantâneas da felicidade".

Imagem: montagem da capa do livro com imagens capturadas no site da minissérie http://capitu.globo.com/

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