Proposta de Wolney Fernandes:
"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
(Clarice Lispector em Perto do Coração Selvagem)
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De Wolney Fernandes, "O que não se nomeia"
De Adriano Antunes, "O Retorno"
Acometido de uma gana instintiva pelo desconhecido, de ultrapassar limites, de estabelecer nova ordem, certa manhã, resolvi fugir.
Desesperava-me viver naquele mundinho restrito, naquele lugarejo ultrapassado, sem provar das maravilhas do mundo. Acreditava-me, que um mundo perfeito deveria existir em algum lugar, e se me desse ao luxo de ali ficar, jamais o encontraria.
Coloquei a velha mochila nas costas. Caprichei na quantidade de coragem e vaidade e fui bem econômico com a humildade, afinal; um guerreiro deve ser altivo, destemido e imbatível.
Percorri os mais variados caminhos. Em alguns lugares fiz amigos, colhi sorrisos e semeei meus sonhos. Noutros, recebi incompreensão, deixei cair lágrimas de desencanto e solidão, mas nunca deixei que percebessem o medo da derrota em meus olhos.
Refugiava-me na desculpa de estar lutando pelo meu sonho, de estar tentando ser feliz. E se alguém se machucasse no caminho: ”paciência” - gritava eu – “culpem o cosmo pelo estrago”.
Mas numa tarde quente de verão, de sensação térmica beirando 45ºC, percebi que o chão se abrira em profundo abismo sob meus pés. Não conseguia acreditar no que via. Em segundos meus planos se desfizeram. Olhei para os lados e percebi que a fenda varava leste a oeste. Contorná-lo fazia-se impossível. Minhas forças não seriam suficientes para mais uma tentativa insana. Restava-me pular ou retornar. Então, embora cansado, optei por viver.
Olhei para trás. Observei meu rastro. Não havia percebido que chegara até ali arrastado. Aos poucos fui tomando conhecimento dos meus passos. Pude ver cada tropeço, cada corrida, cada fuga, momentos de hesitação; outros de excitação e alguns onde caminhava em círculos, perdido.
E foi nessa longa volta ao início, no micro-cosmo da minha insignificante e bela infância; de desajeitada e rebelde adolescência, que encontrei exatamente o que eu não via: a liberdade de estar justamente onde se deve estar.
O que eu quero agora, talvez não tenha nome, mas sei que está aqui, plantado, enraizado no afeto daqueles que incondicionalmente esperaram meu retorno.
Acometido de uma gana instintiva pelo desconhecido, de ultrapassar limites, de estabelecer nova ordem, certa manhã, resolvi fugir.
Desesperava-me viver naquele mundinho restrito, naquele lugarejo ultrapassado, sem provar das maravilhas do mundo. Acreditava-me, que um mundo perfeito deveria existir em algum lugar, e se me desse ao luxo de ali ficar, jamais o encontraria.
Coloquei a velha mochila nas costas. Caprichei na quantidade de coragem e vaidade e fui bem econômico com a humildade, afinal; um guerreiro deve ser altivo, destemido e imbatível.
Percorri os mais variados caminhos. Em alguns lugares fiz amigos, colhi sorrisos e semeei meus sonhos. Noutros, recebi incompreensão, deixei cair lágrimas de desencanto e solidão, mas nunca deixei que percebessem o medo da derrota em meus olhos.
Refugiava-me na desculpa de estar lutando pelo meu sonho, de estar tentando ser feliz. E se alguém se machucasse no caminho: ”paciência” - gritava eu – “culpem o cosmo pelo estrago”.
Mas numa tarde quente de verão, de sensação térmica beirando 45ºC, percebi que o chão se abrira em profundo abismo sob meus pés. Não conseguia acreditar no que via. Em segundos meus planos se desfizeram. Olhei para os lados e percebi que a fenda varava leste a oeste. Contorná-lo fazia-se impossível. Minhas forças não seriam suficientes para mais uma tentativa insana. Restava-me pular ou retornar. Então, embora cansado, optei por viver.
Olhei para trás. Observei meu rastro. Não havia percebido que chegara até ali arrastado. Aos poucos fui tomando conhecimento dos meus passos. Pude ver cada tropeço, cada corrida, cada fuga, momentos de hesitação; outros de excitação e alguns onde caminhava em círculos, perdido.
E foi nessa longa volta ao início, no micro-cosmo da minha insignificante e bela infância; de desajeitada e rebelde adolescência, que encontrei exatamente o que eu não via: a liberdade de estar justamente onde se deve estar.
O que eu quero agora, talvez não tenha nome, mas sei que está aqui, plantado, enraizado no afeto daqueles que incondicionalmente esperaram meu retorno.
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