Por minha culpa, minha tão grande culpa... os dias precisam de preenchimentos sem fim para lançar os vazios daqui de dentro para fora.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... acordo tarde em dia de segunda e tranço desculpas para não sair de casa.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... o desejo torna-se apenas um sotaque que se escuta na breve entonação de uma frase proferida.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... leio as dores alheias sem pronunciar palavras de cura.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... não pronuncio curas porque minhas enfermidades não desenham diagnósticos possíveis.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... risco imagens de mim sem traduções possíveis.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... meus erros travestidos em silêncios buscam um toque mais íntimo com a solidão.
E peço aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que me rogueis toda sorte de castigos e, então, me deixeis aqui, assim, dilacerado... por minha culpa, minha tão grande culpa.
Foto: Wolney Fernandes
Um comentário:
Querido Wolney que texto em? quase barroco ou medieval na sua religiosidade inspirante e inspiradora. Melancólico na medida de suas cores e ritmos. Serei eu abusado dizer que é um estilo wolneyniano?
Uau, porque esse ritmo e essas cores são tão especiais que me leva tão rápido aos "cantos" e cantos de saudade... de gente tão bonita e pura que se escondia atrás de uma cortina de preces e quase nem percebia o quanto falava delas iluminando o cair da tarde cantando o mistério.
Que texto tão especial ... obrigado!
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