Dias escorrem e quando nos damos conta já é véspera de São Sebastião. Janeiro, perto do fim, tece descompromissos de tarde inteira. Demoro pra dormir por conta de minhas vontades que dançam pela madrugada afora e acordo com cegueira branca de Saramago ao pensar no intervalo que separa meu janeiro de 2011 ao janeiro de 2012. É nestas horas que eu odeio essa minha mania de suplantar o presente pelo futuro em ruminações descartáveis.
Ando com vontade de nada. Sabe aquela vidinha boa que te movimenta da casa para o trabalho e do trabalho para casa? Pois é, todo dia topo com ela ao amanhecer. Apaixonadamente ela me beija sempre que o relógio fica no fundo da gaveta e o despertador, mudo, não se cansa do silêncio. Do disco "Muito Pouco" do Moska ao texto poético do Manoel de Barros, todo janeiro sussurra nada em meus ouvidos, pois "se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades."
Imagem capturada aqui.
Citação de Manoel de Barros
2 comentários:
muito bom...
Adoro essas reflexões assim, tão sinceras...
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