Na escola eu não colava por medo. Vontade eu tinha aos montes. Principalmente em dias de prova de Educação Moral e Cívica. Futebol eu não sabia jogar e, só para me enturmar, sempre me oferecia para ser o goleiro. Nem preciso dizer do pavor que fazia meu coração bater na boca quando a bola de mim se aproximava.
Nunca gostei de andar descalço e só largava os chinelos para subir em árvores no quintal. Apesar das macaquices em jabuticabeiras e pés de tamarindo eu nunca tive um osso quebrado. Só destroncado. Gesso eu nunca usei, mas sempre que precisava a Vó Ricó me benzia a espinhela caída.
Cresci e as bolas de agora ainda me assustam. Tenho medo da morte por não crer [ainda?] no sentido da vida. Repasso, mentalmente, o que precisa ser feito, mas fico adiando a elaboração do meu imposto de renda. Tenho vontade de falar o que eu quero, mas acabo engolindo o que não desce goela abaixo. Ainda me doem os pés porque descubro que os medos continuam plantados em meus quintais.
Foto: Wolney Fernandes
2 comentários:
Oi Wolney, acabei de ler o livro "Meu pé de laranja lima" e lembrei-me de você, mesmo sem o conhecer, na hora. Leia, só digo isso. Vão rolar lágrimas, pois livro mais doce está para ser escrito. Se é que você ainda não o leu!
Um beijo da sua anônima!
Querida Anônima!
Li "Meu pé de laranja lima" quando era adolescente. Lembro de partes bem poucas e com sua indicação fiquei muito tentado a revisitar a obra. Obrigado pela visita frequente e indicação!
Bjo.
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