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terça-feira, 18 de outubro de 2011

A vida em coisinhas de nada


- "Estranho seria se você, adulto, gostasse do Justin Bieber. A música dele não é feita pra você!" Ao ouvir isso em uma entrevista pela TV, eu até entendi, mas estranhei. Só se pode gostar de coisas feitas para a idade da gente?

- Atravesso a rua e ouço o motorista buzinar insistentemente em frente ao prédio.

- A beleza dela é daquelas difíceis de descrever, mas aquele vestido verde e aquela boca cor de goiaba só podia ser combição para que todos os olhares se voltassem para ela.

- A música que você adora foi parar na novela das oito e ainda tem gente que não gosta de saber da notícia.

- Comprei a capa para o celular às 10h30. Às 11h, sem perceber, joguei a sacolinha com a capa novinha no lixo! Voltei ao meio dia para ver se ainda a encontrava, mas já tinham recolhido o lixo às 11h45.

- E o motorista insiste em buzinar em frente à portaria, mesmo o prédio tendo 104 apartamentos.

- Pergunto ao moço da banca se a Revista Trip deste mês já chegou. Ele diz que não e me indaga: "Só hoje, você é a quinta pessoa que procura por esta revista. O que ela tem neste mês que todo mundo quer?" - Eu sorrio por dentro e digo bem tranquilo: "Dois homens se beijando na capa".

Imagem: Capa da Revista Trip do mês de outubro de 2011 cujo tema é a diversidade sexual.

Um comentário:

Gwavira Gwayá disse...

... coisinhas de nada, como um ponto de bordado é uma coisinha de nada... mas quando cada um se junta a outro, e a muitos outros, vai articulando texturas, cores, formas, tensões, volumes, vãos, desvãos... como são os dias, e as noites, e as vidas...
Lindo texto, meu querido!