"Por que as pessoas precisam morrer?"
Nunca obtive resposta satisfatória para esta pergunta. Apesar disso, ela sempre me assola por ocasião do meu aniversário e, à medida que o tempo passa, transito entre a inquietude e a indiferença debochada ao tentar respondê-la. É irônico imaginar que nossa única certeza é também nossa maior dúvida.
Curioso falar de morte quando se celebra a vida, mas dentro de tantas lembranças de coisas que não voltam mais, fica essa estranheza e um certo medo [confesso!] daquilo que virá a ser indubitavelmente.
Hoje, 17 de junho de 2012, obtive uma resposta ao assistir o último episódio da série "A Sete Palmos" [Six Feet Under, 2001-2005]. Ao confrontar a morte diariamente, a família Fisher reposiciona seus dramas de vida para além da constatação do fim e, sem recadinhos ou adjetivos de superação, me ajuda a elaborar possibilidades para compreender questões existenciais, tão típicas desse tempo.
"Você só tem uma vida. Não há Deus, regras, nem julgamentos a não ser aqueles que você aceita ou cria. E quando acaba está acabado. Um sono sem sonhos por toda eternidade. Porque não ser feliz enquanto se está aqui?"
Por que não?
Já que se aproximar da morte é um processo irreversível, melhor mesmo é encará-la todo dia, sem adiamentos. Talvez seja esse o signo do finais: a morte, quando sentada na cadeira ao lado pode até roubar da gente os sossegos, mas também coloca em nosso colo o agora, o urgente e o arbitrário.
Quanto a mim, vou indo até bem. Me pego no exemplo das paineiras, imensas e imponentes, que nessa época estão todas nuas arrebentando em flores rosas. Vou mastigando meus medos, criando coragem para outras movimentações, costurando novas possibilidades de resposta para, quem sabe, finalmente botar a vida no tempo presente.
Por que as pessoas precisam morrer?
Simples! Para fazer a vida ser importante.
Um comentário:
Pressa
se é certo que
em algum ponto da vida
nos aguarda, inevitável, a morte,
para que a pressa?
Gwavira Gwayá
Terra Brasília, julho de 2010
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