terça-feira, 16 de outubro de 2012
Cúmplice
No meio da fila para comprar o ingresso, desisti do cinema. Sem explicações para aquela súbita desistência sentei na praça de alimentação e vi um amor morrer. Ele, desolado, buscava o toque das mãos dela. Ela chorava silenciosamente. Rosto imóvel, lágrimas rolando sem parar.
Entre os dois, uma história inteira definhava frente ao silêncio que o choro fazia escorrer. Ao redor dos dois, riso e movimentação escondiam aquele amor agonizante. Nos minutos finais ele olhou no relógio e ela pegou a mochila. Partiram cada um para um lado.
Estranhamente, a vida continuou em seu movimento normal. Nenhuma música de fundo, nem mesmo um olhar de hesitação sobre o ombro. Ninguém fez nada diante da morte daquele amor. Nem eu.
Cúmplice, retirei-me da cena do crime com o coração na garganta.
Imagem capturada aqui.
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Um comentário:
... e deixou-me, aqui, com o coração na garganta...
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