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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Transbordamentos


Tenho receio dos embrutecimentos. Ainda desejo a possibilidade da lágrima provocada por um filme. Tenho medo de ficar monocromático e não sentir falta das cores, dos cheiros, da música, dos gritos... Medo grande de caber em mim mesmo e impedir os transbordamentos.

Prefiro entender que os dias são tão delicados e plurais, que a beleza é fácil de compreender, que a chuva e o fogo, o sublime e o grotesco, tudo isso cabe em mim. E que os derramamentos disso tudo se cumpram sem minha guarda constante.

Vez em quando desejo uma equação que solucione os meus dias, mas na maioria deles, vago em busca de beijos de língua, de pessoas e imagens que provoquem a minha escala Richter, uma possibilidade de perfume, um pedaço de futuro, uma carta... quem sabe?

Imagem de Joe Webb

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