segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Quando é difícil ser só espectador
O moço não estava nem aí pro movimento de ônibus e carros e pessoas apressadas pra chegar em seus destinos variados. Foi ali, na Avenida 10, umas quase dez horas e ele estava sujo, cabelo arrepiado, olhar de fome, encostado na parede limpa da igreja. Olhos no céu, pés no chão e todo cuidado do mundo em empinar, como uma pipa, uma sacolinha de supermercado cheia de ar que voava sob os cuidados do vento. Resmungava sei lá o quê.
Não sei ao certo, mas aquilo provocou em mim uma pausa que durou bem mais que o tempo do sinal vermelho.
Tem horas que é difícil demais ser só espectador. Talvez por isso a minha opção em ser roteirista. Ficou apenas um pensamento: se a história fosse minha, eu iria conseguir olhar para o céu?
A foto eu achei aqui.
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