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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Querência

O que mais ele desejava era apaixonar-se por alguém de olhos sinceros. Aqueles com uma cor clara e que, dilatados ou não, refletissem a alma, sem truques. Esperou muito por isso. Ansiou por essa pessoa de gestos limpos e lavados, como frutas descascadas, que embalasse seu presente em colos mornos com a paciência de quem une pétalas em rosas de papel crepom. Alguém que teria nome único, difícil de chamar e com apelido para simplificar. Um cúmplice de lembranças infantis e de desejos contidos no mais banal cotidiano. Com antebraços de abraçar, cabelos de cafuné, que não usaria ouro ou prata e choraria em silêncio diante de aquarelas e telas cinematográficas. Refugiar-se-ia em fortalezas inalcançáveis de solidão, de onde sairia mais feliz e leve, sem ressentimentos, pois que o bailado da liberdade seria natural e procurado como o ar e a água de beber.

Foto: Wolney Fernandes

2 comentários:

Odailso Berté disse...

Da janela ao lado da minha cama, misturada ao escuro da noite e às luzes da cidade, vejo a chuva, que caiu em pé e correu deitada o dia inteiro. O vendedor de guarda chuvas, em profético marketing, gritava que 'choverão quarenta dias e quarenta noites'. Eu, que por vários dias me molhei na chuva, me converti, comprei um pretinho básico pra me salvar do dilúvio.

A lembrança premente de agora é das noites frias de Curitiba, em julho de 2008, quando conhecia, por voz, escritos e imagens, a pessoa que chamei de "mensageiro natural, de coisas naturais". Expectativas tantas gerou em mim, de uma 'festa de doces' numa cidadezinha no meio do cerrado goiano, cercada por histórias de serpente, anjos e uma mulher que nasceu para ser rainha do mundo.

O contexto agora não é o mesmo, mas a festa e o mesnsageiro são tão reais que posso tocá-los em minha saudade, sentir seu gosto e me encher de vontade. Esse mensageiro menino chega mais longe, é um "cavaleiro marginal lavado em ribeirão, cavaleiro negro que viveu mistérios, cavaleiro e senhor de casa e árvore, sem querer descanso nem dominical".

A tarde de hoje, entre caminhadas, cabelos molhados e espera por livros, serviu para presentear. Escolher a dedo e olhos o que será dedilhado e olhado pelo senhor de casa e árvore, o mensageiro que logo virá. Aqui estão todos junto de mim, 'a bagagem' de Adélia, 'as abelhas' de Sue e 'o dia' de Maria, à espera. Juntos (re)lemos os comentários, ouvimos músicas, acompanhamos a chuva em pranto doce e até cantamos, bem baixinho, em castelhano... 'No quiero estar sin ti...'

Dormiremos assim, ouvindo a chuva, chorando baixinho, com tanta saudade dos carinhos da mãe, do abraço forte do pai, dos beijos do meu amor. Assim saudoso, sofrido e sozinho sonharei mensagens naturais, de casa e árvore...

http://dancamentos.blogspot.com/2010/07/chove-saudade-em-tempos-presentes.html

Odailso Berté disse...

Da janela ao lado da minha cama, misturada ao escuro da noite e às luzes da cidade, vejo a chuva, que caiu em pé e correu deitada o dia inteiro. O vendedor de guarda chuvas, em profético marketing, gritava que 'choverão quarenta dias e quarenta noites'. Eu, que por vários dias me molhei na chuva, me converti, comprei um pretinho básico pra me salvar do dilúvio.

A lembrança premente de agora é das noites frias de Curitiba, em julho de 2008, quando conhecia, por voz, escritos e imagens, a pessoa que chamei de "mensageiro natural, de coisas naturais". Expectativas tantas gerou em mim, de uma 'festa de doces' numa cidadezinha no meio do cerrado goiano, cercada por histórias de serpente, anjos e uma mulher que nasceu para ser rainha do mundo.

O contexto agora não é o mesmo, mas a festa e o mesnsageiro são tão reais que posso tocá-los em minha saudade, sentir seu gosto e me encher de vontade. Esse mensageiro menino chega mais longe, é um "cavaleiro marginal lavado em ribeirão, cavaleiro negro que viveu mistérios, cavaleiro e senhor de casa e árvore, sem querer descanso nem dominical".

A tarde de hoje, entre caminhadas, cabelos molhados e espera por livros, serviu para presentear. Escolher a dedo e olhos o que será dedilhado e olhado pelo senhor de casa e árvore, o mensageiro que logo virá. Aqui estão todos junto de mim, 'a bagagem' de Adélia, 'as abelhas' de Sue e 'o dia' de Maria, à espera. Juntos (re)lemos os comentários, ouvimos músicas, acompanhamos a chuva em pranto doce e até cantamos, bem baixinho, em castelhano... 'No quiero estar sin ti...'

Dormiremos assim, ouvindo a chuva, chorando baixinho, com tanta saudade dos carinhos da mãe, do abraço forte do pai, dos beijos do meu amor. Assim saudoso, sofrido e sozinho sonharei mensagens naturais, de casa e árvore...

http://dancamentos.blogspot.com/2010/07/chove-saudade-em-tempos-presentes.html