Meus olhos alcançaram um lago que estava parcialmente congelado. Era apenas uma camada fina de gelo, mas já bastou para me deixar todo empolgado. Um rapaz norte-americano em visita ao Brasil que encontramos no aeroporto disse não entender essa fascinação que nós brasileiros temos com a neve. Eu disse a ele que é apenas vontade de experimentar algo que só existe no nosso imaginário. Tornal real aquilo que se vê apenas nos filmes.
Toquei o lago gelado e resolvi sentar perto de uma daquelas pontes lindas espalhadas pelo parque. Dois esquilos faziam festa na árvore ao lado. Um deles chegou bem perto de mim procurando comida. Arisco como ele só, fugiu dali ao notar minha movimentação para pegar a maquina fotográfica. Caminhando um pouco mais encontrei o local onde John Lennon foi morto. Várias pessoas rodeavam a grande mandala desenhada no chão com a palavra "Imagine" no centro. Um rapaz colocava flores perto de um vioão customizado que fora depositado ali ao lado de várias fotos do cantor.
De lá segui até o jardim de Shakespeare, um lugar para meditação muito agrádavel para sentar e descansar. Dali até o museu foi um pulo. Ao entrar no prédio pude ver obras do mundo inteiro porque o local está organizado como um mapa-mundi: sala da Grécia, do Egito, do Japão, etc... Entre Picassos e Van Goghs o que mais me impressionou foi o trabalho dos povos da Oceania. Cores terrosas, traços espontâneos. Arte ligada à vida. Algo notável pela simplicidade salpicada de beleza.
Vaguei por aqueles corredores até a hora do almoço. Fiz um lanche rápido e segui para o Museu de Arte Moderna que, apesar de distante, valeu a pena caminhar ate lá. Entre um museu e outro vi o Rockfeller Center com sua famosa pista de patinação e sua notória arquitetura art'deco.
Na saida passei pela loja do museu e me surpreendi com a quantidade de produtos e livros disponíveis. Acabei ficando mais tempo do que gostaria, mas infelizmente os preços estavam lá nas alturas. Infelizmente, a arte, hoje em dia, eleva tudo a um estatus absurdo.
Saí da loja com um sentimento de frustração. Resolvi procurar uma livraria fora dos limites do "olimpo da arte". No caminho encontrei vitrines incríveis de todas as grandes marcas: Prada, Hugo Boss, Ralph Lauren, Dolce Gabana, Gap, Victoria's Secret, NBA... Não resisti e entrei na loja da Disney. Fiquei encantado com os esboços dos desenhos famosos que eu gosto tanto. Um dos funcionários me indicou uma boa livraria que ficava ali perto e foi lá que passei o resto da tarde.
Já era noite quando saí pela porta automática da livraria e parei fascinado com o que vi. Nevava bem de levinho. Os flocos iam se acumulando no meu casaco escuro enquanto eu tentava fotografar aquele fenômeno. Na realidade chovia junto (!) e me disseram que nem iria dar pra ver a neve se acumular porque a chuva já cuidava de derretê-la. Não me importei. Parei na frente de um hotel e fiquei admirando o jeito sereno da neve cair. Ninguém mais parecia se importar com aquilo que acontecia. Só eu. Nem sei o tempo que permaneci quieto sem conseguir me mexer. Metade por conta do frio, metade por conta da fascinação. Quando acordei do transe estava na frente do albergue.
21 de Janeiro de 2008
Imagens: Wolney Fernandes
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