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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Encontros e Desencontros

A cena final de "Encontros e Desencontros" (Lost in translation, EUA, 2003) já nasceu clássica: um sussurro entre os personagens principais, inteligível a quem assiste o filme, é a pura tradução da cumplicidade construída entre os dois protagonistas durante a história.

Charlotte (Scarlett Johansson) e Bob (Bill Murray) experimentam solidões particulares em meio a uma Tóquio de neóns e agitações que, a princípio, parece não afetá-los. O encontro dos personagens em uma madrugada insone preenche com sentidos o vazio que a dupla partilha diante de suas vidas, até então, insípidas e incolores.

Ela, em sua juventude, vigor e beleza é o mundo que ele deseja habitar. Ele, com sua experiência e inteligência é o universo que ela deseja possuir. E assim, silêncios são partilhados em uma narrativa brilhantemente orquestrada por Sofia Coppola. Em um jogo de antíteses, completudes são construídas na relação carinhosa que parece alimentar a vontade de movimentar suas vidas, até ali, estáticas.

O filme termina, mas seu gosto saboroso permanece latente no modo como nos faz refletir sobre tantas coisas como solidão, silêncio, identidade, escolha, vontade e projeto de vida. Aquele sussurro do final, citado no início da postagem, parece ressoar em nossos ouvidos como uma melodia, cujos acordes repetem sem cessar "it's good, so good, it's so good!".

Imagem capturada aqui.

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