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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dezessete de maio de 2012 - Quinta


Seir eu conheci em 1994 quando começamos a trabalhar juntos na escola da minha cidade-natal.

Manoela eu conheci em 2006 quando ensaiava voltar para a faculdade no desejo de fazer mestrado.

De cara, Seir e eu, sonhadores com um cotidiano escolar repleto de experimentações, nos aproximamos para pensar projetos, organizar desfiles históricos culturais e planejar inúmeras festas do calendário escolar encenadas em palcos montados nas carrocerias de caminhão.

Em 2006, Manoela me ensinou a carimbar imagens com borrachas brancas tirando o princípio da gravura de dentro dos ateliês para colocá-lo na palma da minha mão. Quatro anos depois, em 2010, em uma aula inaugural do mestrado, percebemos o quanto nossos desejos poéticos eram parecidos. Das muitas coisas em comum, o fato de nascermos no mesmo dia, 17 de junho, nos motivou a combinarmos um café que só se tornaria realidade um ano mais tarde.

De 1994 a 1997, Seir e eu compartilhamos risos frouxos, escrevemos juntos e encenamos entrevistas, brigas de mãe e filho e dirigimos as produções escolares mais divertidas daquela época. Depois disso eu me mudei para Goiânia e Seir, algum tempo depois, mudou-se para a Irlanda.

No ano passado, Manoela e eu firmamos parceria em uma disciplina de Poéticas Urbanas, pensada e ministrada em conjunto, e inauguramos uma amizade que rendeu um coletivo de arte, orgulhosamente nomeado de DUPLICATA17. Tudo isso para oficializar desejos e criar opções coletivas de encontros ligados a experiência de convívio e troca de afetos. Agora, em 2012, Manoela está partindo para Londres.

Hoje, 17 de maio de 2012:

Seir voltou da Irlanda e, embora ainda não tenhamos nos encontrado pessoalmente, hoje pela manhã ela me ligou e conversamos como se o tempo não tivesse passado desde que nos vimos pela última vez.

À tarde, Manoela e eu nos encontramos, por acaso, naquele que certamente foi nosso encontro de despedida, já que ela parte em dois dias para as terras da rainha.

Pelos [re]encontros e despedidas, os cruzamentos misteriosos que a vida traça cartografam uma geografia de sentimentos que me atravessa e tatua afetos em meu peito. São marcas que aprofundam relações e que reforçam vínculos de amizade e sincronicidade. As vidas destas duas amigas estarão [e]ternamente trançadas à minha própria história e, é por estas idas e vindas, que sigo celebrando o agora, o antes e todos os dias dezessetes que estão por vir!

Imagem: Manoela e eu na Praça 17 (Recife/PE) diante do monumento que marcou a chegada de aviadores no Brasil no dia 17 de junho de 1922. Foto de Alexandre Strapasson

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