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domingo, 5 de agosto de 2012

Meu Balão de Gás Hélio


Compro um balão de gás hélio e sento no banco do parque esperando os minutos passarem. Passam por mim dois meninos que me olham sem entender o motivo pelo qual um adulto está ali sentado com um balão colorido nas mãos.

Passa uma mãe levando o filho no colo. Ela retorna quando percebe o interesse da criança pelo balão. Me ignora e balbucia, em língua que só ela e o filho entendem, gracejos e odes à bexiga de gás.

Fico no parque até anoitecer. Por vezes, esqueço do balão e me assusto quando a brisa ensaia danças com ele ao meu lado.

Em determinado momento sou convidado a olhar o céu. Reclamo das luzes da cidade que ofuscam o brilho das estrelas me impedindo de localizar o Cruzeiro do Sul ou as Três Marias.

Minutos antes de ir embora, o fio que prende o balão se arrebenta e ele começa a subir sem rumo, mas em direção a constelações invisíveis. Invejo aquele vôo lento, errante, libertador... movido pela brisa noturna e cujo destino é um céu salpicado de estrelas que, embora ofuscadas pela iluminação urbana, traçam rotas inventivas e riscam desenhos de se perder de vista.

Foto: Wolney Fernandes

3 comentários:

Nat disse...

Adorei seu blog.
Descobri por acaso e estou seguindo.

Um abraço!

Wolney Fernandes disse...

Oi Nat! Seja muito bem vinda! Fico feliz que tenha gostado do blog!

Carina Carvalho disse...

Bonito texto.
Não lembro como cheguei aqui, mas gosto. :)