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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Diagnóstico


Enquanto esperava pela consulta no oftalmologista, conjurei diagnósticos possíveis para os sorrisos que tem tomado meus olhos nas últimas semanas: cataratas de insanidade, miopia passageira, astigmatismo que embaralha distâncias, aumento da pressão ocular e cardíaca... cegueira?

O que veio em seguida foi promessa de mar: "Você tem uma visão ótima!". Suspirei atravessado por certa decepção. "Não, doutor! Me diga que há algo errado para que eu possa cuidar enquanto há tempo". Não seria loucura demais tantos sorrisos trocados por dias e madrugadas a fio? Na certa eu estava enxergando tudo distorcido.

"Nem de óculos você precisa!" - concluiu.

Saí do consultório decidido a procurar um outro profissional, mas havia um mar tão lindo refletindo o fim do dia que, de súbito, fui tomado por um espírito aventureiro. É outra estação. O que pode dar errado sob a atmosfera de tanto bem-querer?

Não há nada de errado com minhas vistas. Foi o médico quem atestou. De todo modo, há sempre a possibilidade de contar com o sol, mojito na mão, desenhos na areia e óculos escuros. Mesmo com a visão embaralhada pela pupila dilatada, caminhei tão levemente que negligenciei a vontade de ouvir a opinião de outro profissional a respeito.

Aproveitei para comprar filtro solar, tirar as bermudas da gaveta e prometi conchas para mim mesmo!

Imagem capturada aqui.

2 comentários:

Unknown disse...

Tão sonhador e inspirador (:

Larissa Luz disse...

Ao emoldurar os olhos, tu tens que fazer algumas escolhas. Quer ver o mundo mais nítido ou mais saturado? Os dois, sem chance.

Me lembro de certa vez, na infância de colégio, em que um amigo me contou que era daltônico. O que ele não sabia, na época, é que estava me fazendo um agrado: ganhei óculos imaginários que te fazem enxergar o mundo ao avesso. Passava o tempo inteiro apontando pras coisas: que cor é essa? E essa? E aquela outra?

Quando as palavras dele tentavam me enganar, seus olhos o denunciavam: eu sei que isso não é verde pra ti!

Os olhos detestam paralogismos. São adeptos a sofisma, e é por isso que vivem pregando peças na gente.

Seriam as conchas mais amigáveis que as ostras? Pois as minhas ostras só carregam cacos de vidro. Talvez seja o caso mudar pra conchas. Dá até pra escutar o mar.