
Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vez por pensamentos e palavras, atos e omissões.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... os dias precisam de preenchimentos sem fim para lançar os vazios daqui de dentro para fora.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... acordo tarde em dia de segunda e tranço desculpas para não sair de casa.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... o desejo torna-se apenas um sotaque que se escuta na breve entonação de uma frase proferida.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... leio as dores alheias sem pronunciar palavras de cura.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... não pronuncio curas porque minhas enfermidades não desenham diagnósticos possíveis.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... risco imagens de mim sem traduções possíveis.
Por minha culpa, minha tão grande culpa... meus erros travestidos em silêncios buscam um toque mais íntimo com a solidão.
E peço aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que me rogueis toda sorte de castigos e, então, me deixeis aqui, assim, dilacerado... por minha culpa, minha tão grande culpa.
Foto: Wolney Fernandes