Aviso aos navegantes: não se trata de não acreditar que a felicidade é intensificada quando compartilhada. Nem de adotar a solidão como um estilo de vida permanente, mas de não depositar toda a esperança de salvação fora de mim mesmo. Não estou sozinho para buscar companhias diferentes ou ter o campo livre para "ir à caça" em rituais que, falsamente, sugerem que só é possível aproveitar a vida de forma descompromissada.
Dentro dos longos espaços solitários que tenho vivido, brotam coisas bonitas e simples. Por vezes, até penso em escrevê-las, mas, sei lá, tenho preferido guardá-las em fronteiras que se movem entre angústias e sonhos bons. Sem aquela invenção de personagens ou exigências de que eu seja quem as pessoas queiram ou precisam. É nesse vazio que me movimento em [re]descobrimentos de mim mesmo.
Quando tudo é silêncio, relembro que viver é dar sentido ao que não tem sentido algum. Se essa liberdade cobra um preço alto para a maioria, para mim é uma dívida fácil de quitar. Portanto, minha resposta, que vem em forma de pergunta, faz coro com Marisa Monte ao questionar: "Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?"
Foto: Wolney Fernandes