Deus, ao mar o perigo e o abismo deu.Mas é nele que se reflete o céu.
Fernando Pessoa
Imagem: Wolney Fernandes
Ainda preso aos meus devaneios tento aos poucos fincar os meus pés de leve no chão... De leve mesmo, porque como já disse Chico a gente vai sonhando, pois sem isso 'ninguém segura esse rojão'. Eu pelo menos não. Umas coisas estão bem concretas e visíveis e outras... É imaginação! Risos. Gosto muito de imaginar, não posso negar.
Sete músicas que não saíram do meu mp3 no último mês:
A Criança Nova que habita onde vivo
Gosto tanto de cinema que vira e mexe fico procurando por curiosidades, trailers e músicas de filmes que ainda estão pra chegar aqui ao Brasil. As motivações são bem variadas, mas todas elas são também meio inexplicáveis. O que me fez chegar no longa "Na natureza selvagem" (Into the wild, 2007) foi um cartaz que vi outro dia no shopping. A boa impressão que tive da peça gráfica (com meu olhar crítico) me fez procurar a imagem pelo Google. Daí começou uma teia de novas descobertas: o cartaz me levou à bela trilha sonora, que me levou a Eddie Vedder, que me levou ao Pearl Jam, que me levou ao trailer, que me trouxe essa vontade de escrever no blog sobre um filme que ainda nem vi.
Outro dia, visitando o blog da filósofa Márcia Tiburi, encontrei um texto sobre o paradoxo do veneno. Filosófico e poético, como ela mesma descreve, o texto me deixou impactado quando o vi no Saia Justa pela primeira vez. Até hoje ainda não tinha entendido o porquê do impacto. Agora que fui envenenado por uma rosa (qualquer hora explico tudo), posso compreender melhor a força das palavras que reproduzo abaixo:
Gosto da vista que tenho da janela do meu quarto. Nela, o luar que atravessa os prédios do centro de Goiânia, banha parte da minha cama com sua luz serena. Nas noites de lua, deixo persiana e janela abertas só pra ouvir o barulhinho da cidade adormecendo e poder enxergar o reflexo difuso que é projetado na parede ao lado da cama.
Foi uma surpresa quando percebi que o motorista de táxi que tinha me trazido para a pousada na chegada era o mesmo que iria me levar ao aeroporto na partida. Do alto dos seus cinqüenta e poucos anos, tagarela como ele só, reclamou da chuva durante o trajeto: Já estamos em Novembro e não tem turista em Florianópolis. Tudo culpa dessa chuva que não pára. Desse jeito o verão não chega. Um absurdo!
Para quem duvida dos poderes que me são dados quando publico um blog:
Amar o perdido
Neste final de semana assisti o filme "Piaf - Um hino de amor". Confesso que ainda estou sob o efeito avassalador da interpretação estupenda de Marion Cotillard que vive uma Edith com todas as nuances possíveis. Seu corpo se transmuta em fragilidade e sua voz ecoa numa força que penetra nossas almas.
A famosa fotógrafa Annie Leibovitz foi chamada pela Disney para fazer um ensaio comemorativo transformando celebridades internacionais em personagens clássicos e recriando momentos dos longas. No elenco: Beyoncé Knowles aparece como “Alice no país das Maravilhas”, David Beckham é o Príncipe Felipe do longa “A Bela Adormecida”, Rachel Weisz como "Branca de Neve” e outros mais que você pode baixar clicando Aqui!.
Na hora da chuva de ontem eu estava dentro do carro e lá fiquei.
Prólogo
Todos os dias tenho de manter a cabeça sadia nesse labirinto gigante, escapar da Hidra, do Leão, descer até o inferno e pegar a cabeça do cão de Hades, que pode ser a perda do horário do trabalho por causa do sono acumulado, a fome que cresce por entre meus poros porque não há tempo para almoçar algo melhor do que um sanduíche natural da cantina da Faculdade de Artes (com maionese no meio!?) ou tentar dar conta de todos os trabalhos da Engenho para cumprir a jornada de um dia inteiro que parece me levar como se fosse a eternidade.
Esta ilustração eu fiz para a agenda 2008 da CAJU que ainda estou desenvolvendo. O tema é "Por causa da Felicidade". A imagem acima é para o mês da Liberdade.
Três músicas da semana:
Eu vivo sempre guardando coisas que me são preciosas. E não são apenas cartas ou figurinhas, mas principalmente desejos e lembranças. Eu as guardo, mas elas nem sempre permanecem escondidas ou organizadas como eu imaginei, pois estão sempre vindo à tona para lembrar o que é necessário recordar. Talvez não as memórias e as pessoas, mas os sentidos e as relações provocadas por elas.
Sempre imaginei o quintal da minha casa em Lagolândia como um lugar onde tudo era possível. Dos pés de jabuticaba ao buraco de terra nas raízes na mangueira existia um mar de possibilidades que se mostrava sempre novo a cada dia. Era delicioso quando minha vó varria as folhas e pedras debaixo do pé de manga bahia e fazia resplandecer aquele chão de terra batida. As brincadeiras com minha irmã, meus primos e amigos começavam e terminavam naquele espaço de sombra abundante. Os lanches, quase sempre regados a frutas colhidas no próprio quintal, eram feitos ali. As iguarias por nós elegidas iam de balinhas de tamarindo, com sal no lugar das sementes, a tomates docinhos que a gente colhia na horta. Outubro e novembro eram os meses que tinhamos todas as frutas da estação ao alcance das mãos: caju, manga, jabuticaba, ata, abacate, goiaba, etc...
Minha doce fascinação por Nara Leão nasceu por acaso. Numa visita ao site do estilista mineiro Ronaldo Fraga me deparei com um texto que é uma verdadeira declaração de amor à cantora. Fiquei curioso. Por que usá-la como ponto de partida para criar uma coleção inteira?
As seis primeiras ilustrações para a Agenda da Rede Educacional Franciscana 2008 já prontas. Agora só faltam mais seis. Ufa!
Ela
Esse anjinho eu ganhei do Alexandre que trouxe lá de Florianópolis. Ele é um detalhe da pintura feita na Capela de Nossa Sra. das Necessidades.
Ali era uma ladeira. Mais pra frente, uma casa. Para trás ficava a escola. Do outro lado morava a Maria do Bugi. Por aqui passava uma rua larga. No meio da rua, mas bem no meio mesmo, tinha um pé de flamboyant bem grande que jogava sua sombra pra dentro da casa.
A idéia é mostrar, semanalmente, 3 músicas que embalaram meus dias. Assim, ao longo do tempo vou ter a trilha sonora desses instantes possíveis. Não dá pra sobreviver sem uma boa música. Trabalhar, estudar, dirigir, adormecer e acordar ficam mais interessantes se tiverem como pano de fundo uma boa seleção musical. Comigo é assim, música pra todo lado, em todo canto e a qualquer hora.Como ainda não sei postar o áudio no blog, vou me contentar em só listar os nomes das canções. Pra ilustrar vou usar imagens bem nostálgicas destas fitas-cassete (lembram?). O site tapedeck tem um montão de imagens delas, de várias marcas e muitos modelos.Só de olhar já sinto saudades das noites que ficava ouvindo a rádio São Carlos FM, esperando passar “aquela” música para gravar. Bons tempos!
Meia hora depois que partimos de Goiânia me ajeitei na poltrona do ônibus, coloquei Nara Leão pra tocar no meu mp3 player e fechei os olhos. Pronto! – Pensei com meus botões – se depender do meu cansaço, só acordo em Florianópolis.Infelizmente não foi bem assim.
Quem ainda não visitou a exposição Lavras e Louvores no Museu Antropológico da UFG precisa ir correndo dar uma olhada. A mostra conta nossa região de forma não linear, refutando o mito reducionista do desenvolvimento da modernidade sobre o sertão.
Os esboços e resultado final do pôster que produzi para minha pesquisa sobre Santa Dica mostram meu esforço para aproximar o estilo da peça ao das bandeiras das folias e mastros das festas populares. Claro que tive ajuda preciosa da Rosi para pintar e bordar as cores e os traços do estandarte. A Rosi Martins, amiga de sempre, é atriz pesquisadora nesta área e tem um trabalho excepcional com sua Cia. Trapaça.
O segundo álbum de James Blunt, All the Lost Souls, lançado recentemente, traz em suas dez faixas a mesma marca que o fizeram famoso: o romantismo e a melancolia. Minha música predileta é a balada 1973 que segue um caminho nostálgico de ritmo e questionamento existencialista. Confira no belíssimo clip abaixo:
Pois é, o primeiro texto deste blog foi escrito no dia do meu aniversário e só agora, quatro meses e nove dias depois, volto a escrever. Fazia um bom tempo que eu queria voltar a postar com regularidade, mas talvez tenha me faltado a devida habilidade para administrar esse desejo simultaneamente a uma agenda bastante atribulada, que tinha de tudo um pouco: desenhar agenda, escrever artigos, bordar pôster, baixar músicas, assistir Heroes, namorar, pagar condomínio, ler a revista Trip, atualizar o orkut, descansar em Lagolândia, fazer supermercado, jogar Chispa e por aí vai...
Este é meu segundo blog. O antigo (retrato 3x4) durou um ano. O título substituído tinha a intenção de ressaltar que mesmo sendo o segundo, este blog traria em suas entrelinhas a mesma expectativa e dinâmica do primeiro. Doce engano – ensinou-me Calvin, com sua filosofia Haroldiana – Se não sou o mesmo de antes, então o segundo não seria como o primeiro. Melhor? Pior? Não sei classificar. Sei que continuo acreditando em promessas de felicidade, rabiscando o cotidiano como instantes possíveis. Talvez tenha a ver com a física quântica, como está na moda dizer. Também não sei. A resposta vai surgir em pensamento, assim, como deve ser. Wolney, idade, blog e livros novos para celebrar a vida que fica melhor a cada dia. Vamos em frente!