terça-feira, 30 de setembro de 2008
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Ensaio sobre a cegueira
Depois de assistir ao ótimo "Ensaio sobre a Cegueira" vasculhei a internet a procura de informações e críticas sobre o último filme de Fernando Meirelles. Este texto é para dizer que o filme é primoroso e para mostrar parte de minha pesquisa. Aproveitem!
01. Um diário de produção (blogdeblindess.blogspot.com) escrito pelo próprio Fernando Meireles com preciosas reflexões como esta que reproduzo abaixo:
"A primeira imagem que me veio ao ler o “Ensaio Sobre a Cegueira” foi a da nossa civilização como uma complexa estrutura, como aquelas que se formam ao acaso no jogo de pega-varetas. De repente, uma vareta é retirada (a visão) e a estrutura toda desaba. Me interessei por esta história porque ela expõe a fragilidade desta civilização que consideramos tão sólida. Em nossa sociedade, os limites do que achamos que é civilizado são rompidos cotidianamente, mas parece que não nos damos conta, a barbárie está instalada e não vemos ou não queremos ver. Para mim, era sobre isso o livro. A metáfora da cegueira branca ilustra nossa falta de visão. “Eu não acho que ficamos cegos”, diz um personagem. “Acho que somos cegos. Cegos que podem ver, mas não vêem”. Por quanto sofrimento precisamos passar para que consigamos abrir os olhos e ver? Essa foi a primeira questão que me coloquei ao fechar a última página."
02. A ótima crítica do Pablo Villaça no site Cinema em Cena.
03. Um vídeo que mostra diretor e atores falando sobre o filme:
04. Uma frase sussurrada no meu ouvido durante a projeção do filme: "O filme mostra a humanidade guiada por uma mulher".
Imagem capturada em http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7284&id_filme=6078&aba=critica
Noite de Quinta
Escutei o barulho da chuva no exato momento que apertei o "power" no controle remoto da TV. Bastou os pingos ressoarem no vidro da janela pra eu mudar meus planos.
Voltei para o meu quarto, peguei o livro que há tempos estava namorando e, sentado na cadeira perto da janela, comecei a leitura saboreando o último pedaço de chocolate branco que sobrou da sessão de cinema.
Vinte páginas depois fui levado pelo canto da chuva.
Imagem: Wolney Fernandes
Voltei para o meu quarto, peguei o livro que há tempos estava namorando e, sentado na cadeira perto da janela, comecei a leitura saboreando o último pedaço de chocolate branco que sobrou da sessão de cinema.
Vinte páginas depois fui levado pelo canto da chuva.
Imagem: Wolney Fernandes
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Busca
Resolvi empreender uma busca por aquilo que me mantém preso. Que me impede de ter o que eu mereço. Sim, sinto-me preso em minhas desculpas, em um círculo vicioso de verbos e adjetivos que eu sempre usei como escudo. As mentiras contadas para acalentar o mundo que me cerca me fazem sempre repetir a mesma história. Talvez na tentantiva de voltar a ser criança e, assim, fazer uma rebelião contra a versão de menino obediente, inteligente, correto e educado construída ao meu redor.
Procuro, abro livros velhos, vasculho bolsos e derrubo armários. Penso nos locais onde estive e em qualquer gaveta onde pudesse ter esquecido minhas vontades para que elas diminuam o abismo que separa quem sou daquele que finjo ser para os outros.
Encontro montes de rascunhos, esboços de sonhos inacabados e um bilhete escrito em letra bem desenhada: "Escolher o certo é escolher aquilo que você quer. Escolher o certo é saber o que te deixa mais feliz."
Leio repetidas vezes o que está escrito e acompanho com o olhar cada rascunho num tempo suficiente pra perceber que a sensação agridoce foi deixada para trás. É preciso entregar ao mundo a verdade sobre mim mesmo, sem medo das consequências. Olho novamente os desenhos e encontro, escondidos, leiautes bem finalizados e talvez sejam eles que despertam em mim a vontade de abrir a janela e enfrentar o vento que pode entrar no quarto. Afinal, não quero mais escudos e nem espelhos que mintam para mim. De toda forma, acho que mereço a verdade...
Imagem: Wolney Fernandes
Procuro, abro livros velhos, vasculho bolsos e derrubo armários. Penso nos locais onde estive e em qualquer gaveta onde pudesse ter esquecido minhas vontades para que elas diminuam o abismo que separa quem sou daquele que finjo ser para os outros.
Encontro montes de rascunhos, esboços de sonhos inacabados e um bilhete escrito em letra bem desenhada: "Escolher o certo é escolher aquilo que você quer. Escolher o certo é saber o que te deixa mais feliz."
Leio repetidas vezes o que está escrito e acompanho com o olhar cada rascunho num tempo suficiente pra perceber que a sensação agridoce foi deixada para trás. É preciso entregar ao mundo a verdade sobre mim mesmo, sem medo das consequências. Olho novamente os desenhos e encontro, escondidos, leiautes bem finalizados e talvez sejam eles que despertam em mim a vontade de abrir a janela e enfrentar o vento que pode entrar no quarto. Afinal, não quero mais escudos e nem espelhos que mintam para mim. De toda forma, acho que mereço a verdade...
Imagem: Wolney Fernandes
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
I really want you
Instigante, inovador e sem cortes aparentes.
Belíssima metáfora para a corrida do tempo.
Aqui, o destino não quebra ou desfaz o sentimento que me move.
"I really want you".
Belíssima metáfora para a corrida do tempo.
Aqui, o destino não quebra ou desfaz o sentimento que me move.
"I really want you".
terça-feira, 23 de setembro de 2008
De tudo um pouco
01. Honey Honey - Amanda Seyfried
02. Today's the day - Aimee Mann
03. Amado - Vanessa da Mata
04. O preço - Engenheiros do Hawaií
05. Beat goes on - Madonna
06. Apologize - Timbaland feat. One Republic
07. Por toda minha vida - Elis Regina e Tom Jobim
08. Mais alguém - Roberta Sá
09. Bambu - Miguel Bosé e Ricky Martin
10. Pranto Livre - Elza Soares
Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/index.php
02. Today's the day - Aimee Mann
03. Amado - Vanessa da Mata
04. O preço - Engenheiros do Hawaií
05. Beat goes on - Madonna
06. Apologize - Timbaland feat. One Republic
07. Por toda minha vida - Elis Regina e Tom Jobim
08. Mais alguém - Roberta Sá
09. Bambu - Miguel Bosé e Ricky Martin
10. Pranto Livre - Elza Soares
Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/index.php
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
É sempre assim...
É sempre assim... de repente me dou conta de minhas fragilidades e, então, todas as vontades de mudança passam pelo meu corpo.
Gostaria de ser mais coragem e menos medo, mais ousadia e menos covardia, mais eu e menos os outros. Afinal, tenho a idade de todos os sonhos que já vivi, de todos os amores que já senti, de todos os projetos aos quais já me entreguei, de todos os caminhos por onde andei. Minha alma tem o tamanho e a intensidade de todas as emoções que já enfrentei, e até daquelas que por medo ou insegurança me afastei.
É sempre assim... tenho a consciência, mas ela não me move com a desenvoltura desejada.
Mas e se de repente eu mudo alguma coisa de lugar e me arrisco?
Imagem: Wolney Fernandes
Gostaria de ser mais coragem e menos medo, mais ousadia e menos covardia, mais eu e menos os outros. Afinal, tenho a idade de todos os sonhos que já vivi, de todos os amores que já senti, de todos os projetos aos quais já me entreguei, de todos os caminhos por onde andei. Minha alma tem o tamanho e a intensidade de todas as emoções que já enfrentei, e até daquelas que por medo ou insegurança me afastei.
É sempre assim... tenho a consciência, mas ela não me move com a desenvoltura desejada.
Mas e se de repente eu mudo alguma coisa de lugar e me arrisco?
Imagem: Wolney Fernandes
Caçador de Mim
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Da chegada da primavera
Ali, bem no meio do calor seco de setembro, um dia você abre a janela e sente uma brisa fresquinha. O céu, antes azul, limpinho de nuvens e varrido como terreiro de chão batido agora se mostra todo movimento. Natureza prenha de vidas prestes a explodir.
Pelas ruas, o aroma dos cajus e o brilho fosco das jabuticabas caminham ao seu lado. Então, na beleza de um milagre cotidiano, você começa a enxergar os flamboyants se acenderem com os primeiros pingos de chuva. Águas anunciando que dali em diante estarão no comando do tempo.
Quando estes sinais inebriarem teus sentidos como cheiro de terra molhada é porque a primavera chegou no cerrado.
Foto: Wolney Fernandes
Pelas ruas, o aroma dos cajus e o brilho fosco das jabuticabas caminham ao seu lado. Então, na beleza de um milagre cotidiano, você começa a enxergar os flamboyants se acenderem com os primeiros pingos de chuva. Águas anunciando que dali em diante estarão no comando do tempo.
Quando estes sinais inebriarem teus sentidos como cheiro de terra molhada é porque a primavera chegou no cerrado.
Foto: Wolney Fernandes
Gráfica Constelação
Esvaziamento
Assim, de supetão, fui acometido por um esvaziamento. O que culminou com a minha presença inerte frente ao computador por quase duas horas, vazio e sem idéias. Caminhei até a janela. O céu me engoliu com sua não-cor por onde nuvens bailarinas de um balé despreocupado e invertebrado se arrastavam suaves, ao acaso.
Nuvens são passatempos dos ventos que com elas brincam. Encobrem o sol em brasa, suicidas, para então serem derretidas. São instantes caprichosos e únicos em toda eternidade, que não ficam mais uma hora, às vezes nem mais um minuto, para que possamos admirá-las.
Mas da janela do décimo andar, eu quase podia tocá-as. Quase podia sentir o cheiro doce, quente e seco no instante em que estiquei os braços um tanto acanhado para tentar tocá-las. Tão perto e tão longe. Jamais saberei explicar o que me preencheu de modo pueril e o que me fez voltar para a realidade naquele instante.
Sei que preferi descer, sentar de novo em frente ao computador e apreciar ao longe o espetáculo que não poderia ser apenas meu.
Imagem: Wolney Fernandes
Nuvens são passatempos dos ventos que com elas brincam. Encobrem o sol em brasa, suicidas, para então serem derretidas. São instantes caprichosos e únicos em toda eternidade, que não ficam mais uma hora, às vezes nem mais um minuto, para que possamos admirá-las.
Mas da janela do décimo andar, eu quase podia tocá-as. Quase podia sentir o cheiro doce, quente e seco no instante em que estiquei os braços um tanto acanhado para tentar tocá-las. Tão perto e tão longe. Jamais saberei explicar o que me preencheu de modo pueril e o que me fez voltar para a realidade naquele instante.
Sei que preferi descer, sentar de novo em frente ao computador e apreciar ao longe o espetáculo que não poderia ser apenas meu.
Imagem: Wolney Fernandes
Chavela Vargas
Imagem e voz de Chavela Vargas cantando La Llorona. Força igual não há!
A vontade é sair rasgando a voz pela vida afora repetindo: "Yo soy como el chile verde, Llorona, picante pero sabroso."
A vontade é sair rasgando a voz pela vida afora repetindo: "Yo soy como el chile verde, Llorona, picante pero sabroso."
Postal da Felicidade
Dois em um
Dual – do latim duale. 1. Composto de duas partes. 2. Relativo a dois.
Gêmeos – 1. a terceira constelação do zodíaco, situada no hemisfério norte, a 7h de ascensão reta e 2º de declinação norte. 2. O terceiro signo do zodíaco, relativo aos que nascem entre 21 de maio e 20 de junho.
Volátil por natureza
Santo e Pecador
Doce e azedo
Puritano e pervertido
Falso e verdadeiro
Criança e adulto
Positivo e negativo
Calmo e nervoso
Sério e brincalhão
Bobo e perspicaz
Camaleão que sofre de excesso de imaginação.
Imagem capturada em http://papelpobre.blogspot.com/
Gêmeos – 1. a terceira constelação do zodíaco, situada no hemisfério norte, a 7h de ascensão reta e 2º de declinação norte. 2. O terceiro signo do zodíaco, relativo aos que nascem entre 21 de maio e 20 de junho.
Volátil por natureza
Santo e Pecador
Doce e azedo
Puritano e pervertido
Falso e verdadeiro
Criança e adulto
Positivo e negativo
Calmo e nervoso
Sério e brincalhão
Bobo e perspicaz
Camaleão que sofre de excesso de imaginação.
Imagem capturada em http://papelpobre.blogspot.com/
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Sonhador de segunda
Querida Sofia,
Ando com uma sensação de que coisas estão acontecendo em sequência. Uma percepção de que fatos se encadeiam e preparam um grande acontecimento. Como uma teoria da conspiração dos sentimentos. Desenfreados e ofegantes como sonhos recheados de realidade. Um se misturando ao outro.
Só você entende as vias tortuosas da minha alma paradoxal e sabe que para mim, sonhar é uma coisa séria. O Freud, o Jung, os astecas, os gregos e troianos, todo mundo já se maravilhou, interpretou, se surpreendeu ou tentou entender essa coisa de dormir e sonhar. Mas aqui eu falo daqueles sonhos que se sonha de olhos abertos, em pleno dia, em momentos especiais. Não sei bem a razão, mas já reparou como esses não recebem tanta atenção como os primeiros e, ao contrário, são por vezes considerados sonhos de segunda?
Você, assim como eu, deve ter ouvido muitos "seja mais pé no chão", "menos, Sofia... menos!" e outros apelos ou chamados para a (sempre) tão dura realidade. Hoje entendo que sou "sonhador de segunda", daqueles que as pessoas desenvolvem um misto de admiração e pena, porque se julgam melhores por lidar com a vida real, como se o concreto as confortasse. Infelizmente elas preferem ficar do lado de lá do palco. Lá onde os papéis são mais dolorosos, onde não há faz de conta nem trocas de papéis. Lá onde as falas se perdem, onde os diálogos não são compreendidos em toda sua importância, onde os mortos não se levantam e agradecem aos aplausos no final, sem momentos intrépidos, sem iluminação especial, apenas um sol e uma lua que já não são suficientes. Lá onde a realidade reina absoluta. Lá onde eu não quero estar.
Eu não quero esquecer meus próprios quereres, e nem procurar soluções rápidas para uma vida sem sentido. Desejo olhar para meus próprios sonhos e não me assustar ou fingir que não os vejo. Quero rir com eles e de olhos e coração arregalados experimentá-los como gosto de baba de moça, brigadeiro e jujuba.
Sinceramente não quero mais usar o futuro como pauta para minhas proposições oníricas, uma vez que elas já permeiam minha realidade como perfume de alfazema e jasmins. Sim! Os sinais são muito evidentes, pois todos os meus sentidos começam a fazer sentido. Dá pra ter esperança se eu entender esperança como o fio que alinhava meus sonhos à minha realidade. Uma costura possível de se fazer.
Beijos daqui das nuvens para você!
P.S.: A imagem desta carta é a capa do novo livro que ganhei hoje. Temos lido juntos (um para o outro) nos finais das tardes de domingo sentados no parque. Os livros infantis nos entrelaçam em cores variadas, revelando almas infantes e particularidades que transformam os olhos em conchas translúcidas de matizes incompreensíveis. Crianças sonhadoras percorrendo a imensidão dos campos de aveia.
Ando com uma sensação de que coisas estão acontecendo em sequência. Uma percepção de que fatos se encadeiam e preparam um grande acontecimento. Como uma teoria da conspiração dos sentimentos. Desenfreados e ofegantes como sonhos recheados de realidade. Um se misturando ao outro.
Só você entende as vias tortuosas da minha alma paradoxal e sabe que para mim, sonhar é uma coisa séria. O Freud, o Jung, os astecas, os gregos e troianos, todo mundo já se maravilhou, interpretou, se surpreendeu ou tentou entender essa coisa de dormir e sonhar. Mas aqui eu falo daqueles sonhos que se sonha de olhos abertos, em pleno dia, em momentos especiais. Não sei bem a razão, mas já reparou como esses não recebem tanta atenção como os primeiros e, ao contrário, são por vezes considerados sonhos de segunda?
Você, assim como eu, deve ter ouvido muitos "seja mais pé no chão", "menos, Sofia... menos!" e outros apelos ou chamados para a (sempre) tão dura realidade. Hoje entendo que sou "sonhador de segunda", daqueles que as pessoas desenvolvem um misto de admiração e pena, porque se julgam melhores por lidar com a vida real, como se o concreto as confortasse. Infelizmente elas preferem ficar do lado de lá do palco. Lá onde os papéis são mais dolorosos, onde não há faz de conta nem trocas de papéis. Lá onde as falas se perdem, onde os diálogos não são compreendidos em toda sua importância, onde os mortos não se levantam e agradecem aos aplausos no final, sem momentos intrépidos, sem iluminação especial, apenas um sol e uma lua que já não são suficientes. Lá onde a realidade reina absoluta. Lá onde eu não quero estar.
Eu não quero esquecer meus próprios quereres, e nem procurar soluções rápidas para uma vida sem sentido. Desejo olhar para meus próprios sonhos e não me assustar ou fingir que não os vejo. Quero rir com eles e de olhos e coração arregalados experimentá-los como gosto de baba de moça, brigadeiro e jujuba.
Sinceramente não quero mais usar o futuro como pauta para minhas proposições oníricas, uma vez que elas já permeiam minha realidade como perfume de alfazema e jasmins. Sim! Os sinais são muito evidentes, pois todos os meus sentidos começam a fazer sentido. Dá pra ter esperança se eu entender esperança como o fio que alinhava meus sonhos à minha realidade. Uma costura possível de se fazer.
Beijos daqui das nuvens para você!
P.S.: A imagem desta carta é a capa do novo livro que ganhei hoje. Temos lido juntos (um para o outro) nos finais das tardes de domingo sentados no parque. Os livros infantis nos entrelaçam em cores variadas, revelando almas infantes e particularidades que transformam os olhos em conchas translúcidas de matizes incompreensíveis. Crianças sonhadoras percorrendo a imensidão dos campos de aveia.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Vaca Bailarina
sábado, 13 de setembro de 2008
Má Educação
O Filme:
Má Educação (La Mala Educación, Espanha, 2004)
Grande questão:
Vivemos em um mundo que nos ensina a mentir?
Detalhes preciosos:
1. Os créditos de abertura;
2. O jogo de sedução à beira da piscina.
3. A maneira como o roteiro vai se desdobrando em camadas narrativas que ora se sobrepõem e ora se misturam;
Frase:
"- Por minha culpa.
- Por tua culpa.
- Por minha tão grande culpa!
- Por tua tão grande culpa!"
Música:
Moon River - Pedro José Sánchez Martínez
Cena que adoro:
Gael Garcia Bernal travestido de Sara Montiel cantando "Quizás, Quizás, Quizás". Clique aqui para ver.
Má Educação (La Mala Educación, Espanha, 2004)
Grande questão:
Vivemos em um mundo que nos ensina a mentir?
Detalhes preciosos:
1. Os créditos de abertura;
2. O jogo de sedução à beira da piscina.
3. A maneira como o roteiro vai se desdobrando em camadas narrativas que ora se sobrepõem e ora se misturam;
Frase:
"- Por minha culpa.
- Por tua culpa.
- Por minha tão grande culpa!
- Por tua tão grande culpa!"
Música:
Moon River - Pedro José Sánchez Martínez
Cena que adoro:
Gael Garcia Bernal travestido de Sara Montiel cantando "Quizás, Quizás, Quizás". Clique aqui para ver.
Como se tornar Filho de Deus?
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Olhares
"Nós só vemos aquilo que somos. Ingênuos, pensamos que os olhos são puros, dignos de confiança, que eles realmente vêem as coisas tais como elas são. Puro engano. Os olhos são pintores: eles pintam o mundo de fora com as cores que moram dentro deles."
Rubem Alves
"Pensar é mais interessante que saber, mas é menos interessante que olhar."
Goethe
"O essencial é saber ver
Uma aprendizagem de desaprender
Saber ver sem estar a pensar
Saber ver quando se vê
Ver com o pasmo essencial que tem uma criança, ao nascer
Sentir-se amado a cada momento
Para a eterna novidade do mundo..."
Alberto Caeiro
"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura..."
Fernando Pessoa
"Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra"
Adélia Prado
"Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram"
Cummings
"Se vc me olhar de cima, posso ser o Demônio.
Se vc me olhar de baixo, posso ser Deus.
Se vc me olhar nos olhos, eu sou você!"
Jheny Warner
Imagem capturada em http://craftzine.com/03/lamp/
Rubem Alves
"Pensar é mais interessante que saber, mas é menos interessante que olhar."
Goethe
"O essencial é saber ver
Uma aprendizagem de desaprender
Saber ver sem estar a pensar
Saber ver quando se vê
Ver com o pasmo essencial que tem uma criança, ao nascer
Sentir-se amado a cada momento
Para a eterna novidade do mundo..."
Alberto Caeiro
"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura..."
Fernando Pessoa
"Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra"
Adélia Prado
"Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram"
Cummings
"Se vc me olhar de cima, posso ser o Demônio.
Se vc me olhar de baixo, posso ser Deus.
Se vc me olhar nos olhos, eu sou você!"
Jheny Warner
Imagem capturada em http://craftzine.com/03/lamp/
Retrato 3x4
Já faz muito tempo, mas lembro-me de acordar no meio da tarde de sábado com meu pai dizendo que eu e minha irmã iríamos tirar foto. Em casa nunca fomos de registrar momentos nossos e a situação financeira pouco favorável não nos permitia o luxo de ter uma máquina fotográfica. Por isso aquela tarde teve um sabor todo especial.
Minha irmã, quatro anos mais nova que eu, não entendeu muito bem a proposta, mas eu bem queria um retrato só meu pra mostrar orgulhoso o “projeto de cabelo grande” que meu pai insistentemente tentava convencer minha mãe pra deixar crescer.
Hoje me surpreendo em perceber como as lembranças daquela tarde afloram com tanta força à medida que vou construindo esse texto. A impressão é de que se eu fechar os olhos vou poder sentir as mãos macias de minha mãe arrumando pacientemente a gola da minha camiseta de festa ou o calor gostoso da mão de meu pai nos conduzindo pela calçada até o retratista.
Minha irmã, com seu vestido rosa cheio de babados e bordados, não gostou muito, fez cara de choro e tudo mais. Eu, apesar da cara séria (isso vem de longa data) estava curtindo. A curtição não era só pelo retrato em si, mas por toda a situação. Depois das fotos, já voltando pra casa, passamos no armazém do seu Graciano e ganhamos um sorvete de Maria-mole (daqueles com brinquedinho de plástico no topo). Em casa, minha mãe nos esperava com a janta pronta.
Lembro-me dela reclamar do cabelo da minha irmã em desalinho e em seguida, ao ver meu pai contar da ameaça do choro, se compadecer, pegando a caçula no colo. As fotos 3x4 só ficaram prontas na semana seguinte, mas já não me lembro de detalhes ocorridos após aquela tarde de sábado.
Ao olhá-las novamente, agora, em 2008, pensei em uma alegoria que vale a pena registrar: hoje somos três: minha mãe, minha irmã e eu. A ausência de meu pai re-significa sua presença no jeito como cada um de nós entende a vida.
Somos três, mas valemos por quatro!
Minha irmã, quatro anos mais nova que eu, não entendeu muito bem a proposta, mas eu bem queria um retrato só meu pra mostrar orgulhoso o “projeto de cabelo grande” que meu pai insistentemente tentava convencer minha mãe pra deixar crescer.
Hoje me surpreendo em perceber como as lembranças daquela tarde afloram com tanta força à medida que vou construindo esse texto. A impressão é de que se eu fechar os olhos vou poder sentir as mãos macias de minha mãe arrumando pacientemente a gola da minha camiseta de festa ou o calor gostoso da mão de meu pai nos conduzindo pela calçada até o retratista.
Minha irmã, com seu vestido rosa cheio de babados e bordados, não gostou muito, fez cara de choro e tudo mais. Eu, apesar da cara séria (isso vem de longa data) estava curtindo. A curtição não era só pelo retrato em si, mas por toda a situação. Depois das fotos, já voltando pra casa, passamos no armazém do seu Graciano e ganhamos um sorvete de Maria-mole (daqueles com brinquedinho de plástico no topo). Em casa, minha mãe nos esperava com a janta pronta.
Lembro-me dela reclamar do cabelo da minha irmã em desalinho e em seguida, ao ver meu pai contar da ameaça do choro, se compadecer, pegando a caçula no colo. As fotos 3x4 só ficaram prontas na semana seguinte, mas já não me lembro de detalhes ocorridos após aquela tarde de sábado.
Ao olhá-las novamente, agora, em 2008, pensei em uma alegoria que vale a pena registrar: hoje somos três: minha mãe, minha irmã e eu. A ausência de meu pai re-significa sua presença no jeito como cada um de nós entende a vida.
Somos três, mas valemos por quatro!
Sublimes instantes
Tem dias que é bom acordar e perceber que toda a sua rotina parece tão divertida, tão linda, tão nova que você acha que nunca viveu aquelas coisas que você vive todo dia.
Aí você coloca aquele CD que comprou em 1.999 e pagou uma fortuna por ele na época. E ouvindo aquele CD você pensa: "É a música perfeita pra mim". Você se identifica com a letra e enquanto a música soa suave em seus ouvidos você começa a pensar como em toda a sua vida você foi feliz. E nem pára pra pensar nos problemas que passa ou que passou. Aliás, você acha que nunca passou por momentos ruins ou difíceis. Tudo é perfeito!
E o sublime se resume naqueles instantes, no dia ensolarado, no sol que ilumina seu rosto. E você reza baixinho para que este momento nunca passe. E vai ser assim, até a sua música acabar.
Imagem: Wolney Fernandes
Aí você coloca aquele CD que comprou em 1.999 e pagou uma fortuna por ele na época. E ouvindo aquele CD você pensa: "É a música perfeita pra mim". Você se identifica com a letra e enquanto a música soa suave em seus ouvidos você começa a pensar como em toda a sua vida você foi feliz. E nem pára pra pensar nos problemas que passa ou que passou. Aliás, você acha que nunca passou por momentos ruins ou difíceis. Tudo é perfeito!
E o sublime se resume naqueles instantes, no dia ensolarado, no sol que ilumina seu rosto. E você reza baixinho para que este momento nunca passe. E vai ser assim, até a sua música acabar.
Imagem: Wolney Fernandes
Abstrações fotográficas
Minhas abstrações fotográficas e seus títulos (mais banais que conceituais).
1. Reflexos
2. Tríptica penumbra
3. Escadas do infinito
4. Ondas orvalhadas
5. Olhares
6. Mancha no azul
7. Meus poros, teu suor
8. Despedaços
9. Tempo diagonal
10. Janelas
11. Brancas granulações
12. Isolamento
13. Verdes imprecisões
14. Meias metades
15. Camadas
16. Luz embrionária
Fotos: Wolney Fernandes
1. Reflexos
2. Tríptica penumbra
3. Escadas do infinito
4. Ondas orvalhadas
5. Olhares
6. Mancha no azul
7. Meus poros, teu suor
8. Despedaços
9. Tempo diagonal
10. Janelas
11. Brancas granulações
12. Isolamento
13. Verdes imprecisões
14. Meias metades
15. Camadas
16. Luz embrionária
Fotos: Wolney Fernandes
Descobertas
Não muito longe estavam os pensamentos daquele garoto indefeso, ingênuo, que tentava se proteger do mundo sendo o filho exemplar, o garoto estudioso, o amigo presente e o rapaz religioso.
Mas os pensamentos vinham, e na maioria das vezes era possível fugir deles. O lugar mais seguro, o esconderijo, talvez fosse o mais óbvio, onde eles não o procurariam e talvez o deixariam em paz por alguns momentos. O garoto se escondia dentro de si mesmo, tão próximos dos pensamentos que nem desconfiavam onde ele estava, mesmo procurando por ele incansavelmente.
E como os pensamentos eram sedutores, como eram belos e ao mesmo tempo perigosos, uma vez neles, o garoto não sabia onde poderia parar, o que poderia enfrentar, talvez o mais certo fosse sonhar. Sonhar para que o medo ficasse infinitamente menor e mais fraco do que o sentimento que um dia o libertaria.
Imagem: Wolney Fernandes
Mas os pensamentos vinham, e na maioria das vezes era possível fugir deles. O lugar mais seguro, o esconderijo, talvez fosse o mais óbvio, onde eles não o procurariam e talvez o deixariam em paz por alguns momentos. O garoto se escondia dentro de si mesmo, tão próximos dos pensamentos que nem desconfiavam onde ele estava, mesmo procurando por ele incansavelmente.
E como os pensamentos eram sedutores, como eram belos e ao mesmo tempo perigosos, uma vez neles, o garoto não sabia onde poderia parar, o que poderia enfrentar, talvez o mais certo fosse sonhar. Sonhar para que o medo ficasse infinitamente menor e mais fraco do que o sentimento que um dia o libertaria.
Imagem: Wolney Fernandes
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
O último tricô
Impagável!
(Homenagem à minha amiga Jaciara, que queria tricotar no meio da torcida de vôlei de praia)
(Homenagem à minha amiga Jaciara, que queria tricotar no meio da torcida de vôlei de praia)
Eterno Aprendiz
Enxergo o tempo como um “senhor” todo poderoso que nos pega pelo avesso e vai amarrotando aos pouquinhos enquanto passa. Devo confessar que é bem difícil, às vezes, sentir as marcas surgindo diante dos meus olhos incrédulos só pra confrontar minha necessidade natural de ver pra crer. No princípio não havia um fio sequer de cabelo branco. Hoje já são mais de 17!
Meus temores diante do tempo me deixam saudosista de um tempo que não volta mais, mas é onde minha cabeça insiste em permanecer. Temo não saber acompanhar esses dois ritmos e chegar aos 60 anos com cabeça de menino de 20. De fato, eu queria era envelhecer com a saliva e o paladar presentes na boca. Envelhecer como o bem que se almejou, enxergando-se à frente do nariz com uma clareza nunca vista antes.
Por hora, tudo é utopia, mas tenho fé que essa paciência divina, que sustenta meu espírito e faz de mim esse menino feliz, me dê a doce sensação de ser, para sempre, um eterno aprendiz.
Quem me ajuda a sonhar assim é o Silvio, amigo de distância, poeta ditoso e arquiteto que constrói poemas tão bonitos que depois de lê-los a gente começa a enxergar a vida de um jeito todo gostoso. Foi assim quando li “Tudo bem” o poema que reproduzo abaixo. Pra quem quiser se deliciar com outros textos poéticos, o moço tem um blog apetitoso chamado “Fogo de gelatina em pó”.
Tudo Bem
Poema de Sílvio Vinhal
Minha tez no espelho
Não tão clara,
Não tão macia,
Não tão lisa.
Aquele menino continua lá,
Encapsulado,
Olhando através dos meus olhos
E segurando as grades
Da minha vida adulta.
Tudo está bem,
Embora as cores se encantem
Com os matizes gris e prata.
E tudo vá ficando (um pouquinho apenas)
Mais pálido.
Imagem: Wolney Fernandes
Meus temores diante do tempo me deixam saudosista de um tempo que não volta mais, mas é onde minha cabeça insiste em permanecer. Temo não saber acompanhar esses dois ritmos e chegar aos 60 anos com cabeça de menino de 20. De fato, eu queria era envelhecer com a saliva e o paladar presentes na boca. Envelhecer como o bem que se almejou, enxergando-se à frente do nariz com uma clareza nunca vista antes.
Por hora, tudo é utopia, mas tenho fé que essa paciência divina, que sustenta meu espírito e faz de mim esse menino feliz, me dê a doce sensação de ser, para sempre, um eterno aprendiz.
Quem me ajuda a sonhar assim é o Silvio, amigo de distância, poeta ditoso e arquiteto que constrói poemas tão bonitos que depois de lê-los a gente começa a enxergar a vida de um jeito todo gostoso. Foi assim quando li “Tudo bem” o poema que reproduzo abaixo. Pra quem quiser se deliciar com outros textos poéticos, o moço tem um blog apetitoso chamado “Fogo de gelatina em pó”.
Tudo Bem
Poema de Sílvio Vinhal
Minha tez no espelho
Não tão clara,
Não tão macia,
Não tão lisa.
Aquele menino continua lá,
Encapsulado,
Olhando através dos meus olhos
E segurando as grades
Da minha vida adulta.
Tudo está bem,
Embora as cores se encantem
Com os matizes gris e prata.
E tudo vá ficando (um pouquinho apenas)
Mais pálido.
Imagem: Wolney Fernandes
Filmografia
Trechos de filmes que falam por mim.
1. Sobre o prazer de ir ao cinema:
“A gente tem que sentar a uma distância certa da tela. Antes do filme, se fala baixinho. Eu adoro essa parte. A luz vai se apagando devagarzinho e o mundo lá fora também vai se apagando devagarzinho. Os olhos da gente vão se abrindo. Daqui a pouco a gente não vai nem mais lembrar que está aqui. A gente vai conhecer um monte de problemas que a gente não pode resolver. Só eles podem. A graça está em ver como e quando. Shhhh! Está começando!”
(Lisbela e o Prisioneiro)
2. Sobre a infância:
“Os meninos nunca deveriam dormir. Acordam um dia mais velhos. E quando vemos, eles cresceram.”
(Em busca da Terra do Nunca)
3. Sobre o desejo:
"Perdoe meus lábios, pois eles encontram prazer nos lugares mais inesperados"
(Um Bom Ano)
4. Sobre a morte:
“Percebi que tudo é ambíguo. Até a morte. Mas eu vivo com medo. Verdade. Tenho medo dos segundos de consciência antes de você ter certeza de que vai morrer.”
(Antes do Amanhecer)
5. Sobre a vida:
“Why so serious?”
(Batman - O Cavaleiro das Trevas)
Imagem: Wolney Fernandes
1. Sobre o prazer de ir ao cinema:
“A gente tem que sentar a uma distância certa da tela. Antes do filme, se fala baixinho. Eu adoro essa parte. A luz vai se apagando devagarzinho e o mundo lá fora também vai se apagando devagarzinho. Os olhos da gente vão se abrindo. Daqui a pouco a gente não vai nem mais lembrar que está aqui. A gente vai conhecer um monte de problemas que a gente não pode resolver. Só eles podem. A graça está em ver como e quando. Shhhh! Está começando!”
(Lisbela e o Prisioneiro)
2. Sobre a infância:
“Os meninos nunca deveriam dormir. Acordam um dia mais velhos. E quando vemos, eles cresceram.”
(Em busca da Terra do Nunca)
3. Sobre o desejo:
"Perdoe meus lábios, pois eles encontram prazer nos lugares mais inesperados"
(Um Bom Ano)
4. Sobre a morte:
“Percebi que tudo é ambíguo. Até a morte. Mas eu vivo com medo. Verdade. Tenho medo dos segundos de consciência antes de você ter certeza de que vai morrer.”
(Antes do Amanhecer)
5. Sobre a vida:
“Why so serious?”
(Batman - O Cavaleiro das Trevas)
Imagem: Wolney Fernandes
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Gostos paradoxais
Sim, admito sem pestanejar: Gosto de romance, eu gosto da vontade e de apreciar a presença. Gosto de ter a segurança ao fazer planos para alcançar as estrelas e sentir borboletas no estômago ao fazê-lo. Gosto de me sentir importante, com uma necessidade quase impertinente de ouvir e de ser ouvido.
Eu gosto do interesse carinhoso demonstrado em risos cúmplices e olhares devassos. Gosto da redundância do novo sempre renovado, pois a conveniência acomoda e é traiçoeira. Para mim, paradoxalmente, se não há paixão, não há possibilidade de serenidade.
Imagem capturada em http://euromo.wordpress.com/
Eu gosto do interesse carinhoso demonstrado em risos cúmplices e olhares devassos. Gosto da redundância do novo sempre renovado, pois a conveniência acomoda e é traiçoeira. Para mim, paradoxalmente, se não há paixão, não há possibilidade de serenidade.
Imagem capturada em http://euromo.wordpress.com/
Doces Melodias
01. Cider House Rules theme - Rachel Portman
02. Mother - Yann Tiersen
03. Tennessee - Hans Zimmer
04. Raquel - Alberto Iglesias
05. The Wings - Gustavo Santaolalla
Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/index.php
02. Mother - Yann Tiersen
03. Tennessee - Hans Zimmer
04. Raquel - Alberto Iglesias
05. The Wings - Gustavo Santaolalla
Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/index.php
De olhos castanhos
Vivo redescobrindo a cor dos meus olhos. Sim! Depois destes anos todos, me dou conta que já não são mais pretos e sim castanhos. Será que à medida que envelhecemos, a cor dos olhos vai clareando? Só pode ser assim porque fui olhar na minha certidão de nascimento e estava lá registrado com todas as letras: olhos pretos. De outra forma, eu já teria notado isso há mais tempo.
Esta descoberta, no entanto, me fez pensar nas nuances escondidas por trás desta cor e o que ela, aos poucos, vai re-velando a meu respeito. A cor castanha perpassa a opacidade do preto para se manter translúcida na luz. De outra forma, castanho é também fruto da mistura dos tons terrosos (marrons) com os tons solares (amarelos). É, então, ao mesmo tempo, cor que queima e cor que afaga. Castanho é cor de outono, de tempo seco feito mês de agosto que guarda no seio a seiva da primavera que está preste a explodir em setembro. A dualidade presente nesta cor me faz um cara sereno e ardente. E nessa ardência serena eu me refugio querendo de vez em quando me entregar.
Quero que a proporção do amarelo vá aumentando à medida que o tempo passe. E assim, de castanhos-escuros, com azedume ainda evidente, meus olhos se transformem em castanhos-mel, de doçura ardente e aparente.
Foto: Wolney Fernandes
Esta descoberta, no entanto, me fez pensar nas nuances escondidas por trás desta cor e o que ela, aos poucos, vai re-velando a meu respeito. A cor castanha perpassa a opacidade do preto para se manter translúcida na luz. De outra forma, castanho é também fruto da mistura dos tons terrosos (marrons) com os tons solares (amarelos). É, então, ao mesmo tempo, cor que queima e cor que afaga. Castanho é cor de outono, de tempo seco feito mês de agosto que guarda no seio a seiva da primavera que está preste a explodir em setembro. A dualidade presente nesta cor me faz um cara sereno e ardente. E nessa ardência serena eu me refugio querendo de vez em quando me entregar.
Quero que a proporção do amarelo vá aumentando à medida que o tempo passe. E assim, de castanhos-escuros, com azedume ainda evidente, meus olhos se transformem em castanhos-mel, de doçura ardente e aparente.
Foto: Wolney Fernandes
Certeza matinal
Subitamente, antes mesmo que pensamentos desconexos se desenhassem, percebi que a manhã chegara rápida demais. Virei para o lado na esperança de que a brisa fresca que adentrava pela janela pudesse acariciar meu rosto. Olhei o pedaço de céu azulado que teimava escorregar quarto afora e aspirei profundamente o cheiro daquele despertar. O que havia de especial nele? Quem estaria disposto a responder qual o sentido daquilo tudo?
De uma forma ou de outra, me dei conta que estava procurando por algo que fizesse todas as minhas dúvidas passarem devagar, como as primeiras nuvens que se dissipavam num céu laranja. Repentinamente senti-me intensamente vivo, com uma urgência doida de ficar olhando toda a cidade acordando quieta e imersa em seus universos pessoais, tão grandes quanto o meu próprio.
De uma forma ou de outra, me dei conta que estava procurando por algo que fizesse todas as minhas dúvidas passarem devagar, como as primeiras nuvens que se dissipavam num céu laranja. Repentinamente senti-me intensamente vivo, com uma urgência doida de ficar olhando toda a cidade acordando quieta e imersa em seus universos pessoais, tão grandes quanto o meu próprio.
Como quem não se sente mais sozinho em um mar de interrogações, fiquei em paz com tudo aquilo, sereno e confortável por estar vendo o milagre da manhã, sentindo-me parte de uma grande conspiração que incluía até os seres mais inconstantes e duais como eu. Diante da luz projetada na parede todas as incertezas deixaram de ser cabíveis, e todas as respostas pareciam desnecessárias, ao menos naquele instante. Assim como o amor e o ódio podem ou não mover minha vida sem que eu os veja, apenas sentindo, eu contemplei minutos tão raros quanto intensos, sem provas, sem rastros... me importando apenas em saborear a certeza daquela oitava manhã de setembro: desta vez tudo será diferente!
Foto: Wolney Fernandes
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Todas as cores do amor
O Filme:
Todas as cores do amor (Goldfish Memory, Irlanda, 2003)
Grande questão:Quando o que está em jogo é o desejo, há aprendizado possível ou estamos todos condenados à repetição?
Detalhes preciosos:1. As sexualidades flutuantes das personagens;
2. As músicas de Tom Jobim cantadas com um sotaque prá lá de engraçado;
3. A beleza do poema criado por Tom (Sean Campion) para sua amada.
Frase:"Mas como se testa a memória de um peixe?"
Música:Cold Water - Damien Rice
Cena que adoro:Não há uma em especial, mas gosto muito da rede de relações que o filme vai tecendo ao longo da história. Clique aqui para ver.
Todas as cores do amor (Goldfish Memory, Irlanda, 2003)
Grande questão:Quando o que está em jogo é o desejo, há aprendizado possível ou estamos todos condenados à repetição?
Detalhes preciosos:1. As sexualidades flutuantes das personagens;
2. As músicas de Tom Jobim cantadas com um sotaque prá lá de engraçado;
3. A beleza do poema criado por Tom (Sean Campion) para sua amada.
Frase:"Mas como se testa a memória de um peixe?"
Música:Cold Water - Damien Rice
Cena que adoro:Não há uma em especial, mas gosto muito da rede de relações que o filme vai tecendo ao longo da história. Clique aqui para ver.
Chuva Princesa
domingo, 7 de setembro de 2008
Postal da Sofia
Hoje recebi um postal da Sofia com a foto do Arquimedes - seu gato de estimação. O recado era bem resumidinho:
Geninho!
"O único modo de evitar os erros é adquirindo experiência; mas a única maneira de adquirir experiência é cometendo erros"
Saudades suas, minhas e do Arquimedes.
Beijos desfocados!
Sofia.
Imagem: Wolney Fernandes
Geninho!
"O único modo de evitar os erros é adquirindo experiência; mas a única maneira de adquirir experiência é cometendo erros"
Saudades suas, minhas e do Arquimedes.
Beijos desfocados!
Sofia.
Imagem: Wolney Fernandes
Beijo
"Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido."
Jean Rostand
- Ah... o beijo!
(suspiro)
- No beijo o imenso mar se estende à minha frente, o céu brilha com estrelas brancas aos montes, trechos lotados de pontos luminosos. Nele um vento forte, sempre lança rajadas e lufadas de brisa fresca, balanço suave de folhas das árvores sussurrando milagres que acontecem.
(pausa)
- Nele há maravilhas inéditas, infantil em meu súbito poder. Fico com olhos que se abrem depois de segundos e se arregalam de amor e deslumbramento com o rosto tão próximo do meu, tão intenso em seu amor sincero.
Imagem: Detalhe de "O Beijo" de Gustav Klimt
Jean Rostand
- Ah... o beijo!
(suspiro)
- No beijo o imenso mar se estende à minha frente, o céu brilha com estrelas brancas aos montes, trechos lotados de pontos luminosos. Nele um vento forte, sempre lança rajadas e lufadas de brisa fresca, balanço suave de folhas das árvores sussurrando milagres que acontecem.
(pausa)
- Nele há maravilhas inéditas, infantil em meu súbito poder. Fico com olhos que se abrem depois de segundos e se arregalam de amor e deslumbramento com o rosto tão próximo do meu, tão intenso em seu amor sincero.
Imagem: Detalhe de "O Beijo" de Gustav Klimt
Selma
Tá cansado/a de pensar na questão: "O que é felicidade?"
A história da ovelha "Selma", novo livro de Jutta Bauer, mostra tudo o que você precisa saber para ser feliz!
E não se preocupe! Não se trata de um livro de auto-ajuda (Graças a Deus!).
Imagem capturada em http://giralunamariola.blogspot.com/2008_02_01_archive.html
A história da ovelha "Selma", novo livro de Jutta Bauer, mostra tudo o que você precisa saber para ser feliz!
E não se preocupe! Não se trata de um livro de auto-ajuda (Graças a Deus!).
Imagem capturada em http://giralunamariola.blogspot.com/2008_02_01_archive.html
Guiado pelos sonhos
Não importa quantos sonhos eu já tenha realizado ou mesmo quantas metas eu já alcancei, eu sempre vou querer mais. Terra firme não é pra mim nesse clima (precoce?) de deslocamentos. E a liberdade que outrora me enchia de mim agora parece prisão. Adotar a racionalidade funcionou por um tempo que nunca pensei ser datado. Por mais necessário que possa ter sido um processo, libertador é desaprendê-lo. Inicia-se um tempo de permissões oposto ao anterior. A guerra fria foi excluída por um calor que começa dos pés e permanece no peito.
E escrevo isso agora com a total desejo de me refugiar nesse calor que queima meus poros. Não tenho tempo, nem paciência para usar de independência ou de noções que a psicologia possa ter me dado até o momento. Quero sobressaltar meus sonhos velados para que adquiram vida própria e se tornem incontroláveis assassinos da minha realidade.
Foi por sonhar que me mantive aquecido. Mantive-me preocupado, mas nunca perdido. Minha preocupação por um lugar seguro de chão firme transformou-se sutilmente em uma procura pelo refúgio da primeira linha. Mudei de endereço, mas não posso informar.
De repente real e desejo pedem por liberdade. O primeiro não quer mais ser medíocre enquanto o segundo está farto de negações. Peço que os sonhos me guiem enfim...
Foto: Wolney Fernandes
E escrevo isso agora com a total desejo de me refugiar nesse calor que queima meus poros. Não tenho tempo, nem paciência para usar de independência ou de noções que a psicologia possa ter me dado até o momento. Quero sobressaltar meus sonhos velados para que adquiram vida própria e se tornem incontroláveis assassinos da minha realidade.
Foi por sonhar que me mantive aquecido. Mantive-me preocupado, mas nunca perdido. Minha preocupação por um lugar seguro de chão firme transformou-se sutilmente em uma procura pelo refúgio da primeira linha. Mudei de endereço, mas não posso informar.
De repente real e desejo pedem por liberdade. O primeiro não quer mais ser medíocre enquanto o segundo está farto de negações. Peço que os sonhos me guiem enfim...
Foto: Wolney Fernandes
Prefácios
Sou daqueles leitores ávidos e esquizofrênicos, do tipo que não consegue ir ao banheiro sem levar palavras junto. É terrível, e admito que sou um dependente. Já cheguei a ponto de pegar catálogos de máquinas agrícolas - e até uma lista telefônica! - para me acompanhar. Lastimável.
Mas isso me dá alguma vantagem (eu sei, não muita) na hora de definir o que eu acho bom e o que eu não acho. Por exemplo, adoro prefácios. O prazer em ler um bom livro só pode ser bem aproveitado se o prefácio for instigante e esclarecedor. É como degustar de vinhos: primeiro se observa, sente-se o aroma e só depois se coloca a bebida na boca. Nenhum destes passos é supérfluo.
Minha lista de hoje traz alguns livros com prefácios que valem tanto quanto o texto principal:
Livro:
Conversas com Almodóvar
Prefácio de Frederic Strauss
Trecho:
"Nada mais belo que o amor paternal da mulher que já foi homem; nada mais belo que o elogio da feminilidade autêntica feito por um homem que se tornou mulher."
Livro:
Memória e Sociedade - Lembrança de velhos de Ecléa Bosi
Prefácio de João Alexandre Barbosa
Trecho:
"Narrar é também sofrer quando aquele que registra a narrativa não opera a ruptura entre sujeito e objeto."
Livro:
Confidencial de Walderes Brito
Prefácio de Agostinha Vieira de Mello
Trecho:
"Transbordar um despudor com que deveríamos falar da vida, do corpo, etc e tal. Despudor que deveria cobrir a gente, dos pés à cabeça de dignidade... e de simplicidade."
Mas isso me dá alguma vantagem (eu sei, não muita) na hora de definir o que eu acho bom e o que eu não acho. Por exemplo, adoro prefácios. O prazer em ler um bom livro só pode ser bem aproveitado se o prefácio for instigante e esclarecedor. É como degustar de vinhos: primeiro se observa, sente-se o aroma e só depois se coloca a bebida na boca. Nenhum destes passos é supérfluo.
Minha lista de hoje traz alguns livros com prefácios que valem tanto quanto o texto principal:
Livro:
Conversas com Almodóvar
Prefácio de Frederic Strauss
Trecho:
"Nada mais belo que o amor paternal da mulher que já foi homem; nada mais belo que o elogio da feminilidade autêntica feito por um homem que se tornou mulher."
Livro:
Memória e Sociedade - Lembrança de velhos de Ecléa Bosi
Prefácio de João Alexandre Barbosa
Trecho:
"Narrar é também sofrer quando aquele que registra a narrativa não opera a ruptura entre sujeito e objeto."
Livro:
Confidencial de Walderes Brito
Prefácio de Agostinha Vieira de Mello
Trecho:
"Transbordar um despudor com que deveríamos falar da vida, do corpo, etc e tal. Despudor que deveria cobrir a gente, dos pés à cabeça de dignidade... e de simplicidade."
Partes de uma dissertação III
Partes de uma dissertação I
sábado, 6 de setembro de 2008
"Só no lasteque"
Cúmplices de riso frouxo e nostalgias afloradas, na última terça-feira, enquanto aguardávamos o show do grupo Umbando, comemos Skiny com a embalagem original de 35 anos atrás, tomamos suco de laranja com gominhos e selecionamos um hot-íche para acompanhar a conversa. Show mesmo foi rever as roupas de infância que a Rosi trouxe em sua mala gigante, se encantar com as cores e texturas dos orixás e rir do diabo que saltou de dentro da mala "só no lasteque".
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Ardência
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